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O abismo da educação não tem fim

Todos os países evoluídos chegaram a essa condição cuidando com carinho da educação básica, pois é o alicerce do desenvolvimento. Mas no Brasil a educação básica vive numa gangorra interminável entre altos e baixos, e quando algum governo tenta mudar essa situação é atacado por todos os lados por gente que nunca na vida sofreu por não ter, pois sabem que a educação pode transformar e mudar o País, mas o medo de termos uma escola pública de qualidade para todos, abre as portas do preconceito, mostrando uma elite escravocrata, que quer manter a qualquer custo a sua “superioridade” – e com isso a escola pública e sem qualidade fica exclusivamente para os pobres.

Quando achamos que o desrespeito e o aviltamento com as crianças pobres chegaram ao fundo do abismo – descobrimos que ele é bem mais profundo. Ribeirão Preto deu uma demonstração inequívoca de como trata os alunos mais pobres de sua rede municipal. Colocaram num departamento da Secretaria de Educação alguém com a finalidade exclusiva de enxugar os custos da educação, pois para os nossos governantes a educação não é investimento, e sim custo. E com essa filosofia o dito cujo baseado em uma Resolução estadual começou a cortar o transporte dos alunos que estão matriculados em escolas situadas a mais de dois quilômetros de suas residências – passou a régua, e deixou os alunos a pé, com o argumento tacanho que estava cumprindo a lei.

Quando vejo alguém tão zeloso com as coisas públicas – fico emocionado com tanta presteza. Por que esse fenômeno de competência demorou tanto tempo para assumir este cargo na Secretaria de Educação? As leis que regem a educação brasileira são as melhores do mundo, mas nunca são cumpridas – ficam apenas no papel. O principal ator da educação é o aluno, porem é sempre o último a receber os benefícios que a lei manda, mas o primeiro a receber as maldades de gente sem qualificação.

Acontece que a lei municipal que trata do passe livre para estudantes das redes públicas estabelece um quilometro e meio de distância da residência até a escola para ter direito ao beneficio – o alguém se superou!

Eu nutri uma esperança (do verbo esperançar, e não esperar) com a indicação da nova Secretaria da Educação, Professora Luciana Rodrigues, pois acreditava na sua capacidade, e que daria novos rumos para a educação – acontece que os cupins que sempre trabalharam na penumbra construindo seus labirintos de maldades não saíram de circulação.

As nossas leis são hierárquicas de cima para baixo, e não de baixo para cima, portanto a Constituição, a LDBEN, o AEE, os Parâmetros Curriculares, os tratados internacionais sobre a educação, o Plano Nacional de Educação, mas estranhamente não são cumpridas na sua integralidade, e não aparece ninguém com tanta lealdade e espirito patriótico para coloca-las em funcionamento com tanta presteza.

A falta de vagas em creches, as condições precárias que funcionam muitas escolas – inclusive uma de lata da educação infantil, a falta de professores e funcionários de apoio, o Plano Municipal de Educação que está mofando em alguma gaveta desde 2015, mas são detalhes, o importante é cumprir uma Resolução e humilhar ainda mais as nossas crianças – que futuro esperar.
O abismo não tem fim!

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