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Nunca deixe de sentir a dor do outro

O bullying sempre existiu. Antigamente a criançada esco­lhia algumas vítimas que eram apelidadas e perseguidas, mas sem que esse comportamento fosse interpretado como ruim. Havia uma “licença” para tal, afinal, eram apenas crianças! Só que dificilmente alguém parava para olhar para eles, nem mesmo as pessoas mais próximas, como seus próprios pais. Ai do “boiolinha” ou da “gorda baleia” se reclamasse, aí é que seria ainda mais atacado.

Bullying é uma palavra originada na língua inglesa. “Bully” significa valentão, e o sufixo “ing” representa uma ação contínua. A palavra bullying, portanto, representa um quadro de agressões contínuas, repetitivas, com característi­cas de perseguição do agressor contra a vítima. Elas podem ser de ordem verbal, física e psicológica, comumente acon­tecendo as três ao mesmo tempo. As vítimas são intimida­das, expostas e ridicularizadas. São chamadas por apelidos vexatórios e sofrem variados quadros de agressão com base em suas características físicas, seus hábitos, sua sexualidade e sua maneira de ser.

Hoje deparei-me com a notícia de um garotinho australia­no de 9 anos, Quaden Bayles, que por ser portador de nanis­mo (baixa estatura) sofre constantes ataques na escola. No mais recente deles, quando um grupo de meninas passavam a mão em sua cabeça insinuando que ele era um animal de es­timação, Quaden não aguentou. Ao encontrar com sua mãe, teve uma crise de choro e pedia ajuda para se matar, pois não aguentava mais passar por situações como aquela.

Não é difícil encontrar o vídeo no Google, basta digitar o nome do garoto. Eu te desafio a assistir, pois é preciso estômago. A dor que senti foi visceral. Quantas pessoas mais terão de sofrer dores e consequências indeléveis, inclusive irremediáveis, para que olhemos com compaixão uns aos outros? Ou já esqueceram da estudante de 14 anos que morreu após se jogar de cima de uma caixa d’agua na região de Guaianazes, zona leste de São Paulo, há poucos meses? E esse é apenas um dos casos.

Falta empatia. Penso que ninguém mais sabe o que signi­fica olhar para o outro, se colocar na pele dele. O bullying é um problema social. Mas, ainda há tempo. Se você tem filhos, sobrinhos ou crianças e adolescentes com os quais convive, ensine-os a não praticar o que não deseja para si. A nossa boca só fala aquilo que temos no coração. Portanto, vigie seus atos, suas palavras, afinal, crianças e jovens aprendem prin­cipalmente pelo exemplo. Quem sabe, assim, impediremos o sofrimento e a morte de tantos que são atacados diariamente (tenha certeza que isso está acontecendo agora, enquanto você lê este artigo).

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