O que esperar para o Ensino Superior em 2022? Para tentar ousar responder a essa indagação é imperativo refletirmos sobre os efeitos perversos da pandemia em todos os níveis da educação. Tivemos que nos reinventar, porém tornou-se fundamental compreendermos o cenário nesta construção de novas atitudes e competências na formação superior em busca de novos horizontes no processo de educar pós-pandemia.
Alerta da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) destacou que mais de 1,3 bilhão de alunos no mundo foram impactados com as medidas de fechamento de escolas e universidades em todos os níveis de ensino para frear a transmissão do coronavírus, sendo isso quase 80% da população de estudantes em todo o mundo.
No caso das instituições de ensino superior particulares, buscamos nos adaptar rapidamente para dar seguimento às atividades acadêmicas. Com recursos de tecnologia, qualificação intensa e comprometimento de docentes e equipes gestoras, levamos a sala de aula com os mesmos professores qualificados, nos mesmos horários, para dentro das residências dos alunos, mantendo a qualidade e a transmissão do conhecimento para a formação superior.
Após dois anos de enfrentamento da covid-19 e a quebra de paradigmas que o mundo passou, com criatividade e resiliência, compreendemos que o reinventar de procedimentos e métodos didáticos foi muito profícuo para o meio acadêmico.
Ao refletir sobre isso, vem em mente alguns questionamentos inquietantes: quais foram os efeitos para os alunos da experiência de viverem o processo de ensino-aprendizagem pela tela do computador? O que isso gerou de impactos acadêmicos e socioemocionais? Precisamos focar no cuidado com a saúde mental de alunos e educadores. Quais as possíveis perdas atuais e as medidas que ainda serão adotadas para a recuperação de conteúdos?
O plano emergencial utilizado pelas universidades para passar esse momento pandêmico, com diferenças de região (em alguns locais, a volta à presencialidade deu-se antes de outras localidades) deve se encerrar neste final do ano. E as universidades devem aproveitar as experiências exitosas no processo de ensino aprendizagem com a tecnologia, aliada à presencialidade.
A própria população acadêmica já se mostra saturada de viver o ensino somente pela tela de um computador. O convívio social, a prática exitosa utilizada durante a pandemia aliada a todo esse cenário não é uma equação fácil. Cabe às instituições com seriedade analisar seus diagnósticos, propor soluções e planos de recuperação pedagógico nessa retomada que já se faz gradual e parcialmente em grande parte das instituições, além da união de gestores, educadores e entidades representativas.
Não existe fórmula mágica. Cada região teve sua peculiaridade de enfrentamento para coibir a transmissão do novo coronavírus. As instituições comprometidas com a qualidade mantiveram seu corpo docente, adquiriram tecnologias para enfrentar o momento pandêmico com os diversos recursos tecnológicos, junto com currículo que já existia nas IES na presencialidade e que agora tem a oportunidade de agregar essas práticas, de aglutinar o que houve de mais rico nessa experiência, não para substituir, mas para agregar e potencializar o aprendizado.
Outro ponto que merece atenção é a ressignificação e o incentivo ao estudo, buscando reduzir a evasão e trazer de volta os universitários que enfrentaram barreiras para continuar estudando. É imprescindível também motivar os estudantes na construção de habilidades e do projeto de vida para que sejam protagonistas de sua trajetória profissional e pessoal. E nunca deixando de lado a premissa do professor como agregador nesse processo de aprendizagem, pois nada substitui a presença do docente neste ambiente.