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Novo projeto vai para a Câmara

Depois da crise política ge­rada pela extinção do prêmio­-incentivo, uma reunião de ve­readores com o prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), na noi­te desta sexta-feira, 1º de dezem­bro, no Palácio Rio Branco, ter­minou com uma proposta que pode devolver aos servidores municipais o valor da gratifica­ção considerada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).

A prefeitura de Ribeirão Preto enviará à Câmara de Ve­readores novo projeto de lei para recompor os salários do funcio­nalismo. O presidente do Legis­lativo, Rodrigo Simões (PDT), disse que já na sessão de terça­-feira, 5 de dezembro, a proposta poderá ser votada. Se for apro­vada, Nogueira garante que vai depositar a diferença, por meio de “folha suplementar”, entre os dias 11 e 14.

O acordo pretende encer­rar o impasse entre Executivo e Legislativo gerado durante as negociações para solucionar o impasse criado pela extinção do prêmio-incentivo. O projeto foi anunciado após uma longa reunião entre o prefeito, o secre­tário municipal de Governo e da Casa Civil, Nicanor Lopes, e 22 vereadores, no Salão Nobre do Palácio Rio Branco.

A maioria dos parlamentares saiu satisfeita do encontro. Eles até elogiaram o compromisso assumido pelo prefeito, de que nenhum servidor terá o salário reduzido (de forma substancial) em relação ao valor de outubro pago em novembro – a folha do mês passado será depositada na quarta-feira (6). “O prefeito foi bastante claro ao dizer que não haverá perda salarial”, comentou o Marinho Sampaio (PMDB). “Ele se comprometeu a analisar pontualmente cada caso em que ocorra uma perda substancial”, acrescentou Jean Corauci (PDT).

Apesar de a maioria dos ve­readores ter deixado a reunião satisfeita, algumas vozes disso­nantes destacaram pontos no novo projeto que devem ser cri­ticados pelo Sindicato dos Ser­vidores Municipais de Ribeirão Preto (SSM), que acompanhou o encontro em frente ao palácio. Isaac Antunes (PR), por exem­plo, ressaltou que o projeto “fe­cha a brecha” jurídica por meio da qual funcionários conse­guiam decisão judicial favorável ao cálculo do quinquênio e da sexta-parte sobre o vencimen­to, e não sobre o salário-base.

“Para quem tem decisão judicial transitada em julgado, não muda nada. Mas quem já entrou na Justiça e ainda não obteve decisão final, vai perder a causa”, alerta. Segundo estudo da prefeitura, o projeto ante­rior, que foi aprovado pela Câ­mara na última terça-feira (28) e vetado pelo Executivo logo em seguida, faria com que a fo­lha de pagamento atingisse R$ 53,4 milhões (sem encargos).

Com as emendas supressi­vas aprovadas pela Câmara, o montante subiria para R$ 56,3 milhões ao mês – a própria ad­ministração havia anunciado que o gasto anual aumentaria R$ 84,5 milhões com os encargos, cerca de R$ 6,5 milhões ao mês. Em entrevista após a reunião, o prefeito Duarte Nogueira disse que o projeto vetado traria um impacto anual de 9% sobre as despesas com pessoal, com risco de atingir o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 51,3%.

Já o novo projeto mantém a folha de pagamento em R$ 53,4 milhões. Em relação ao anterior, a principal mudança é a retira­da do artigo que implicava em um reajuste de cerca de 30% aos 23 procuradores do muni­cípio. Questionado pelo Tribuna como seria a análise pontual e a reposição de perdas substanciais, como prometeu aos vereadores, Nogueira disse que tem “plena certeza e total segurança de que nenhum servidor terá perda substancial” no salário.

Ele destacou e classificou de brilhante o trabalho conjunto desenvolvido nos últimos dias pelas secretarias da Administra­çao, Negócios Jurídicos e Casa Civil, junto com a Companhia de Desenvolvimento Econômi­co (Coderp), para refazer todos os cálculos e elaborar o novo projeto. “São 35 diferentes car­reiras na prefeitura”, ressalta. O prefeito disse também que o im­passe já teria sido solucionado se a Câmara tivesse aprovado o projeto anterior sem emendas, evitando o veto do Executivo.

Para o tucano, as emendas aprovadas resultaram de uma combinação de excesso de zelo por parte do Legislativo e pres­são de setores corporativistas do funcionalismo, numa clara alu­são ao Sindicato dos Servidores Municipais. Diretores da enti­dade, questionados às 21 horas desta sexta-feira, disseram que só vão se manifestar após uma detalhada análise no novo texto.
A gratificação era paga des­de 1994 e foi extinta pelo Tri­bunal de Justiça com base em ação direta de inconstituciona­lidade (Adin) impetrada pela Procuradoria-Geral de Justi­ça (PGJ). Para a maioria dos funcionários públicos, era, em média, de R$ 510 e correspon­dia a 25% do salário-base (mas dentro dos limites mínimo de R$ 294 e máximo de R$ 588), mais 3% de produtividade.

Para os professores, era de 25%, mas a categoria tem dez di­ferentes cargas horárias de traba­lho e 27 níveis salariais. No caso dos médicos e dos dentistas, o prêmio-incentivo correspondi8a a mais da metade do salário. Para os formados em medicina, era de 47% do salário-base, mais 25% e mais 3% de produtividade. Já os profissionais de odontologia re­cebiam 28%, mais 25% e mais 3%. A Câmara aprovou auxílio­-refeição de R$ 770 para cobrir o desconto. O sindicato ameaça greve geral e por tempo indeter­minado se houver perdas.

Participaram da reunião os vereadores Rodrigo Simões (PDT), Nelson das Placas (PDT), André Trindade (DEM), Alessandro Maraca (PMDB), João Batista (PP), Paulinho Pe­reira (PPS), Lincoln Fernandes (PDT), Isaac Antunes (PR), Oto­niel Lima (PRB), Gláucia Bere­nice (PSDB), Bertinho Scandiu­zzi (PSDB), Fabiano Guimarães (DEM), Luciano Mega (PDT), Renato Zucoloto (PP), Maurí­cio de Vila Abranches (PTB), Marcos Papa (Rede). Marco Antônio Di Bonifácio, o “Boni” (Rede), Igor Oliveira(PMDB), Marinho Sampaio (PMDB), Adauto Marmita (PR), Arioval­do de Souza, o “Dadinho” (PTB) e Jean Corauci (PDT).

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