Depois de seis anos sob o comando de Ademir Chiari, o Comercial tem um novo presidente. Fausi Henrique, 56 anos, assume o comando do Leão do Norte pelos próximos três anos. A missão dele é manter o clube equilibrado e seguir a trilha de bons resultados da gestão Chiari.
Fausi falou com exclusividade ao Tribuna Ribeirão e revelou quais são seus planos e expectativas como mandatário de um dos times mais tradicionais do futebol paulista.
Sobre o tema mais importante do clube, o futebol, Fausi Henrique afirmou que deve propor uma profunda reformulação no departamento de futebol. Gustavo Marciano, por exemplo, deve seguir no quadro de funcionários, mas como auxiliar.
“A ideia é ter uma reformulação e profissionalização. O Gustavo é prata da casa, é funcionário do clube, mas ele já está um pouco desgastado com a torcida e ele não tem culpa, porque nós entregamos pra ele um time com orçamento muito baixo. Nós não vamos mais expor o Gustavo dessa forma. Ele vai continuar trabalhando como um auxiliar ou diretor de futebol”, afirmou.
Falando do plantel, o novo mandatário disse que pretende contratar novos jogadores, mais “cascudos” e que estejam acostumados a olhar para a parte de cima da tabela. Ele também disse que a maioria do elenco atual não deve ficar.
“Do atual elenco alguns jogadores serão mantidos sim, mas a grande maioria não vai ficar. Eu vou buscar novas peças. Quero montar um time cascudo, competitivo, que desde o começo olhe para cima da tabela. Se vamo subir é outra coisa, mas eu não quero sofrer, nem financeiramente e nem no futebol”, disse.
O técnico Fahel Júnior foi contratado recentemente para comandar o Bafo na reta final da Copa Paulista. Por ser um nome pesado, sua permanência para a Série A2 foi levantada pela imprensa. Fausi disse que ainda não pode falar sobre o tema porque ainda não sentou para conversar com o treinador.
“Sobre o Fahel eu não posso dizer se ele vai ficar ou não para o ano que vem porque eu ainda não conversei com ele. Isso é uma decisão que eu vou tomar depois. Vou verificar com a nova diretoria a viabilidade ou não de fazer uma proposta para o Fahel e ele também pode não aceitar. Eu acredito que sim, mas talvez seja o caso de a gente reformular tudo. Pode ser que ele fique e pode ser que não”, revelou.
“Eu não quero decidir sozinho, até porque eu não sou do futebol, eu sou advogado e sai do meio da torcida. Gosto de futebol, assisto todos os jogos, mas eu tô aprendendo e por isso que eu montei uma diretoria com algumas peças voltadas para o futebol porque eu preciso desse apoio, dessa assessoria”, completou.
Relação com o torcedor
Apaixonada pelo clube e importantíssima nas campanhas de acessos recentes, a torcida do Comercial é fundamental para o andamento do dia a dia no Leão do Norte. Por outro lado, a exigência também é alta. O novo presidente revelou que já está marcando reuniões com os líderes de torcidas para poder estreitar os laços.
“Eu estou marcando reuniões com os presidentes das nossas torcidas, justamente para me aproximar deles e incentiva-los a estar no estádio. Eu quero ver o estádio com cada vez mais torcedores, mas isso eu só vou conseguir com vitórias, com o time bem. Vamos fazer um trabalho de aproximação com os torcedores”, afirmou.
SAF do Comercial
O grande assunto do momento é sobre as SAF´s. Muito especulou-se sobre o Comercial estar buscando parceiros para se tornar empresa. Fausi contou que essa é uma meta de sua gestão, mas que não existe pressa para isso. Primeiro é necessária a equalização da dívida do clube, que hoje gira na casa dos R$ 15 milhões e depois encontrar um investidor sério.
“É um projeto e uma necessidade que a gente consiga logo um investidor. Apareceram algumas coisas, mas não aceitamos porque não sentimos firmeza nas negociações. Quando você coloca as minutas no contrato você sabe se a pessoal está bem intencionada ou não. Tudo que chegou para o Comercial até agora foram situações que vieram até nós e aí é preciso separar o joio do trigo e isso é complicado porque as vezes quem chega é bem articulado e as vezes você até acredita. Tem que namorar primeiro, noivar e depois casar. Minha intenção não é esperar aparecer, mas sim a gente ir atrás. E se a gente for atrás, vamos atrás de quem é sério. O não eu já tenho”, analisou.
“Tudo o que surgiu até agora foi especulação. Nós não tivemos nenhuma conversa da forma como foi divulgado na imprensa”, indagou.
Pressão do cargo
Ademir Chiari deixa o comando do Leão do Norte como um dos maiores presidentes da história. Ele pegou o time na última divisão do estado e entregou brigando por acesso para a elite. Os feitos de Chiari elevam ainda mais a cobrança sobre Fausi. Ele diz saber da pressão e que está preparado.
“Eu sei o tamanho do desafio, mas qualquer pessoa que assumir o Comercial vai ter o mesmo desafio que eu. Por ter o apoio da grande maioria eu me despus a aceitar esse desafio. Ainda sim isso não garante nada. Mesmo que você encontre bons parceiros, bons patrocínios, se você não acertar o time não adianta. O futebol tem suas nuances e esse é o risco”, disse.
“Mas se no decorrer do mandado o torcedor estiver insatisfeito, trocam-se as peças, inclusive o presidente, porque não? O bem maior é o Comercial, Se eu não tiver dando conta, eu pego minha viola e coloco no saco. Não é essa minha intenção. A intenção é entregar o Comercial melhor daqui três anos”, completou.
Busca de recursos
Futebol e dinheiro são sinônimos. Não é possível fazer gestão de um time profissional sem recursos. Esse é um dos principais desafios do Comercial. Fausi revelou que vai montar um time preparado para vendas, mas que ele também deve participar diretamente das negociações.
“Nós vamos usar todas as formas de captação possível, inclusive eu. Eu percebi que é uma possibilidade grande de isso acontecer. Todos os patrocinadores que eu procurei pessoalmente, eu fui bem atendido. Vamos continuar com o Willian na captação também, porque estamos precisando. Mas não somente ele, vamos buscar profissionalizar, contratando empresas que fazem captação também. Já estamos movimentando mais o Instagram, vamos voltar com o site e vamos ter novas formas de comunicação com o torcedor.”, disse.
“Muitas vezes vocês não vão me ver no Comercial, eu vou estar aqui no meu escritório, porque eu tenho que cuidar dos meus clientes, que de onde eu tiro meu sustento, pago meus funcionários. Mas o fato de eu não estar lá, não quer dizer que eu não estou trabalhando. Eu fiz reuniões daqui com alguns empresários. Mas eu vou ter outros olhos lá que serão os meus olhos. Estou ajustando minha agenda para que eu possa ficar o mais tempo dentro do clube”, explicou.
Natural de Ribeirão Preto e torcedor do Leão do Norte desde pequeno, Fausi Henrique se aproximou do Comercial em 2018, durante a campanha na bezinha. Ele ajudou a gestão de Chiari com questões advocatícias e apoio financeiro.
De lá para cá passou a ter atuação nos bastidores até assumir como vice-presidentes. Durante o último mandato de Chiari, Fausi assumiu de forma interina a função de presidente para que Ademir pudesse cuidar de questões de saúde. Ele considera esses períodos como um “teste drive”.
“Eu fui aprendendo, o Ademir fez o transplante de rim e eu assumi na parte final da Série A2 e tivemos uma sequência de vitórias, empates, derrotas e eu queria entregar o time na Série A pro Ademir, sonhar não custa, e os resultados foram nos proporcionando sonhar. Por outro lado isso me deu uma boa percepção do que eu vou encarar daqui pra frente. Eu fiz tipo um teste drive. Deu para identificar muita coisa que precisa ser feita”, finalizou.
Fotos: Alfredo Risk/ Tribuna Ribeirão
Legenda 1: Fausi Henrique é advogado e tem 56 anos
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