O alarme do celular avisa: é hora de levantar! Vamos lá, iniciar mais uma jornada diária. O tempo parece diferente, mas as horas são ainda mais frenéticas que antes… Olho a agenda do celular e me surpreendo com a quantidade de videoconferências do dia, e dos afazeres que a tecnologia ajuda a não esquecer. Mas seguindo confiante, repetindo a mim mesma que tudo será muito profícuo, fico alguns instantes imersa em meus pensamentos enquanto tomo uma xícara de café, preparando-me para os desafios diários.
Nestes 18 meses desde o primeiro caso registrado de Covid-19 em terras brasileiras, o País ultrapassou a marca de 20 milhões de casos confirmados e está prestes a atingir – infelizmente – 600 mil mortes em decorrência da doença. São perdas irreparáveis, cujas famílias enlutadas precisarão de atenção para serem trabalhadas emocionalmente. Cicatrizes doídas que ainda machucam, mas que o tempo há de aliviar.
As marcas da pandemia estão em nossos corações e nossas vidas. Nossa rotina enfrentou inúmeras rupturas. Estamos vivenciando quebras de paradigmas a cada instante, e os reflexos são inimagináveis.
Lembro-me também de toda a reviravolta que tivemos que lidar em virtude das medidas de contenção e prevenção, como isolamento social, quarentena e restrições. Mas como seres com imensa capacidade de nos adaptarmos às mudanças, vamos nos adequando e nos acostumando com novos hábitos desse “novo normal”.
Aliás, a adaptabilidade é uma das habilidades vitais e necessárias neste momento pandêmico, estando em alta dentro do conceito das habilidades socioemocionais. Mais do que nunca, tivemos que aprender a negociar com os desafios do dia-a-dia, a termos novas posturas frente às situações buscando respeitar a si e aos outros para maior assertividade.
Todos tivemos as vidas alteradas. A população brasileira vem sentindo as mudanças impostas pelo momento pandêmico em todas as áreas, em todas as idades e classes sociais. E em minhas reflexões, procuro perceber o que há de bom nisso tudo, o que podemos aprender frente a esses novos desafios, ou seja, mudanças de hábitos e novas formas de encarar a vida. Sempre é possível ver o lado bom das coisas.
E tivemos que lidar com algo que nem sempre é fácil de compreender: o fato de que nem sempre estamos no controle das coisas, e que não temos a resposta certa para tudo. Adaptar-se a isso, com criatividade, empatia, ética e paciência é fundamental.
Em meus momentos de reflexão, procuro respostas do porquê estamos passando por este período tão complexo e desafiador em nossa existência. Onde erramos? O que devemos fazer? Até onde podemos chegar? São perguntas fundamentais para que este novo normal não tenha que ser tão pesado e com as sombras do risco de uma nova onda pandêmica. Tudo depende de nós.
Além de nos reinventarmos em nossas profissões, precisamos nos reconstruir como seres humanos. Precisamos buscar o que é essencial para a humanidade e acreditar que é possível ainda recuperar nosso planeta.
Afinal, toda ação tem uma consequência. É como aquela canção “cada escolha, uma renúncia, isso é a vida…” E neste momento, mais do que nunca, o ser humano precisa renunciar o individualismo e escolher a coletividade.
Com a possibilidade de maior flexibilização, com mais atividades econômicas sendo retomadas e mais pessoas circulando, não podemos deixar o medo nos abater. No entanto, precisamos ter cautela nessa retomada, mantermos ligado o nosso senso de coletividade para nos cuidarmos e termos atitudes que sejam positivas, que permitam o bem-estar de todos.