Pe. Gilberto Kasper *
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Durante o primeiro mês do ano acompanhamos os mais diversos Veículos de Comunicação divulgando amplas reportagens por um Trânsito mais educado, humano e menos violento. Já conhecemos as estatísticas assustadoras de vítimas do trânsito principalmente da cidade de Ribeirão Preto. Insisto, como muitos sociólogos, na afirmação de que o trânsito de uma cidade demonstra o grau de educação do povo da mesma. Meu irmão de sacerdócio, Pe. Giovanni Augusto, costuma dizer, com uma risadinha em seu semblante, que minha afirmação é “moralista”. Que seja. O fato é de que nosso trânsito dá medo. E como está a cada dia mais difícil dirigir com zelo em nossas cidades! Repito: Ribeirão Preto se encontra entre as estatísticas de elevado número de óbitos e fraturados. Todos, frutos de nosso egoísmo, falta de atenção, sensibilidade, raiva, pressa, sem falar nas constantes infrações que vamos cometendo, como avançar sinal vermelho, vias preferenciais sem observar a Placa “PARE”, falando ao celular e acelerando para que ninguém nos ultrapasse.
Ninguém escapa da tragédia em que se transformou o trânsito de nossa Metrópole. Tem-se a impressão de que motoristas, motociclistas e nem por último transeuntes pedestres fazem questão de viver no limite do perigo, colocando, igualmente, a vida dos outros em risco iminente de morte.
As grandes avenidas se tornam cada vez mais perigosas. Muitos motoristas ainda não se acostumaram com a modernização da “Mobilidade Urbana”. São faixas preferenciais, exclusivas e outras, até mesmo de enfeite, porque nem sempre o transporte público e muito menos ainda os motoristas, sem falar nos motociclistas, que vêm do céu ou do purgatório, de todos os lados, enfim, as respeitam. Nunca vimos tantos semáforos nas grandes avenidas, como a Presidente Vargas, a Independência, Meira Júnior, Paschoal Innechi, Francisco Junqueira, Jerônimo Gonçalves, entre outras vias. Há um semáforo para pedestres que abre e outro para automóveis que fecha. Quem está atrás de nós, só enxerga o semáforo dos pedestres e já buzina, apressando o motorista da frente a seguir quando seu sinal ainda nem abriu. Não raras vezes liguei para meu amigo Rodrigo Simões, enquanto foi Vereador ou Secretário, pedindo que sincronizassem os sinais em grandes avenidas, como na Treze de maio, que de vez em quando nos faz parar a cada dois quarteirões. Quanto combustível gasto, desnecessariamente! Graças ao compromisso verdadeiro desse homem que, de verdade, visa o bem comum de nosso amado povo, sempre fomos atendidos imediatamente.
Nos bairros, as vias preferenciais são desrespeitadas com boa sinalização ou não. Mesmo assim a fiscalização por radares continua “atrás das moitas” de grandes avenidas. A arrecadação seria bem superior, se os Guardas multassem abertamente mais naquelas vias tão amplamente divulgadas pelas reportagens exibidas nesse primeiro mês do ano. As multas seriam bem mais volumosas e a pontuação nas carteiras de habilitação talvez sensibilizassem mais nosso povo pela punição, já que transitam, egoisticamente, sem educação.
Alguns afirmam que a sinalização da cidade está precária. Não concordo. Observo carros e motos ignorarem os sinais mais visíveis e evidentes, sem nenhum escrúpulo. Os acidentes já se tornaram tão triviais, que nos acostumamos a eles sem nenhuma indignação. Por isso certos psicanalistas afirmam que as pessoas estilam ódio, raiva e desalentos no trânsito, como “válvulas de escape”, sem importarem-se mais com o valor da vida, como se espera do ser humano.
O desrespeito no trânsito começa com a não observância dos sinais. Passa depois para xingamentos mal-educados e muitas vezes agressivos. Daí para uma batida ou atropelamento basta mais alguns segundos e pronto. A má condução de qualquer veículo se tem tornado armas perigosas, ferindo e matando como nunca antes. Por isso meu apelo a todos os queridos interlocutores: não procuremos culpados fora de nós mesmos; façamos cada um, nossa parte, reassumindo com responsabilidade o valor da própria vida e da vida do próximo. Só assim o trânsito deixará de ser uma tragédia. Causaremos menos despesas na Saúde, no bolso e certamente evitaremos um número bem menor de mortes causado pela simples irresponsabilidade ao volante!
Para sermos mais humanos e menos selvagens no trânsito, basta um pouquinho de sensibilidade e educação. Sejamos Anjos uns dos outros, também no trânsito que é de dar medo, e que poderia ser tão melhor, se todos colaborássemos!
* Teólogo, reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres; pároco da Paróquia Santa Teresa D’Ávila, presidente do Fraterno Auxílio Cristão de Ribeirão Preto e jornalista