A grande imprensa que fixou a imagem negativa de Lula, mediante um volume inacreditável de notícias fornecidas pela fábrica curitibana da ilegalidade processual, descobertas e reveladas como atos inacreditáveis de verdadeira bandidagem togada – essa grande imprensa – deixa a cidadania desprezada da verdade verdadeira, que felizmente está sendo veiculada, na riqueza das descobertas pela imprensa independente, que se assiste no Youtube, no canal 247, GGN etc. O mesmo acontece em relação à exuberância da corrupção do governo anterior, acompanhada das traições dos juramentos do dever e da fé profissionais.
Recentemente, emerge o comunicado militar sobre o dia 8 de janeiro dizendo que não houve vigilância adequada do novo governo. Ora, ora! Essa não. O golpe foi preparado, durante quatro anos, assim escandalosamente, apodrecendo o que poderia apodrecer, na desorganização do Estado brasileiro, animado pelo discurso do ódio. Esse ódio até convocou mais de 40 embaixadores, para desacreditar as instituições do Brasil. É normal um Presidente de um país falar mal do próprio país, para representantes internacionais, convocados para publicamente ouvi-lo? É normal ouvir-se esse besteirol e ficar apoiando todo tipo de desvio? Militares participaram de toda a sorte de bandalheira, como a do tal tenente-coronel indicado pela sua Instituição, mas seguramente não o foi para agir como “trombadinha” ou “trombadão”, falsificando documentos de vacinas, recomendando a entrega das joias recebidas clandestinamente para o seu chefe, e só para ele, e até procurar vender um rolex cravejado de diamantes. Para não dizer do comício e depois da baderna organizada às portas dos quarteis, berço da impensada invasão dos Poderes da República.
Querer separar essa pública preparação do ato, que até teve o achado de um decreto em papel timbrado, prontinho para anular o resultado das urnas e prender o Ministro Alexandre de Moraes, constitui um desmentido tão tolo quanto ineficaz. Seguramente, só não aconteceu o golpe pela forte reação das forças democráticas, nacionais e internacionais, e também porque muitos generais, nos comandos de tropa se recusaram a participar dessa loucura, e a não trair o juramento que fazem ao receber a farda e os símbolos da instituição permanente, como defensores da soberania nacional e da democracia.
Afinal, quais são esses generais? Somente os golpistas aparecem com seus penachos de arrogância impune, que ataca a dignidade alheia, ora em nome dessa viúva alegre chamada corrupção, sempre disponível a qualquer canto da sereia golpista, ora em nome do tal do comunismo cuja carga pesa na Instituição como viseira que impede o global olhar do interesse nacional, desligado de interesses geopolíticos de potências estrangeiras, como impede a visão aprofundada da nossa realidade e das riquezas nacionais postas em benefício de nosso povo. O resultado impede, ainda, a formulação de um sentimento de nação, que animaria um projeto de desenvolvimento nacional equidistante da movimentação guerreira das grandes potências. Todos sabem, ou deveriam saber, que tal projeto não será feito por um partido, ou por um homem, mas por uma consciência que invada a das pessoas e o dever das instituições do país, civis e militares. Não haverá redenção sem todos.
Nessa etapa da vida nacional impressiona o jogo indeciso, duvidoso, carente de determinação clarividente, em manifestações sucessivas que depõem contra a credibilidade da Instituição militar. Haja vista aquela declaração sobre as urnas, que concluiu não apresentar fraudes, mas ainda assim não excluíam a possibilidade de elas existirem. Uma ressalva que circula no mundo da fantasia. Agora, se sabe que o hacker de Araraquara esteve em reunião no Palácio do Planalto e informou ao ex-Presidente não conseguir ingressar na rede das urnas. Mesmo assim foi enviado ao Ministério da Defesa para dar sua contribuição para e naquela fatídica declaração, que só serve para desmerecer a Instituição. A Polícia Federal descobriu essa patranha e muitas outras.
E aquele Almirante que trouxe as joias clandestinas da Arábia Saudita, típicas de propina, e que seguramente não estava autorizado por nenhum regulamento militar a agir como agiu, e muito menos os outros militares, inclusive aquele do Estado Maior, que atiçava para que o golpe acontecesse, com a promessa de que os coronéis atropelariam os generais.
Essa gente está protegida? Um dos atuantes golpistas era militar expulso das Forças Armadas, mas cuja mulher recebe o que ele teria direito, se expulso não tivesse sido. Só que historicamente há questões que permanecem no imaginário, criando desconfiança. Exemplo delas é a recente questão Pazzuelo, protegida pelo manto do sigilo centenário, que ainda está para ser revelada. Ainda está no imaginário o atentado do Rio Centro, que ficou enfurnado no arquivo, mas palpitando com o pedido de nulidade do Relator do Superior Tribunal Militar.
Afinal, são essas as nossas Forças Armadas com ética democrática, da qual flui o dever de transparência? Creio que não são, tanto que na Folha de São Paulo do último domingo publica-se essa pergunta incrível, para um professor universitário responder: “As Forças Armadas ainda são ameaças”. Mas elas ameaçam, paradoxalmente, o Brasil? Não são eventuais interesses externos que nos ameaçam?
Que assim elas não sejam.