A ocorrência do incêndio de devastadoras proporções, que atingiu o riquíssimo patrimônio histórico-cultural do Museu Nacional do Rio de Janeiro na noite de 2 de setembro de 2018, nos obriga a tomar posição e produzir um urgente pronunciamento, denunciando o descaso em que a política pública destinada a preservação de valiosos acervos se mostrou desatualizada e totalmente ineficaz.
A nossa entidade cultural, a ARL – Academia Ribeirãopretana de Letras, não poderia de forma alguma nesse momento deixar de manifestar sua preocupação com o ocorrido, que em última análise escancara uma crônica e intensa negligência no gerenciamento dos riscos inerentes ao material mantido sob guarda. O fato demonstra que a memória e a identidade do país guardada no período de 200 anos foi perdida como resultado do abandono.
Frente a tudo isso, se torna cada vez mais urgente e necessário que as instâncias públicas e a sociedade civil se unam para não só reclamar, como também denunciar tais lamentáveis fatos. Por outro lado, observa-se que, infelizmente não existem sequer planejamentos com a finalidade de se evitar a mesma ocorrência em outros espaços culturais e museus, o que nos assusta e entristece profundamente.
Roberto Damatta, antropólogo e jornalista, declara o que com ele assumimos: “O acervo do porte do Smithsonian (EUA) e do Louvre (França) foi destruído pelo fogo. Os museus são repositórios de tesouros, dinamizados por pesquisadores.”. Tal depoimento atesta e ilustra bem como a ciência, a educação, a cultura e a história são tratados no Brasil.
Esse é teor do nosso protesto. É preciso manter a esperança.