Vinícius, Edgar e Kauê com suas potentes Hondas passaram 15 dias de férias se aventurando por dois países da América do Sul: Bolívia e Paraguai. Eles adoraram um turismo “não convencional” e já planejam outras viagens para um futuro breve.
Ao invés de uma entrevista convencional, preferimos os relatos que eles mesmos fizeram, a partir de postagens em redes sociais. Um diário de bordo:
“Saímos sentido a divisa de estados SP-MS, cruzamos o estado do Mato Grosso de Sul, onde conhecemos a região do Pantanal Matogrossense, um espetáculo da natureza a céu aberto. O calor não estava muito diferente, muito quente, porém por ser uma região plana e alagada tínhamos um vento fresco para nos refrescar!”
Atravessamos todo estado do Mato Grosso do Sul e partimos para Bolívia pela cidade de Corumbá, perdemos uma manhã inteira na Aduana, devido a toda burocracia com as motos. Tudo feito, documentação e motos regularizadas, acessamos a rodovia chamada “Carretera Bi-Oceânica”.
A 200 km da fronteira paramos para desfrutar das Águas Termais Naturais, e por ser 17h00, acampamos por lá e no outro dia seguimos para a cidade mística de Samaipata. Muitos artesanatos e turistas de todos os lados do Mundo, Já estávamos no “pé” da magnífica Cordilheira dos Andes. Começamos a subi-la, durantes os dias íamos cruzá -la de uma lado para o outro, diferente das nossas Serras, as da Bolívia tínhamos que ter muita atenção, quase nenhuma pista tinha segurança e todas tinham um desfiladeiro acompanhando, demoramos três dias para cruzá-la. Minha moto por ter carburador começou a falhar um pouco…
Chegamos à cidade de La Paz, a capital mais alta do mundo, com 3.600 metros de altitude! Demoramos um pouco para acostumarmos com a falta de oxigênio, mas já estávamos nos sentindo Bolivianos! Realmente o que dizem do transito é verdade, uma loucura de carros, motos, pessoas a pé e de bicicleta, tudo funciona na base da buzina, em cada rua uma “25 de março”.
Conhecemos o transporte público de La Paz, os teleféricos, diversas linhas espalhados pela cidade, como uma grande teia de aranha que levaria as pessoas para as partes altas da cidade já que está situada em um “buraco”.
Em El Alto a 4 mil metros de altitude, passamos por uma fenda onde havia um carro esmagado. Perguntamos para o povo local e nos contaram que certo dia, uma família que estava nesse carro perdeu o controle do veículo vindo a cair nessa fenda, mas tanto as pessoas quanto o carro não foi possível fazer o resgate de tão “prensado” que ficou, permanecendo tudo ali desde o dia do acidente até hoje…
O dia mais incrível para todos foi o Acampamento no “Cerro Chacaltaya”, a estação de esqui desativada mais alta do mundo, à 5.400 metros de altitudes, montamos as barraca dentro de uma pirâmide de vidro (com alguns quebrados) que existe no pico, com a intenção de fugirmos do vento intenso e continuo, mas com o cair da noite e temperaturas abaixo de 0°C começamos a sentirmos tontura, náuseas, dor de cabeça e, principalmente falta de ar. Foi a madrugada mais longa, fria e inesquecível de nossas vidas!
No outro dia, esperamos o sol nascer para podermos nos esquentar e descer a montanha para diminuir a sensação de congelamento, partimos para conhecer o Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo a 3.600 metros de altitude!
Levaríamos dois dias para chegar. Como o combustível para estrangeiros é vendido pelo dobro do preço, procurávamos pessoas que vendiam o litro mais barato, em casas ou comércio. Resolvemos conhecer o espelho d’agua mais ao leste, uma área alagada que fazia uma bela refração, nos dariam belas fotos, mais estava muito alagado e nós começamos a ficar ensopados de água salgada. Foi muito emocionante pensar que acampamos em um lugar que para onde olhávamos não víamos ninguém, somente o silêncio e uma majestosa cadeia de montanhas ao nosso redor.
Acordamos com um nascer do Sol fantástico, arrumamos nossas coisas nas motos e partimos sentido o Paraguai iríamos cruzar de volta toda a Cordilheira dos Andes, porém não sabíamos que seria uma aventura maior ainda. Muitos trechos dessa única rodovia estavam em obras para fazer asfalto. Passamos por trechos de alta dificuldade, muita poeira, terra com pedras, caminhões e ônibus vindo em sentido contrário ao nosso, tombos? Tivemos Vários! Nenhum de gravidade, só para sentir a maciez da terra.
Em meio a serra conhecemos a cidade Tarija, uma grande produtora de vinhos da região. Uma cidade diferente das outras Bolivianas, um trânsito mais tranquilo, casas de alto padrão, cidade bem organizada e desenvolvida.
Dormimos na fronteira ao longe, ficamos animados, já estava ficando escuro, e tivemos uma certa dificuldade com o câmbio de dinheiro. Não aceitaram o câmbio com Real. Queriam apenas a moeda Boliviana (Bs). O chip da Bolívia já não funcionava mais, estávamos sem internet.
Logo às 4h00 da manhã saímos em direção à Fronteira com o Brasil pela cidade de Ponta Porã-MS, paramos no primeiro posto de combustível, ali já foram 140.000 guaranis dos 350.000 que tínhamos e não tínhamos rodado nem 30 km no Paraguai. Por sorte o Kauê tinha habilitado o cartão de crédito dele no modo internacional. Foi a nossa saída para terminar a viagem em cima das motos e não com elas dentro de algum caminhão por falta de combustível!
Nossa aventura estava chegando ao fim infelizmente. Tivemos alguns problemas com as motos, mas nada que não se resolvesse.
Nossa viagem foi uma aventura alucinante, incrível e inesquecível, com histórias e pessoas para carregarmos para o resto de nossas vidas. Experiências que adquirirmos para passar adiante e mostrar que não precisar ter uma super moto, ser milionário ou cheio de tempo, para poder desfrutar de novas culturas, paisagem e conhecer pessoas de todo lado do mundo!”
(Vinícius Broisler Costa Pádua – Policial Militar; Edgar Bendahan Rodrigues – Psicólogo e Kauê Pedro Guardiano Carneiro – Designer Gráfico).