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Noruega

Motivado pelo livro “Um Bárbaro no Jardim”, comentado nesta coluna semana passada, resolvi contar alguns momentos especiais de minhas viagens pela Noruega. Obviamente, não tenho o talento e a bagagem do poeta polonês, mas, não custa tentar.

A Escandinávia, região que abriga Suécia, Noruega e Dinamar­ca, já era habitada por povos germânicos há mais de 10.000 a.C..

A chegada dos romanos no século V a.C. trouxe o contato com a cultura dos europeus do sul e resultou na criação da escrita rúni­ca, que permitiu trazer até nosso tempo a rica mitologia nórdica.

Em 872, a região, que era administrada por pequenos reinos, foi submetida ao poder de um reinado central, que se separou em Dinamarca, Suécia e Noruega, países que ora se uniram, ora foram anexados, e finalmente se separaram.

Nos anos 900 surgiram os vikings, normandos especia­lizados em navegação, que assustaram o mundo com seus ferozes saques. Mestres em navios, conquistaram os oceanos, tendo, inclusive, chegado à América. A força do cristianismo abrandou a selvageria dos vikings, que se transformaram em fazendeiros.

A Noruega tornou-se parte da Suécia em 1897, procla­mando sua independência em 1905.
Ao contrário da Dinamarca e Suécia, planos e com pou­quíssimas elevações, a Noruega tem um interior cheio de montanhas e belíssimos fjores. A água morna da Corrente do Golfo venceu, durante batalhas seculares, as montanhas à beira mar, criando canais enormes, que se estendem por quilômetros terra adentro e que raramente congelam.

Por eles se fazem passeios incríveis, principalmente no início da primavera europeia, quando os gelos se derretendo formam cascatas enormes que caem dos picos nevados. Um enorme vazio, quebrado raramente por uma casinha verme­lha, nos acompanha durante toda a viagem.
Oslo, sua capital, abriga uma das mais fantásticas experi­ências para o viajante: o Parque Vigeland, que abriga as obras do escultor norueguês que lhe deu o nome.

Gustav Vigeland nasceu de família humilde de fazendeiros e desde cedo manifestava sua arte na carpintaria do pai, mas de­sejava mesmo era ser escultor. Sem possibilidade de cursar artes, o jovem Vigeland deu asas a sua imaginação, produzindo várias obras, que despertaram a atenção de mecenas que bancaram sua existência, patrocinando inclusive viagens para a Itália, onde sofreu influência dos escultores medievais e renascentistas.

Em 1921, a Prefeitura de Oslo firmou convênio generoso com o escultor, permitindo que ele usasse uma instalação no Parque Frogner para seu estúdio. Em troca, planejaria e desenvolveria a área de 300.000 m² (o dobro do Ibirapuera, em São Paulo). Até 1943, ano de sua morte, Vigeland não só elaborou e realizou a planta atual do parque, como fez 192 esculturas que espalhou simetricamente pela área, numa coleção única no mundo.

O eterno encontro e desencontro entre homem e mulher, figuras medievais como o lagarto e várias esculturas de crianças dominam o conjunto da obra. Retratam, com beleza, o homem desde seu nascimento, desenvolvimento e morte, mostrando de forma muito expressiva as alegrias e as dores destas idades. Notável é o trato do relacionamento do homem com seus filhos, incomum, pois a arte dá preferência ao relacionamento materno.

Resumindo tudo, todos os caminhos e alamedas se direcio­nam ao monolito, obelisco de granito onde se encontra o círculo da vida: numa espiral, homens e mulheres velhos dão suporte a homens e mulheres jovens, que por sua vez amparam crianças.

O Parque Vigeland foi uma das obras-primas que tive a oportunidade de vivenciar.

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