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Nogueira x Nogueira

Há poucos meses, o Governo Municipal fazia propagan­da de um cenário de recuperação dos cofres públicos. No horizonte apontado em entrevistas e anúncios publicitários, o próprio chefe do Executivo mostrava sinais sólidos de melho­ra e tendência positiva para fechar as contas sempre em dia e dentro dos limites previstos em lei.

O cenário segundo o Governo era favorável e Ribei­rão Preto poderia comemorar o que a propaganda oficial chamava de “feito inacreditável”. De acordo com as peças publicitárias estávamos diante de uma “vitória de todos os cidadãos”. E a “vitória de todos os cidadãos” deixava caminho livre para a execução de despesas e programas não obrigatórios…
Eu não quero acreditar que o Governo sabia – desde o começo do ano! – que faltariam recursos para honrar seus compromissos básicos e deixou de fazer os cortes necessá­rios das despesas não obrigatórias quando deveria. Não seria correto pensar que a propaganda do governo nos vendeu uma fantasia em maio e só agora resolveu revelar a realidade.

O duro é que eu também não quero acreditar que o gover­no – em maio de 2018! – não tinha o menor conhecimento que faltariam aos cofres públicos os recursos suficientes para honrar compromissos básicos. Não seria correto pensar que o Governo norteou-se pela sua própria propaganda e deixou de fazer os cortes necessários das despesas e programas não obrigatórios no momento em que poderia fazer.

O que levaria o Governo a passar os meses de maio, junho, julho, agosto, setembro e inicio de outubro a negar a crise que ele supostamente já avistava despontando no horizonte?
O que levaria o Governo a comunicar mundos e fundos para toda a sociedade em maio sabendo perfeitamente que a propaganda já não seria mais real depois de outubro?

O Governo divulgou que Ribeirão Preto estava bem (quan­do na verdade estava quebrando) ou divulga hoje que Ribeirão Preto está quebrado (quando, na verdade), está bem?

Em qual discurso do mesmo Governo a sociedade deve acreditar?
O que se vê hoje é um Governo refém das frases prontas de suas próprias propagandas. Em matéria fiscal e orçamen­tária, é para lá de precária e contraditória a qualidade das informações prestadas à sociedade.

Nenhum Governo deveria buscar o estrelato quando paga as contas em dia e nem se vitimizar diante dos dese­quilíbrios que ele mesmo cria. Em matéria fiscal e orçamen­tária todo Governo deveria dispensar os pronunciamentos solenes e as ações espetaculosas e agir de modo transparen­te, coerente e discreto.

Queremos debater claramente a real situação das finanças municipais e a responsabilidade do Governo. Não serão os servidores municipais que pagarão essa conta do Governo que não fecha e, ao mesmo tempo, se contradiz.

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