Fabiano Ribeiro
Na primeira sessão da atual legislatura (2021-2024) na Câmara de Vereadores, quando ocorreu a votação do projeto que extingue o cargo de cozinheiro da reede municipal de ensino e autoriza a terceirização do serviço, na quarta-feira, 13 de janeiro, a presença do líder de governo não foi necessária, apesar das discussões acaloradas e dos protestos em plenário.
A proposta passou e o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) emplacou 14 votos favoráveis contra sete contrários. Apenas o presidente do Legislativo, Alessandro Maraca (MDB), não precisou votar – só se manifesta por votação em caso de empate. O placar reflete o apoio que o chefe do Executivo terá em seu segundo mandato na Casa de Leis.
O Tribuna perguntou ao prefeito Duarte Nogueira, via Coordenadoria de Comunicação Social (CCS), se ele já iniciou negociação com os vereadores e quais são os parlamentares com esse perfil de líder. Por meio de nota, a CCS diz que “a prefeitura informa que o chefe do Executivo, Duarte Nogueira, indicará o líder do governo após o recesso parlamentar, em fevereiro”.
Dos 14 votos favoráveis na quarta-feira, pode-se dizer que apenas o de Marcos Papa (CID) não faz parte da base de aliados do prefeito, levando em consideração o cenário estabelecido nas eleições de novembro, com alianças, apoios e coligações no pleito. Papa, no entanto, também não pode ser considerado oposição.
O quadro atual é muito diferente do encontrado no primeiro mandato de Duarte Nogueira, quando a oposição era maioria no Legislativo. Dos 27 parlamentares da legislatura anterior, o tucano tinha votos certos de apenas nove. Apesar da maioria que o prefeito terá agora, a figura do líder é considerada importante e essencial nos bastidores da Câmara.
Nos mesmos bastidores um nome é cotado a assumir o posto: o do vereador Isaac Antunes (PL). Na sessão de quarta-feira, mesmo não sendo o líder oficial, o liberal defendeu o governo e a aprovação do projeto em pauta. “Foi uma atitude natural, por instinto”, explica o parlamentar ao Tribuna.
“Durante as conversas que mantivemos antes da coligação nas eleições passadas, tivemos muitos pontos estruturais, de pensamentos e ideológicos que nos aproximaram. E eu sou de vestir a camisa”, acrescenta. Isaac Antunes afirma que não recebeu convite por parte de Nogueira para ser o líder na Câmara.
Ao comentar o fato de seu nome ser apontado como favorito ao cargo, ele diz que “tem o respeito e carinho da maioria dos vereadores”. “Mas não tenho o perfil para ser o líder do governo. Não me vejo nesse momento na função”, finaliza. O ex-vereador e ex-líder de Nogueira, André Trindade (DEM), agora secretário municipal de Esportes, pensa diferente e diz que Antunes é conciliador e de diálogo, características fundamentais para a liderança.
Trindade também vê um cenário mais favorável ao Executivo no parlamento local. Ele assumiu a liderança no terceiro ano do mandato do prefeito Duarte Nogueira, em 2019. “Não foi fácil. Éramos em nove na base e o dobro na oposição”. O democrata cita dois temas que teve dificuldades em conseguir os votos dos colegas para aprovação de projetos.
“Um foi a questão da reforma do IPM (Instituto de Previdência dos Municipiários), e o outro os financiamentos da prefeitura para a execução de obras”, aponta. Ambos foram aprovados. Sobre ter um líder ou não, Trindade avalia ser de suma importância. “Não é só encaminhar e fazer as costuras para a aprovação de projetos. É também manter um diálogo, ser uma ponte entre Legislativo e Executivo, abrir portas para que os vereadores possam falar diretamente com o prefeito”, finaliza.