Por Hugo Luque
O Botafogo tenta, mais uma vez, desencantar e conquistar sua primeira vitória na Série B do Campeonato Brasileiro nesta segunda-feira, às 20h, no Estádio do Café, em Londrina (PR), pela oitava rodada da competição. O adversário, no entanto, é complicado: o Santos, um dos melhores times da segunda divisão.
O Peixe briga pela ponta da tabela, enquanto o Pantera vive momento oposto e, com quatro pontos, tenta deixar a lanterna do nacional. Para isso, será necessário superar a péssima fase vivida, tanto em termos de resultados gerais quanto no ataque.
Derrotado por 1 a 0 pelo Novorizontino, em casa, na última rodada, o Tricolor vem de um maio aterrorizante para sua torcida. Foram sete jogos no mês, entre Série B e Copa do Brasil, com quatro derrotas, três empates – todos por 0 a 0 –, nove gols sofridos e somente um marcado, no primeiro jogo do período, contra o Palmeiras.
Foi diante do Verdão, apesar da força do oponente, que os comandados de Paulo Gomes fizeram suas melhores atuações: uma derrota por 2 a 1, no apagar das luzes, fora de casa, e um empate sem gols no Santa Cruz, em que o time de Ribeirão Preto pressionou, mas não foi efetivo.
Agora, junho chegou e, sem marcar gols há um mês, o pressionado técnico português tem de fazer a chave virar imediatamente.
“Sei o que minha equipe produz, o que nos falta, o que falta para sermos mais produtivos no ataque. Falta efetividade. O goleiro deles [Novorizontino] fez uma boa exibição mais uma vez e tivemos bola tirada na linha do gol mais uma vez. Não sei o que falta mais. Não sei o que mais é necessário para fazer gol. Como não consegue fazer gol, atrás pode dar algumas possibilidades para o adversário fazer, e esse tem sido nosso problema neste momento”, disse Gomes.
Entre as opções para melhorar a equipe, ainda que na retaguarda, o treinador optou por sacar o goleiro Michael e colocar de volta na posição o experiente João Carlos, dois jogos atrás. Agora, o novo arqueiro titular quer esquecer o que passou e focar somente no que vem pela frente.
Frente a frente, a melhor campanha, em aproveitamento, contra a pior; o ataque mais artilheiro diante do menos efetivo; a força do Alvinegro Praiano, mesmo com mando em outro estado, e a fragilidade de um plantel que, durante a semana, foi cobrado por torcedores da Fiel Força Tricolor, principal organizada do Botafogo.
“Eu acredito que o equilíbrio emocional vai fazer a diferença. Em uma situação de pressão, a gente tem de tomar cuidado com a ansiedade e a pressão, como vamos reagir. Vejo nosso time comprometido, trabalhador, guerreiro e acredito que, se a gente fizer um jogo equilibrado e sério, temos condições de buscar pontos”, analisou João Carlos.
A situação na tabela, apesar de revoltar a arquibancada, não motivou a diretoria a fazer mudanças no comando técnico. Paulo Gomes permanece no cargo para a partida desta segunda e garante: nem mesmo a pior das fases desanimaria os atletas quando se trata de um adversário tão tradicional pela frente.
“Esse é o jogo mais fácil de motivar, não é preciso motivar. Primeiro que está na situação em que está. Depois, joga contra a melhor equipe da divisão. Não é preciso motivar. (…) Depois de um brilhante jogo contra o Palmeiras, tinha de motivá-los para jogarem assim contra o Novorizontino. Em termos de exibição, não podemos apontar nada, porque estiveram bem o jogo todo. O Novorizontino teve uma oportunidade no primeiro tempo ou um pouco mais. Acho que o Botafogo esteve mais próximo da vitória do que o Novorizontino. Depois, há o fator sorte, que também conta, e o fator ser efetivo no jogo. Acho que isso, perto do nível de jogo do Santos, não vejo problema. A equipe já demonstrou, contra equipes mais fortes, que está bem preparada”, acrescentou Paulo Gomes.
Se a sorte não está do lado tricolor recentemente, o histórico também não é nem um pouco favorável. Este será o centésimo duelo entre Botafogo e Santos desde 1957, quando se encontraram pela primeira vez.
Foram 61 vitórias da equipe do litoral, 22 empates e 16 triunfos do clube interiorano. Neste ano, o primeiro embate – e único, até agora – foi na abertura do Campeonato Paulista, com vitória do Peixe por 1 a 0, em Ribeirão.
Outra questão que escancara a falta de sorte do Pantera, além da intensidade do calendário tricolor nas últimas semanas, e o departamento médico cada vez mais cheio. Entre nomes que eram escolhas constantes no 11 inicial, Paulo Gomes perdeu os zagueiros Matheus Costa e Bernardo Schappo da mesma forma que o atacante Robinho, todos com lesões musculares de graus 1 e 2.
Sem jogadores suspensos, um possível time titular para o Bota voltar a vencer após dois meses e meio e quebrar o pior início de Série B de sua história tem: João Carlos; Wallison, Lucas Dias, Ericson e Patrick Brey (Jean Victor); João Costa, Gustavo Bochecha (Matheus Barbosa) e Douglas Baggio; Emerson Negueba, Toró e Alex Sandro (Leandro Pereira).
Santos
O Peixe, por outro lado, briga pela liderança na classificação e busca apagar o que aconteceu na última rodada, quando perdeu para o América-MG, fora de casa, por 2 a 1. Na partida, o goleiro João Paulo se lesionou no polêmico lance do gol que abriu o placar, quando o arqueiro tentou sair jogando, mas rompeu o tendão de Aquiles da perna esquerda, ficou no chão e, enquanto pedia auxílio médico, sofreu o tento, marcado por Renato Marques.
João Paulo deve perder o resto do ano por conta da lesão e, agora, Fábio Carille dará espaço ao reserva imediato, Gabriel Brazão, que terá a missão de manter o Alvinegro com uma das melhores defesas do Brasileiro.
Até aqui, são apenas cinco gols sofridos em sete jogos, além de 15 feitos e 15 pontos somados – cinco vitórias e duas derrotas. Embora não esteja mais invicto e conte com os desfalques de Julio Furch, Pedrinho, Guilherme e, agora, João Paulo, o Santos é o favorito ao título e ao acesso neste ano, o que é provado por seu elenco.
Com João Schmidt como dúvida, um provável time titular tem: Brazão; JP Chermont, Gil, Joaquim e Escobar; Tomás Rincón (João Schmidt), Diego Pituca e Giuliano; Weslley Patati, Otero e Willian Bigode.