Luiz Paulo Tupynambá *
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“Fly me to the moon / Let me play among the stars / Let me see what spring is like On Jupiter and Mars / In other words, hold my hand/In other words, darling, kiss me”
“Me faça voar até a lua / Deixe-me brincar entre as estrelas / Deixe-me ver como é a primavera / Em Júpiter e Marte / Em outras palavras, segure minha mão / Em outras palavras, querida, me beije…”
(Canção escrita pelo músico Bart Howard em 1954 e gravada em 1964 por Frank Sinatra)
Se você já está pensando em correr atrás de uma vaga no primeiro cruzeiro da Carnival Cruise Lines para a Lua ou mesmo, já que a situação financeira está apertada, assim num estilo argentino, apenas passar um final de semana tomando caipirinhas e curtindo o sol numa praia do Mar da Tranquilidade, pode guardar o passaporte na gaveta e esquecer de verificar a cotação do dólar a cada cinco minutos. Trocar juras e carícias de amor na superfície lunar ainda vai demorar um pouco. A fase é de prospecção, estudos e experimentos.
Mas se não tem aquela correria e tumulto, uma característica dos locais turísticos mais visitados em época de temporada, o caminho para a Lua começa a congestionar com a verdadeira corrida travada entre nações e empresas para chegar primeiro e literalmente “beber da água mais fresca e limpa”. Nas últimas semanas, por exemplo, duas missões buscaram aterrissar na superfície lunar.
A missão “Peregrine” é uma associação entre a NASA e as empresas Astrobotic Technology – responsável pelo desenvolvimento do módulo lunar Peregrine – e a United Launch Alliance (ULA) – responsável pelo lançamento do Peregrine no superfoguete Vulcan Centaur. Foi a primeira missão da NASA à Lua desde o final de 1972.Foi lançada em 8 de janeiro de 2024 do Cabo Canaveral, na Flórida.
O módulo lunar deveria pousar na Lua em 23 de fevereiro de 2024, carregando cinco experimentos científicos da NASA. No entanto, a missão foi abortada em 9 de janeiro devido a um vazamento de combustível no sistema de propulsão do Peregrine. O módulo lunar foi abandonado, está atualmente em órbita da Terra e deve ser incinerado na reentrada na atmosfera terrestre ainda em 2024.
Como curiosidade, além da importância científica da missão, a Peregrine levava restos mortais de pessoas cujas famílias pagaram à empresa Celestis, que é uma espécie de funerária espacial, para que suas cinzas fossem espalhadas na Lua. A Celestis reservou espaço em meio às cargas úteis na missão Peregrine e planejava enviar as cinzas de 12 pessoas, incluindo um astronauta, um piloto de caça e um ator. Também foi divulgado que amostras de DNA de alguns ex-presidentes estadunidenses foram embarcadas na Peregrine, mas os nomes não foram divulgados.
Este lançamento fazia parte do Programa Artemis da NASA, que tenta promover a volta de astronautas do país à Lua e estabelecer lá uma base de apoio para futuras missões a outros planetas. O problema com o módulo de pouso da Peregrine foi um revés que vai atrasar o programa e adia, por tempo indeterminado, a ida da primeira mulher e do primeiro homem negro a pisar na Lua.
Já a missão japonesa é mais modesta, mas não menos importante para o futuro das viagens espaciais. A missão Moon Sniper, também conhecida como SLIM (Small Lunar Impactor Module), foi lançada em 7 de setembro de 2023. O objetivo da missão é atingir a superfície da Lua com o módulo de impacto, com precisão de 100 metros. Hoje em dia o local de pouso é meio aleatório, dentro de um raio de mais de uma dezena de quilômetros. É um módulo pequeno, com um metro de diâmetro e equipado com um sistema de propulsão de íons que usa gás argônio para gerar impulso. Também conhecido como jato de plasma, seu desenvolvimento vai ajudar as futuras naves espaciais que usarem esse tipo de propulsão. No exato momento em que escrevo esse artigo, em 18 de janeiro, o Japão acompanha a contagem regressiva para o “touch-down” da Moon Sniper na superfície lunar. Assim, o Japão se tornaria a quinta nação a tocar a Lua.
Faço aqui uma correção: semana passada eu disse que o Japão e a União Europeia já tinham colocado uma nave exploratória na Lua, mas é uma informação errada. Humildemente peço perdão pelo erro. Pela ordem, os países que já colocaram naves exploratórias na Lua são: União Soviética (Rússia) em 14 de setembro de 1959 com a nave Luna 2.Estados Unidos em 20 de julho de 1969, quando os primeiros humanos pisaram no satélite.China em 14 de dezembro de 2013 com a sonda espacial Chang’e 3.Índia em 23 de setembro de 2022 com a sonda espacial Chandrayaan-3.
Correção feita, quero perguntar se você tem uma jarra ou garrafa de vidro onde costuma colocar água para beber. Provavelmente sim. A pergunta serve para encaminhar o assunto da semana que vem: água na Lua. Garrafas cheias de água você conhece, mas, bolinhas de gude cheias de água, você já viu? Pois é, na Lua tem uma quantidade grande dessas bolinhas. Semana que vem explico.
* Jornalista e fotógrafo de rua