Apesar de já termos uma noção de como a população em geral está lidando com o novo coronavírus (covid-19) e suas maneiras de precaução, como higienização e reclusão, existe também o lado dos profissionais da Saúde, que convivem diariamente com suscetíveis contatos com o vírus.
Com a pandemia que vivemos atualmente, estes profissionais são a linha de frente no combate à doença. Entre eles está o infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) – instituição designada como referência para o atendimento de casos graves do novo coronavírus, em São Paulo – Fernando Belissimo.
Diante dessa situação, Belissimo ressalta que as equipes médicas estão seguindo alguns cuidados imprescindíveis.
“O mais importante é higiene de mãos, seguido de equipamento de proteção individual. É isso que nós temos investido em orientar aos profissionais. Caso esse procedimento seja seguido, o risco de contaminação é muito pequeno e não justifica o afastamento do trabalho, caso o profissional da Saúde não esteja no grupo de risco”, alertou.
Além do cuidado redobrado, o infectologista diz que sua rotina em relação ao trabalho, pesquisas e ensino tem sofrido algumas mudanças diante do coronavírus.
“Basicamente, eu tenho trabalhado mais, não tenho mais ofertado aulas presenciais, por determinação da universidade. A maior parte das minhas atividades de ensino, e muitas atividades de pesquisa, foram canceladas. Nós estamos concentrando quase todo tempo disponível para enfrentar a pandemia”, relatou.
Apesar do aumento na carga horária e do surto do vírus tido em alguns países pelo mundo, Belissimo ressalta que, nesse momento vive “uma situação relativamente tranquila, pois ainda temos poucos casos, e estamos conseguindo cercar e controlar bem a situação”. Mas, claro, que há o receio da possibilidade de a doença expandir – como ocorreu na Itália, na Espanha e na China –, e isso dependerá de como a população vai se comportar em relação as medidas de higiene.
Preocupação da família
Assim como nós, por trás dos possíveis heróis no combate ao covid-19 existem familiares que se preocupam e ficam atentos aos cuidados necessários. Este é o caso de Gabriela Tofetti Martins, que trabalha como enfermeira em uma unidade de Pronto Atendimento em Ribeirão Preto.
“A preocupação da família é constante, mas eles sabem que as medidas necessárias para atender os pacientes suspeitos são devidamente tomadas por mim. Respeitam a minha escolha e, apesar da preocupação, me apoiam sempre”, comentou.
Gabriela acredita que por este ser um cenário novo para todos, isso gera medo, preocupação e incertezas na população. E este tem sido um dos fatores da sua nova rotina de vida.
“Eu sempre tive certos cuidados por conta da minha profissão, porém, eles se intensificaram e ficaram mais constantes. Meus pais fazem parte do grupo de risco e isso faz com que eu redobre meus cuidados. Faço uso de álcool em gel e os cuidados com a higiene, como lavar as mãos, virou rotina para todos da minha família. Eu chego em casa e já coloco minhas roupas de trabalho para lavar. O tênis que eu uso também estou deixando separado dos outros. Parece bobeira, mas são medidas necessárias”, ressaltou a enfermeira.
Fique em casa por nós
Nos últimos dias, cresceu nas redes sociais uma campanha de imagens de equipes médicas passando mensagens para que as pessoas fiquem em casa, pois estes não podem. Nesta campanha, os profissionais utilizavam placas que formam a frase: nós estamos aqui por você, fique em casa por nós.
Quanto a esta ação, Belissimo e Gabriela a entendem como necessária e válida. “Isso incentiva o profissional a continuar cumprindo a sua missão, a continuar honrando o seu compromisso com a sociedade nesse momento delicado. Eu valorizo e agradeço muito aqueles que tenham feito essas manifestações de apoio”, comentou o infectologista.
“Eu vejo como algo necessário, tanto para nós profissionais, como para a população. Estamos em um momento delicado que necessita de isolamento social e com a orientação para procurar as unidades de saúde quando for urgência/emergência para assim evitarmos aglomerações, pois a contaminação já está no modo comunitário, onde não sabemos mais a fonte do vírus”, finalizou Gabriela.