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Nitazoxanida reduz a carga da covid-19

ISAC NÓBREGA/PR

O estudo clínico do Labora­tório Nacional de Biociências sobre o uso do medicamen­to nitazoxanida em pacientes na fase precoce da covid-19 demonstrou eficácia no trata­mento da doença, reduzindo a carga viral das pessoas infec­tadas em até 95%. O anúncio ocorreu durante cerimônia no Palácio do Planalto, na tarde desta segunda-feira (19), com a participação do presidente Jair Bolsonaro.

A pesquisa foi iniciada pelo Laboratório Nacional de Bioci­ências, em Campinas (SP), insti­tuto vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O titular da pasta, mi­nistro Marcos Pontes, celebrou o resultado positivo.

“O que eu posso dizer é que nós temos agora um medica­mento comprovado cientifica­mente que é capaz de reduzir a carga viral. Com essa redução da carga viral, significa que re­duz o contágio nas pessoas que tomam o medicamento nos pri­meiros dias, reduz a capacidade de contágio e diminui a proba­bilidade dessa pessoa aumentar os sintomas, ir para o hospital e falecer”, diz.

O pontapé da pesquisa foi dado com a análise de duas mil drogas, testadas com inteligên­cia artificial, para verificar se poderiam inibir os efeitos do ví­rus Sars-Cov-2, causador da co­vid-19 no organismo humano. Os estudos no Laboratório Na­cional de Biociências chegaram a cinco drogas.

Elas foram para uma segun­da fase, que era o teste in vitro feito com células humanas in­fectadas. Neste teste, o fármaco nitazoxanida, que é um vermí­fugo muito conhecido no país, apresentou 94% de capacidade de inibir o novo coronavírus.

Testes em humanos – Foi só após estas etapas que os testes em humanos foram iniciados, com mais de 1,5 mil pacientes voluntários, que tinham até três dias de sintomas e foram acom­panhados em sete diferentes unidades hospitalares do país.

Nesta fase, de acordo com a coordenadora do estudo clínico, Patrícia Rocco, foram feitos tes­tes duplo cego, quando nem o paciente e nem o médico sabem qual a medicação está sendo to­mada, e randomizados, quando os pacientes são distribuídos aleatoriamente em dois grupos, um que recebe o medicamento e outro que recebe um placebo. A dose oferecida era de 500 mili­gramas da nitazoxanida, três ve­zes ao dia, ou o placebo durante cinco dias.

“Esses pacientes eram acom­panhados de forma remota até sete dias após a terapia. Cons­tatamos que a nitazoxanida, em comparação com o placebo, acarretou, ao final da terapia, re­dução significativa da carga viral e um maior número de pacien­tes com resultado negativo para o Sars-Cov-2″, disse a médica, que é professora titular e chefe do Laboratório de Investigação Pulmonar do Instituto de Bio­física Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo Patrícia, esse resul­tado é de extrema importância, pois a nitozoxanida é um remé­dio de baixo custo e ampla dis­tribuição, podendo ser usada de forma oral, e que não precisa de internação hospitalar. “Na dose utilizada, não apresentou rea­ções adversas graves. A redução da carga viral implica em menor gravidade, em menor transmis­sibilidade do vírus”, disse Patrí­cia. A pesquisadora ressaltou que o estudo foi enviado para publicação em uma revista cien­tífica internacional e deverá ser revisado por outros cientistas.

O presidente Jair Bolsonaro também comemorou o resulta­do da pesquisa e destacou a efi­cácia da nitazoxanida no trata­mento da covid-19. “Através das observações, através de pessoas que concretamente usaram esse medicamento e foi constatado, na ponta da linha, que a carga viral diminuía. E dessas pessoas que usaram esse medicamento, nenhuma delas sequer foi hospi­talizada”, afirmou.

Vacina obrigatória
Ainda durante a cerimô­nia, o presidente voltou a dizer que a vacina contra a covid-19 não será obrigatória no Brasil. Bolsonaro afirmou que cabe ao Ministério da Saúde definir as normas do Programa Nacio­nal de Imunização. “Tem uma lei de 1975 que diz que cabe ao Ministério da Saúde o Programa Nacional de Imunização, ali in­cluídas possíveis vacinas obriga­tórias”, diz.

“A vacina contra a covid, como cabe ao Ministério da Saúde defi­nir esta questão, ela não será obri­gatória”, emenda. O presidente também afirmou que qualquer vacina contra o vírus terá que ter sua eficácia científica comprova­da e ser autorizada previamente pela Agência Nacional de Vigi­lância Sanitária (Anvisa).

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