Na tarde do dia 14 de janeiro de 2021 ecoou na eternidade o nome de Realina Rosa de Rezende, com 74 anos de idade, a carinhosamente conhecida por todos como Nina. Depois de dez meses de grave enfermidade pulmonar, dependendo o tempo todo de oxigênio, a Nina, um exemplo a ser seguido, respondeu prontamente ao chamado e declinou sua vida terrena reclinando-se no colo de Deus e permitindo ser acariciada por Nossa Senhora.
Há mais de 10 anos a Nina conviveu e se dedicou diuturnamente à Igreja Santo Antoninho, Pão dos Pobres nos Campos Elíseos: foi ministra extraordinária da Sagrada Comunhão, dedicou-se a dezenas de enfermos, levando-lhes o “Viático”, Jesus em Viagem todas as semanas, como agente da Pastoral da Saúde, foi incansável junto à Pastoral dos Idosos, representou nossa pequena Reitoria junto à Forania Santo Antônio.
Participou de inúmeras formações pastorais, demonstrando seu amor, sua obediência e dedicação às iniciativas pastorais da Arquidiocese de Ribeirão Preto, integrou o Conselho Diretor do FAC – Fraterno Auxílio Cristão, sem deixar de dedicar o quanto possível seu tempo e sua sempre discreta presença em suas atividades filantrópicas, foi a tesoureira e curadora do dízimo da Igreja Santo Antoninho que tanto amou e por qual espaço sempre incansavelmente se dedicou. Repetidas vezes dizia: “Padre, se quiser colocar outra pessoa no meu lugar, fique à vontade, mas saiba, que se não precisar mais de meus serviços morrerei”!
A Nina levava alegria, esperança e um sorriso bastante acanhado por onde passava, deixando enquanto pode, uma barrinha de chocolates, um bombom ou alguma lembrancinha, que por pequeno que fosse, reafirmava sua marca registrada: preocupava-se com o bem estar de todos, dedicava-se aos mais pobres sem medidas, socorria os que se encontravam em situações constrangedoras e acendia uma luz em cada encontro, deixando para trás um aroma de serenidade, de paz e o testemunho de seu comprometimento com o Reino de Deus.
Devotíssima passava a maior parte de seu tempo em oração, por vezes preocupando os mais próximos que se perguntavam se ela não estaria rezando demais, talvez estivesse fugindo da realidade ou se aproximando da demência. Essa e outras incompreensões não afastaram a Nina de suas devoções ao Sagrado Coração de Jesus, ao Imaculado Coração de Maria e a tantos Santos que venerava com profunda fé e fé madura, sem jamais aproximar-se de qualquer desequilíbrio.
Ligava para suas amigas, preocupava-se com todos que a vida lhe deu a conhecer, era um tanto sistemática, porém com a preocupação de não querer dar trabalho a ninguém. Não aceitou, mesmo durante os meses de grande fragilidade, pois faleceu com apenas 34 quilos, cuidadora, familiares e parentes que deixassem suas vidas para cuidar dela e nem quis ser internada em hospitais, preferindo ser tratada no aconchego de seu lar: uma residência muito simples, sem luxo e com conforto o mais básico que se possa imaginar.
Enquanto pode, participou diariamente da eucaristia. Quando já não mais pode sair de casa, a Igreja foi até ela, levando-lhe a Sagrada Comunhão pelo menos três vezes por semana. Embarcou para a viagem sem volta muito bem preparada por todos os sacramentos que lhe conferi. Em nosso último encontro ela desabafou: “Padre Gilberto, sinto-me muito cansada, acho que já estou no fim”!
No dia seguinte liguei para ela e pareceu-me melhor, mas para mim, tratava-se já da chamada pelos antigos da “melhora da morte”. O céu a recebeu com festa, porque ela já estava muito familiarizada com tantos Santos e Santos. Exatamente neste dia 27 de janeiro, quando divulgo este artigo, faz 10 anos que também entregamos a quem e de direito, o Criador, minha amada mãe, Alayde Juditha Kasper, que agora tem mais uma seleta companhia: a Nina, um exemplo a ser seguido!