Pela terceira vez, a fábrica da Indústria de Alimentos Nilza, em Ribeirão Preto, irá a leilão. Desta vez, o certame terá início às 15 horas de 19 de março e vai até o mesmo horário de 17 de abril, na internet. Nas duas primeiras tentativas de venda do imóvel de 250 mil metros quadrados não houve lance.
Desta vez, segundo site da empresa Mega Leilões (www.megaleiloes.com.br), a área foi desmembrada. Serão leiloados um terreno de 100 mil metros quadrados e a unidade fabril, de 150 mil m². Os dois imóveis ficam na avenida Professora Diná Rizzi, no Parque Residencial Cândido Portinari, na Zona Leste.
O terreno está avaliado em cerca de R$ 9,66 milhões, com lance mínimo de R$ 4,83 milhões. Já a fábrica vale R$ 40,59 milhões e proposta inicial de R$ 20,29 milhões, aproximadamente. O leiloeiro informa que os valores serão atualizados até a data da alienação conforme tabela de atualização monetária do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP).
Diz, também, que “a descrição dos lotes é uma cópia fiel das informações fornecidas pelos cartórios, comitente ou outro órgão responsável. Os bens serão vendidos no estado em que se encontram.” A última tentativa de vender os imóveis da Nilza ocorreu entre abril e maio do ano passado. Na época, o lance inicial era de R$ 27,5 milhões.
O juiz Héber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto, responsável pelo processo de falência da empresa, recusou, em novembro de 2014, proposta de R$ 34,6 milhões pela planta da indústria de alimentos, sendo que R$ 13 milhões viriam de créditos da massa falida. À época, a unidade foi avaliada em R$ 69,12 milhões.
Com a falência decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) em outubro de 2012, a Nilza fechou um acordo para pagar R$ 12,1 milhões a ex-funcionários. O acordo previa que os ex-empregados recebessem parte do valor total de R$ 14,5 milhões em débitos trabalhistas consolidados. A assembleia foi realizada em 17 de maio, em Ribeirão Preto.
Os ex-funcionários aceitaram receber os valores referentes as dívidas trabalhistas de maneira antecipada, mas com um desconto de 20%, de acordo com informações da administração judicial do laticínio, que fez a proposta. A dívida total é estimada em R$ 650 milhões entre credores, fornecedores e 1,2 mil trabalhadores.
O deságio foi proposto como contrapartida para a antecipação do acerto trabalhista, condicionada à garantia de patrimônio compatível com as dívidas. A proposta tramita na 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto. O pagamento das dívidas trabalhistas, bem como dos demais débitos, deveria ser feito pela venda do patrimônio da empresa, que já negociou parte de seus bens.
A marca Nilza foi vendida por R$ 7 milhões, assim como a unidade de Campo Belo (MG) foi repassada à Novamix Industrial e Comercial de Alimento, da marca Quatá, por R$ 9 milhões. A empresa também obteve R$ 2 milhões na comercialização de um terreno em Alfenas (MG), mais R$ 1,8 milhão na comercialização de equipamentos industriais e outros R$ 450 mil na venda de veículos.
Avaliado na faixa dos R$ 185 milhões, o restante do patrimônio da empresa, que inclui a matriz da empresa em Ribeirão Preto, além de unidades em Itamonte (MG) e Quartel Geral (MG), foi desmembrado em 2015 e levado a pregão eletrônico ao menos duas vezes, mas não obteve propostas.
Dívidas de R$ 650 milhões – As dívidas trabalhistas consolidadas, na faixa dos R$ 15 milhões, são apenas parte dos cerca de R$ 650 milhões em débitos acumulados pela indústria de alimentos. A empresa deve cerca de R$ 30 milhões em créditos extraconcursais, R$ 20 milhões em pedidos de restituição, R$ 300 milhões com credores com garantia real, R$ 150 milhões ao Fisco e mais R$ 150 milhões a credores quirografários, ou seja, sem garantia.
Em janeiro de 2011, o juiz Heber Mendes Batista, da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto, decretou a falência da empresa após constatar uma série de fraudes no processo de recuperação judicial e na negociação de venda da companhia para a empresa Airex, que aparecia em seus registros com sede em Manaus (AM), o que também chegou a ser investigado.
Cinco meses mais tarde, a decisão de falência foi revogada e 40 funcionários foram recontratados para trabalhar na Nilza. Foram feitos testes no laticínio, mas a produção comercial não chegou a acontecer. Em outubro de 2012, o TJ/SP decretou a segunda falência, que dura até hoje.