Tribuna Ribeirão
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Neuropsicometria Cognitiva (6): Atividade Física

A crescente prevalência da inatividade física entre idosos representa um importante problema de saúde pública em face do envelhecimento global da população. Por exemplo, apenas 27,44% dos idosos norte-americanos alcançam as recomendações internacionais de atividade física (≥ 150 minutos por semana de atividade física moderada a rigorosa). A este respeito, exercício regular tem efeitos nos múltiplos sistemas anti-envelhecimento, podendo atenuar os efeitos deletérios da inati­vidade enquanto aumentando a amplitude de vida saudável. Assim considerando, inúmeras revi­sões sistemáticas e meta análises têm incluído considerações a respeito do papel do exercício físico como um fator benéfico para reduzir o risco de várias condições associadas com a idade avançada. Dentre as mais recentes revisões publi­cadas, vamos sumariar as consequências emanadas de um estudo (Cunningham et al, Scand. J. Med. Sci. Sports, 2020, 00, 1-12) que revisou centenas de trabalhos científicos focando o papel da atividade física em diferentes indicadores de saúde, qualidade de vida, declínio cognitivo e capacidade funcional em idosos.

Os autores deixam claro que exercício é medicina e que, no conjunto, as atividades físicas podem ser conside­radas como medicina em movimento, concluindo que, uma vez revelados os benefícios da atividade física, é imperativo que as políticas públicas e suas práticas implementem quase que obrigatoriamente os idosos à alcançarem os níveis recomendados de atividade física considerados internacionalmente. Vamos às principais conclu­sões desse estudo: 1º) idosos (≥60 anos) fisicamente ativos têm risco reduzido de mortalidade cardiovascular e, por todas as causas, de câncer de próstata e de mama, de fratura, limitação funcional, risco de queda, declínio cognitivo, demência, doença de Alzheimer e pressão; 2º) idosos (≥60 anos) fisicamente ativos vivenciam trajetórias de envelhecimento mais saudá­veis, melhor qualidade de vida e melhor funcionamento cognitivo; 3º) os dados dos estudos analisados, tomados em seu todo, fornecem substancial evidência da associação positiva entre atividade física e taxas menores de morbidade e mortalidade em idosos; 4º) as evidências também sugerem que há efeitos protetivos para idosos que participam num nível de ativida­de física bem abaixo das recomendações internacionais correntes; nestes, uma dose semanal de atividade física correspondente a 75 minutos por semana se mostrou associada com uma redução da mortalidade por todas as causas em 22%; 5º) um pequeno aumento na atividade física pode encorajar alguns idosos, anteriormente inativos ou cronicamente doentes, a incorporarem progres­sivamente mais atividade física em sua rotina diária.

Continuando: 6º) fraturas, que são frequentemente consequências de quedas, são um dos problemas músculo-esqueléticos mais sérios em populações idosas; neste caso, os dados obtidos mostraram que atividade física tem sido identificada como um fator de estilo de vida que pode influenciar o risco de quedas e fraturas em adultos, mantendo a mobilidade ou funcionamento físico, bem como, a densidade mineral óssea, a força muscular e o equilíbrio; nestes, o risco de queda recorrentes foi reduzido em idosos com altos níveis de atividade física; 7º) engajando-se em altos níveis de atividade física, também se reduziu o risco de fratura total em 29% e, significativa­mente, o risco de fraturas no pulso em 28%; 8º) as evidências do estudo sugeriram, também, que uma maior atividade física prevê alto status funcional em idosos; neste caso, a atividade física reduz o declínio na capacidade funcional relacionado à idade, mantendo a força e a massa muscular entre adultos de 65-85 anos de idade; 9º) os dados também destacam o papel positivo da atividade física sobre o processo de envelhecimento saudável, melhorando a qualidade de vida e aumentando as vantagens de manter o bem-estar na velhice; 10º) as análises também revelaram que todos os níveis de atividade física conferiram proteção significativa e consistente contra a ocorrência de declínio cognitivo em pessoas sem demência; 11º) os dados também suportam que atividade física pode melhorar a função cognitiva e, consequentemente, retardar a progressão do declínio cognitivo em idosos; importante neste caso que, para adultos entre 70-80 anos, em média, praticar atividades físicas de ≥ 150 min ∕ semana, diminui o risco de desenvolver Doença de Alzheimer (aproximada­mente 5 ou mais anos depois). A estimativa do risco ficando em torno de 40%; 12º) altos níveis de atividade física são associados com redução de 14 a 21% da taxa de risco de demência; neste caso, alta intensidade de atividade física reduziu o risco de demência por todas as causas em 28%.

Por tudo isso, conclui-se que atividade física deve ser integrada na rotina da prática médica clínica para prevenção e tratamento de muitas condições médicas, comuns nos idosos.

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