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Neuropsicometria Cognitiva (21): covid-19 e implementando a comunicação de risco

O propósito da comunicação de risco é fornecer ao público a informação necessária para este tomar decisões mais bem informadas, e fundamentadas, sobre as ações apropriadas visando proteger a saúde e dar segurança às pessoas. Idealmente, comunicação de risco deve conter informação sobre os métodos de enfrentamento, estratégias para lidar com estigma­tizações em geral, orientação de como lidar com o estresse quando assumindo novos papéis na família devido ao isolamento social, ou perda de entes queridos, orientação para a construção da resiliência e materiais psicoeducacionais sobre luto, ansiedade e depressão, desamparo, apatia, frustração, raiva e volatilidade, além, principalmente, de divulgar ações sobre prática de higienização, isolamento social, bem como, sobre a aderência à prática de vacinação quando esta estiver disponível.

Baseando-nos em Taylor (2019, The Psychology of Pandemics), para ser eficaz, comunicação de risco deve conter informação que seja percebida como credível e disponibilizada de maneira a encorajar aderência às recomendações contidas nas mensagens ou diretrizes veiculadas de forma escrita, oral ou imagética. As pessoas mais provavelmente aderem às recomenda­ções relacionadas à saúde se as seguintes condições são alcançadas: 1ª) a pessoa acredita que a doença é grave e que as ações recomendadas são eficientes para reduzir o risco de infecção; 2ª) a pessoa está preocupada em contrair a doença e acredita que elas são susceptíveis à infecção; 3ª) as autoridades de saúde são percebidas como confiáveis e fornecedo­ras de informação clara e suficiente; e 4ª) há poucas barreiras percebidas para implementar comportamentos de saúde recomendados.

Os esforços para persuadir as pessoas a adotarem comportamentos preventivos, como práticas higiênicas, distan­ciamento ou isolamento social, bem como, procurarem serem vacinadas, podem envolver apelos lógicos ou emocio­nais. Lógicos, referem-se aos fatos e estatísticas; emocionais, visam evocar emoções para motivar mudanças compor­tamentais. As mensagens de apelo emocional frequentemente incluem elementos vívidos e concretos, evocadores de imagens e de características pessoais. Várias pesquisas indicam que apelos emocionais, comparados a apelos lógicos, são mais relembrados e mais prováveis de estimular as pessoas a buscarem informação relacionada à saúde. Apelos emocionais parecem exercer seu poder devido às emoções induzidas, como, por exemplo, o medo, sendo usados pelas pessoas para estimar o risco de uma dada infecção. Em outras palavras, um apelo emocional que elicia medo tenderá a aumentar o risco de um dado perigo percebido por uma pessoa.

Outro aspecto importante, que afeta o risco percebido, é a distância psicológica, cujo conceito refere-se à distância percebida entre o ego e um objeto ou experiência. Para uma dada ameaça à saúde, como, por exemplo, sobre um dado vírus, quanto mais curta a distância psicológica percebida, tanto maior é a ameaça percebida. A distância psicológica varia ao longo de quatro dimensões, a saber: 1ª) distância espacial, isto é, a proximidade física da ameaça da doença à pessoa; 2ª) distância temporal, que refere-se a dois parâmetros temporais: (a) o quão rápido a ameaça pode chegar e (b) a origem temporal ou o quão recente é a ameaça; 3ª) distância social, que é definida pela natureza das relações so­ciais. Dito de outra forma, as pessoas são mais prováveis de contrair patógenos de pessoas que são socialmente próxi­mas a elas, porque elas estão mais frequentemente em contato; e, finalmente, 4ª) distância probabilística, que se refere à chance de encontrar um agente infeccioso, determinado por fatores como a prevalência dos agentes no ambiente.

Também na comunicação de risco, é importante manejar os rumores e boatos que se espalham rapidamente, incluindo, aqui, as fakenews disseminadas que, por conterem más informações e desentendimentos na divulgação do real, levam ao caos, como ocorrido recentemente com um comunicado de uma diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS), mal inter­pretado por muitos, acerca da possibilidade de contágio por pessoas assintomáticas. Na verdade, a refutação eficiente e rápida de falsos rumores por autoridades da saúde reduz a incerteza e outras reações psicológicas negativas a ela associadas. Estas autoridades devendo, sim, espelhar confiança e conhecimento na área.

Finalmente, importa deixar claro que a comunicação de risco de progra­mas envolvendo a aderência comunitária à ações preventivas devem ser con­duzidas considerando a sensibilidade cultural de uma comunidade, pois as informações devem ser veiculadas em suportes variados, envolvendo líderes nacionais e internacionais com grande respeitabilidade e competência no conjunto de informações sanitárias que eles propagam.

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