Por Felipe Rosa Mendes
Após uma temporada de experiência como pilotos de testes, Pietro Fittipaldi e Sergio Sette Câmara já se veem prontos para assumir uma vaga de titular na Fórmula 1. A dupla de brasileiros, contudo, terá de esperar ao menos mais um ano para ganhar esta preciosa chance. Ambos negociam para renovar seus contratos com a Haas e a McLaren, respectivamente, para seguirem na categoria no próximo ano. A meta é deixar o banco de reservas em 2021.
“Me sinto 100% preparado parar virar piloto titular. Quando testei o carro, me senti bem confortável. Me adaptei bem. Agora tenho experiência suficiente para sentar no carro e fazer um bom trabalho”, diz o neto de Emerson Fittipaldi, de 23 anos, em entrevista ao Estado.
Neste ano, Pietro chegou a abrir negociação para tentar uma vaga de titular da Haas para 2020. “Tive conversas para virar titular, mas a equipe decidiu manter os dois pilotos”, afirma. A dupla formada pelo francês Romain Grosjean e a dinamarquês Kevin Magnussen continuará defendendo o time norte-americano no próximo ano, apesar dos resultados abaixo do esperado em 2019.
Enquanto a chance não chega, Pietro negocia para seguir como piloto de testes. Ele espera acertar a renovação até o GP de Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, marcado para 1º de dezembro. O jovem piloto quer dar sequência ao aprendizado obtido nos testes do início do ano e da intertemporada, além do trabalho feito com o desenvolvimento do simulador da Haas.
“Gostei muito deste ano, aprendi muito. Foi a minha primeira vez trabalhando direto com uma equipe de Fórmula 1. Testei o carro várias vezes, em fases diferentes, estava muito forte, muito rápido nos primeiros testes”, avalia.
Ao mesmo tempo, o neto do bicampeão mundial esteve colado no asfalto ao competir pela DTM, o campeonato de turismo da Alemanha. “Foi um ano bem corrido, tenho vindo em quase todos os finais de semana de F-1. E ainda teve as corridas de DTM, um calendário bem cheio. Ser piloto de testes é legal, mas é preciso se manter na ativa, na pista”, pondera.
Na DTM, cuja vaga ainda não foi confirmada para 2020, Pietro espera obter os últimos pontos para assegurar sua Superlicença, autorização da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para jovens pilotos competirem na F-1. Ele soma 36 pontos. Precisa atingir 40. “Estamos quase lá. Quero somar logo estes pontos para superar isso e esquecer o assunto.” Os pontos têm validade de três anos.
Assim como Pietro, Sette Câmara exalta o aprendizado em 2019, sem esconder a ambição de virar titular da McLaren. “Tivemos um ano de muito trabalho e crescimento nas atividades na sede da fábrica, em Woking. Quando fui convocado para o teste de Barcelona eu estava pronto. Até acontecer um problema no carro, estava fazendo o meu trabalho de forma muito natural, passando relatórios precisos para os engenheiros, da mesma forma que faço sempre quando estou no simulador”, disse o piloto de 21 anos ao Estado.
“Confiante, acredita que a renovação com o tradicional time britânico está perto. “Não temos um contrato assinado para 2020 ainda, mas acredito que seja uma coisa natural a nossa renovação ” O próximo passo é brigar por uma vaga de titular, na mesma equipe ou em outros times. “A cada corrida que passa me sinto mais preparado, maduro e tranquilo para assumir uma vaga na F-1 “
Um dos obstáculos para tanto também é a obtenção da Superlicença Sette Câmara soma dez pontos, mas pode alcançar os 40 necessários ainda neste ano. Disputando a Fórmula 2, principal meio de acesso à F-1, ele ocupa o quarto lugar no campeonato. Se mantiver essa posição até o fim, somará pontos suficientes para alcançar a autorização da FIA. A F-2 será encerrada com duas corridas em Abu Dabi, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro.
“Certamente a tarefa não será fácil, uma vez que a pontuação do nosso campeonato está bastante apertada, mas estou confiante em conseguir os pontos em Abu Dabi”, projeta.
O Brasil está sem um representante entre os pilotos titulares na Fórmula 1 desde que Felipe Massa deixou a categoria no fim de 2017.