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Natação leva ribeirão-pretano a mais uma edição de Jogos Olímpicos 

Aos 27 anos, Guilherme Basseto recorda trajetória e agradece apoiadores mais antigos 

Guilherme Basseto representará Ribeirão Preto na natação em Paris (Unisanta Esportes/Divulgação)

Por Hugo Luque 

Aos 27 anos, atleta soma diversas conquistas (Satiro Sodré/Divulgação)

A cidade de Ribeirão Preto terá, pela segunda vez consecutiva, um representante na equipe brasileira de natação que disputará os Jogos Olímpicos, entre julho e agosto. O maior evento esportivo do planeta será sediado, neste ano, em Paris, capital da França. Na metrópole europeia, Guilherme Basseto não tem olhos para a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, o Museu do Louvre ou a calma correnteza do Rio Sena. A única água que ele não vê a hora de conhecer é a da piscina olímpica. 

O verão francês promete uma forte onda de calor. Nada que Basseto não esteja acostumado. Forjado no calor do interior paulista, ele não usa a piscina apenas para se refrescar. As primeiras braçadas foram dadas muito cedo, logo aos dois anos, por indicação médica para cuidar de uma bronquite. O tratamento envolve remédios para acalmar a tosse, mas para o garoto, a natação foi mais eficaz. No fim, a modalidade o guiou para um rumo inesperado. 

“Iniciei aos dois anos de idade, em uma academia no Planalto Verde chamada Victoria. Tive uma breve passagem como atleta pela Cava do Bosque, retornei para a Academia Victoria, onde me tornei atleta federado pela primeira vez, representando a equipe APANS-Sertãozinho, de 2011 a 2012. Após dois anos, representei, entre 2013 e 2021, o Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, enquanto mantinha meus treinamentos na Wellness Sport Club de Ribeirão Preto. Mais tarde, me mudei para São Paulo, com 18 anos de idade, em 2015, e continuei representando o Pinheiros até os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021”, detalha o nadador de 27 anos, que decidiu trocar de águas para buscar a segunda classificação aos Jogos Olímpicos. 

“Com a necessidade de novos desafios, em 2022, iniciei o novo ciclo olímpico vestindo as cores da Associação Esportiva Santa Cecília, em Santos. Em meu terceiro ano representando o clube, conquistei a vaga para minha segunda edição de Jogos Olímpicos. Sou especialista no estilo de costas e possuo no currículo duas participações em Jogos: Tóquio e, agora, Paris.” 

No Japão, o atleta, então com 24 anos, disputou as eliminatórias nos 100 metros costas e acabou de fora da semifinal, além do revezamento 4×100 metros medley misto, no qual ficou em 14º com outros três companheiros. Mas era só o começo e, agora, mais experiente, voltará às piscinas olímpicas, contrariando algumas probabilidades. 

“Manter o alto rendimento de um ciclo olímpico para o outro é complicado. Apenas 13% de todos os atletas olímpicos da história conseguiram retornar em uma segunda edição de Jogos Olímpicos. É muito gratificante saber que faço parte de um grupo tão seleto de pessoas.” 

Mas não só de Olimpíadas vive Basseto. O nadador já representou o país em diversas outras oportunidades e competições, e ostenta várias conquistas. Entre elas, medalhas de prata e bronze conquistadas em Jogos Pan-Americanos, um título do Mundial Militar, com dois ouros e duas pratas, um bronze nas Universíades, dois títulos de etapas da Liga Internacional de Natação (ISL), o multicampeonato brasileiro nas provas de 50 e 100 metros costas e o título sul-americano, com três ouros, uma prata e o recorde do continente. 

Além disso, tem participações e semifinais em Mundiais Absolutos, uma ida à final do Mundial Júnior e o recorde sul-americano na prova 4×100 metros medley misto. Mesmo com tantas conquistas em um esporte que, à primeira vista, parece individual, o atleta conta com muito apoio, sobretudo de uma grande fã na família. 

Suporte por trás do pódio 

Não fosse a bronquite do pequeno Guilherme e a indicação médica, há 25 anos, Ribeirão Preto talvez não tivesse um representante da natação nos Jogos Olímpicos. Isso só aconteceu pela inquietude de Maria Terezinha Dias Masse, avó do nadador. Enfermeira, ela tentou afastar de uma vez por todas o problema respiratório do neto e decidiu conversar com médicos sobre o que fazer além dos remédios. 

“O apoio da minha família foi fundamental em toda minha trajetória. Só cheguei onde estou por conta do apoio incondicional de minha avó, Maria Terezinha. Sem ela, nada disso seria possível”, diz. 

Mas não foi só Maria. Durante a trajetória de atleta, o ribeirão-pretano observou que estar na piscina não era mais uma opção, mas um chamado. Foi então que entraram em ação seus técnicos, responsáveis pelo desenvolvimento que o levou ao principal palco do esporte. 

“Gostaria apenas de agradecer pela torcida e o apoio de todos os meus conterrâneos, e não posso deixar de mencionar os nomes dos técnicos de Ribeirão Preto que acreditaram no meu potencial ainda na minha juventude: Leandro Arruda, Raphael Teixeira e Helena Ferreira.” 

De 2021 a 2024 

Obsessão, Olimpíadas viraram tatuagem para ele e Leandro Arruda, que foi seu técnico em Ribeirão (Arquivo pessoal)

Três anos podem parecer pouco tempo para alguns. Todavia, para o atleta brasileiro, muita coisa aconteceu. De estreante nos Jogos de Tóquio, em 2021, ele chega como uma realidade em sua categoria neste ano, agora com novo técnico. 

“Passei por uma adaptação nos últimos anos, troquei de clube e iniciei os treinamentos com outro técnico, o Felipe Domingues, head coach da seleção brasileira. Esse processo leva tempo, mas deu tudo certo no final”, celebra Basseto, que explica a maior diferença para a edição deste ano da disputa olímpica. 

“Acredito que a maior diferença é o fato de que em Tóquio não tivemos público para assistir às modalidades devido à pandemia, e estou muito animado para ver o estádio lotado desta vez.” 

Como o nadador deixou claro, a presença de pessoas nas arquibancadas parisienses não intimida. Muito pelo contrário. É justamente na capacidade de conter os ânimos que ele se pode se diferenciar dos demais. 

“Sou uma pessoa calma e tenho certa facilidade de controlar a ansiedade pré-competição depois de todos esses anos de experiência e amadurecimento. Sinto um leve nervosismo apenas no dia da minha prova”, comenta o sincero Basseto, que ainda não terminou seu ciclo pré-olímpico. 

“A expectativa é representar o Brasil da melhor maneira possível. Me classifiquei para o revezamento 4×100 medley misto, mas ainda tenho a oportunidade de nadar para o índice em uma competição em Roma, na Itália, no final de junho. Desta maneira, também posso nadar a prova individual dos 100 metros costas, assim como fiz em Tóquio. No momento, este é meu principal objetivo”, finaliza. 

 

 

 

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