O Brasil do Império e da República sempre foi conduzido por uma elite política e aristocrática que tem, e sempre teve, o defeito de ficar de joelhos frente às nações poderosas. Saíram das botas de Portugal para rastejar perante os ingleses, depois optaram pela adoração aos franceses, e finalmente se renderam de corpo e alma ao Império do Norte, e assim caminhamos até hoje.
Uma educação básica, de qualidade e para todos, que nos tiraria deste marasmo sem fim, sempre foi tratada com desdém. O primeiro ministério da República, que cuidaria da educação, se chamava Ministério da Instrução Pública Correios e Telégrafos, com ênfase total para os Correios. A primeira lei nacional que cuidaria da educação em todos os níveis ficou tramitando durante treze anos no Congresso Nacional, e só foi aprovada em 1961 – a LDBEN.
O caráter de País que viraria Nação não se constituiu durante os séculos que se sucederam após a invasão dos portugueses, pois o entreguismo sempre falou mais forte. Mas mesmo neste ambiente inóspito algumas mentes brilhantes conseguiram emergir deste pântano, e deixaram algumas sementes para serem cultivadas por gerações futuras.
Mesmo com os lambe-botas dando as cartas, não permitindo que o País virasse uma Nação, havia aqueles que mesmo com todas as adversidades eram abnegados e patriotas, e não aceitavam a condição de eterna colônia, por isso começaram uma reação através da educação básica, construindo projetos educacionais que inovaram, pois levavam em conta a realidade da população brasileira. Porém, é costume da “politicanalha” sempre achar os projetos inovadores audaciosos demais e caros demais, dizem que não são para o nosso bico – e por conta disso vivemos numa eterna gangorra.
A luz que o movimento escola nova trouxe para o Brasil, com os projetos inovadores de Anísio Teixeira, Lourival Filho e Carneiro Leão, que assentavam os conhecimentos científicos na educação básica, não conseguiram fincar raízes num solo estéril castigado pela ignorância e o fundamentalismo religioso.
Mas somos pródigos em produzir grandes pensadores, que direcionam nossa educação. Paulo Freire nos trouxe a educação libertadora, em que o educando vai construindo o seu conhecimento pautado na sua realidade, e isso para uma elite aristocrática e escravagista é inconcebível, fizeram de tudo para que a educação brasileira, principalmente a educação básica, ficasse marejando no século 19, e nesta luta do rochedo contra o mar, quem leva a pior não é o marisco, e sim as nossas crianças.
Mesmo com os tropicões conseguimos avançar alguns passos, sancionando leis que protegem a educação básica e criando novos horizontes, mas a obscuridade e o ódio produzidos na última eleição colocaram na Presidência da República uma figura que, se não reagirmos, vai remeter a educação brasileira de volta à Idade Média, e cortar as verbas educacionais é o primeiro passo para tentar matar por inanição a já combalida educação brasileira – e isso nós não podemos deixar acontecer.
O ambiente escolar tem que ser um ambiente harmônico e de construção dos saberes e da cidadania, não é lugar de se propalar o ódio e a discórdia como quer fazer o novo ministro da Educação. Somos brasileiros e nunca vamos desistir de ser uma Nação.