Na quarta-feira, 26 de dezembro, o prefeito Duarte Nogueira (PSDB) recebeu o Tribuna Ribeirão para fazer um balanço dos dois primeiros anos de seu mandato, que termina no final de 2020. Nos cinquenta minutos da entrevista, ele falou sobre crise financeira do município, as realizações que ele considera fundamentais e afirmou que ao longo de décadas os prefeitos não fizeram a lição de casa em relação ao Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM) o que resultou na gravíssima crise que o Instituto enfrenta. Déficit anual previsto para este ano de R$ 230 milhões. Também revelou que a máquina pública de Ribeirão Preto é a terceira mais cara do Estado, perdendo apenas para Santos e Jundiaí.
Tribuna Ribeirão – Sem a aprovação da Planta Genérica de Valores, o que a Prefeitura fará para conseguir os recursos que esperava com a arrecadação do IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano?
Duarte Nogueira – Manter o regime de austeridade, aprovar o projeto que a longo prazo faz com que os novos servidores, a serem admitidos a partir de agora, tenham um regime previdenciário de pagamento do teto do INSS e possam realizar uma aposentadoria complementar conforme ocorre nos estados e nos municípios que conseguiram aprovar essas leis. E todos os outros pontos de contenção de despesas e ampliação de receitas no limite daquilo que estiver nas nossas possibilidades. Criar o fundo imobiliário de ativos para lastrear essa diferença atuarial de R$ 17 bilhões que já é conhecida no Instituto de Previdência dos Municipiários. Enfim, cortar despesas e melhorar receitas.
Tribuna Ribeirão – A falta desse recurso significa a paralisação de investimentos que estavam previstos para 2019?
Duarte Nogueira – Felizmente não, porque nós conseguimos buscar quase meio bilhão de reais em investimentos externos. O principal é o de R$ 310 bilhões do PAC do Ribeirão Mobilidade. Depois aprovamos outros investimentos de R$ 50 e de R$ 70 milhões e estamos procurando aprovar outro de R$ 50 milhões. Isso vai somar quase meio bilhão de fontes externas.
Tribuna Ribeirão – Sem esses empréstimos a Prefeitura não conseguiria realizar essas obras?
Duarte Nogueira – Sem esses empréstimos não teríamos recursos próprios para a realização dessas obras. Porque todo o dispêndio do aumento no rombo do IPM consumiu esse ano, toda a energia e vigor que a gente conseguiu economizar depois de termos pago os nossos fornecedores e as dívidas. De um lado pagamos dívidas de R$ 320 milhões com fornecedores e do outro os R$ 246 milhões referentes aos 28.35% (processo judicial dos servidores municipais). Só ai já foi comprometido todo o nosso dispêndio de energia fiscal para até o final do mandato. Mas, quem assumir depois de nós pegará uma cidade arrumadinha.
Tribuna Ribeirão – Mas a Prefeitura não ficará endividada com esses empréstimos?
Duarte Nogueira – Não. Nós tivemos oito anos de orçamentos deficitários (referindo-se ao Governo da ex-prefeita Dárcy Vera). Se você pegar e abrir a página do Tribunal de Contas do Estado foram oito anos no vermelho. Gastou-se mais que arrecadou. Se você pegar o ano passado tivemos um superávit de R$ 300 milhões e esse ano teremos também um superávit de R$ 200 milhões. Ou seja, nós mantivemos a austeridade, claro que a custo de reduzir a nossa capacidade de investimentos e da realização de outras coisas que gostaríamos de ter feito, mas nós não estamos endividando o cidadão de Ribeirão Preto, pelo contrário, amortizamos R$ 9 milhões, em 2017, da dívida fundada, ou seja, da dívida de longo prazo. Nesse ano amortizamos R$ 90 milhões da dívida fundada.
Tribuna Ribeirão – O senhor acha que consegue resolver o problema do Fundo Financeiro do IPM? E em quanto tempo? Pois o grande problema é que ele não tem fundo de reserva para pagar os aposentados
Duarte Nogueira – Sim. A cidade de São José dos Campos, que fez a lição de casa, tem R$ 2,5 bilhões de fundo previdenciário. Lá não se discute rombo de instituto de previdência e nem problema de aporte para o pagamento de seus aposentados. Eles provisionaram, ao longo de mandatos, os recursos necessários. Eu vou deixar o caminho iniciado para quem vier depois de mim não enfrentar as dificuldades que eu tive que enfrentar.
O rombo caiu no meu colo. No último ano (do mandato da prefeita) Dárcy Vera é que começou o déficit, que foi de R$ 40 milhões, que ficou para o mandato seguinte, que fui eu quem ganhei as eleições. São R$ 120 milhões no primeiro ano, R$ 240 milhões no seguinte e agora R$ 300 milhões em 2019.
Tribuna Ribeirão – Quantos aposentados existem na Prefeitura?
Duarte Nogueira – São 5.300 entre aposentados e pensionistas.
Tribuna Ribeirão – E neste ano, o senhor saberia dizer quantos se aposentaram?
Duarte Nogueira – Eu não tenho esse número em mãos agora, mas provavelmente foi menos do que os que se aposentaram em 2017, em função da grande corrida devido a eminência da aprovação da Reforma da Previdência no Governo Temer, que não aconteceu.
Tribuna Ribeirão – Como está a situação da Prefeitura em relação ao limite de gasto com funcionário imposto na Lei de Responsabilidade Fiscal. E o senhor fará contratações para repor os servidores que se aposentaram?
Duarte Nogueira – A Prefeitura está acima do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal e abaixo do limite máximo. Está em 52,5%. Contratações, somente as essenciais poderão ser feitas. Não serão feitas outras contratações ou concursos.
Tribuna Ribeirão – Como suprir essa demanda, em função do déficit de servidores que se aposentam e a necessidade de manter a qualidade no serviço público?
Duarte Nogueira – Parceria com a iniciativa privada, organizações sociais como as que fazemos na Educação, que são as conveniadas, tanto na Educação Especial, Fundamental e Ensino Infantil. Criatividade, sem aumentar os gastos. Nós temos hoje menos de dois servidores da ativa para pagar o salário de um da inatividade. Temos hoje 9.700 servidores da administração direta, somados com os da administração indireta e com 5.300 aposentados e pensionistas.
Tribuna Ribeirão – A Secretaria da Fazenda cita a possibilidade de atraso no pagamento de salários de servidores no meio do ano de 2019. Realmente existe esse risco?
Duarte Nogueira – Corre se nada for feito. Mas como vamos trabalhar e muito, espero como prefeito municipal não enfrentar essa dificuldade. Mas se nada for feito, dadas as condições em que a cidade se encontra, há esse risco.
Tribuna Ribeirão – O que precisa ser feito para isso não acontecer. O senhor poderia citar algumas medidas?
Duarte Nogueira – São mais de sessenta medidas que vamos começar a tomar providências. Mas poderia citar desde as pequenas, que são desde a redução e economia de água, energia elétrica e telefone, até o projeto da previdência complementar. Além de outras medidas que vamos tomar em função dos resultados que teremos nessa última semana do ano, ou seja, como será o nosso fluxo de caixa, como será nossa estimativa de receita, como vai se comportar a economia brasileira, qual será a inflação, quanto teremos de impacto de despesas incomprimíveis, como salários, aposentadorias, saúde, educação, etc.
Tribuna Ribeirão – O orçamento previsto para 2019 é de aproximadamente R$ 3,2 bilhões. Deste valor quanto fica para investimento?
Duarte Nogueira – Fica muito pouco. No regime de investimentos com recursos próprios não chega a 5%. E se for considerar com investimentos externos a gente vislumbra algo em torno de 20% do orçamento, o que é muito dinheiro.
Tribuna Ribeirão – Durante a sua campanha o senhor prometeu Ambulatório Médico de Especialidade, Restaurante Bom Prato e outras obras que não foram entregues. Por quê?
Duarte Nogueira – Todas as variáveis que dependeram de atitudes nossas aconteceram: 200 km de asfalto, fomos atrás do PAC Mobilidade, corri atrás do empréstimo do Banco do Brasil. O PAC está andando, o Ribeirão Mobilidade está andando, entreguei sete mil unidades habitacionais neste ano de 2018.
Agora o AME depende do Governo do Estado. O aeroporto depende do Governo do Estado e do Governo Federal. Tudo aquilo que é variável que está sob o meu controle aconteceu, o que não está sob o meu controle, infelizmente, não conseguimos dar a devida resposta.
Tribuna Ribeirão – Mas o que dificultou? O senhor exerce liderança no partido e o então governador do Estado, Geraldo Alckmin é do seu partido.
Duarte Nogueira – Enquanto o Geraldo Alckmin era governador as coisas fluíram bem. O Márcio França (PSB) assumiu as coisas andaram mais devagar.
Tribuna Ribeirão – Quando o senhor assumiu, o senhor tinha conhecimento que necessitaria dos empréstimos que foram feitos?
Duarte Nogueira – Sim. As fontes externas de financiamento para investimentos na cidade eu faria de qualquer jeito. Tanto é que fiz e aconteceu. Agora eu não esperava esse rombo no IPM. Eu esperava tudo, menos o rombo do IPM. Isso nos tirou da nossa meta de planejamento e execução. Mas isso acontece, é da gestão pública. Existem fatores supervenientes, ou seja, fatores que acontecem sem você prever. O IPM eu sabia que tinha problema, mas não nessa dimensão. Nós estamos aqui para resolver.
Tribuna Ribeirão – O senhor diria que o problema do IPM é de origem?
Duarte Nogueira – Sim. O problema do IPM é estrutural e não conjuntural. O Instituto deveria ter sido estruturado financeiramente. Foi estruturado, mas não deram os pilares básicos necessários para ele se sustentar. Não foi feito o aporte atuarial no momento certo. Recursos da Previdência Municipal foram utilizados para fazer outros tipos de gastos na cidade e enquanto tinha dinheiro sobrando podia tocar sem as devidas providências. Agora nós assumimos com a situação em que a cidade está: R$ 2 bilhões de dívidas acumuladas, de médio prazo e de curto prazo, dívidas não inscritas de 28.35%, referentes ao Plano Collor. Mas isso faz parte da nossa tarefa resolver.
Tribuna Ribeirão – Na área política, nesses dois anos de governo o senhor não teve nenhum líder na Câmara, Por quê?
Duarte Nogueira – Porque não foi necessário. Nunca tivemos uma maioria instituída, ela foi uma maioria construída com o diálogo. Nós temos nove vereadores que foram eleitos na minha coligação, outros dezoito não foram. Também não utilizei de nenhum método que não fosse republicano para dialogar com os vereadores. E isso foi bom para Ribeirão, porque o Executivo cumpriu o seu papel ciente de uma fiscalização institucional importante da Câmara, da imprensa que sempre é crítica e que sempre cobra muito. Mas eu penso que talvez agora a gente, quem sabe, tenha um líder do governo. Estou avaliando essa questão. É bem provável que tenhamos.
Tribuna Ribeirão – A possibilidade de ter um líder no Legislativo tem relação como fato de a Mesa Diretora da Câmara ser assumidamente oposição?
Duarte Nogueira – Não. Não só a próxima Mesa Diretora será oposição, como a de 2018 foi de oposição e a de 2017 também. Portanto, não tem nada a ver com isso.
Tribuna Ribeirão – O senhor fala em diálogo, mas aparentemente os vereadores eleitos pelo PSDB não têm tanta afinidade com o Governo. Como é sua relação com os vereadores tucanos? Há algum ruído entre o prefeito Nogueira e esses vereadores?
Duarte Nogueira – Muito pelo contrário. Converso com todos (referindo-se a Maurício Gasparini, Bertinho Scandiuzzi e Gláucia Berenice). Cada tem um estilo de comportamento, um estilo de eleitorado para poder responder. Como foram dois anos de muitas dificuldades e austeridade para colocar a casa em ordem, os vereadores foram respeitados em seus posicionamentos de voto e opinião a bem do interesse público. Se em determinados momentos você não tem apoio do PSDB, em muitos outros casos eu tive esse apoio. Não considero isso algo frequente. É um relacionamento tranqüilo.
Tribuna Ribeirão – Falando em relacionamento e ruído, como é o seu relacionamento com o vice-prefeito Carlos Cézar Barbosa?
Duarte Nogueira – O Dr. Carlos Cezar foi o meu secretário durante quase dois anos. Escolhi uma das principais pastas sociais, senão a mais importante que é a Secretaria da Assistência Social, para ele trabalhar. Depois da eleição ele entendeu que era o momento dele tomar outras decisões, pediu para deixar a pasta, eu concordei e nomeei o Guido de Sindi, que está fazendo um trabalho maravilhoso. Ele tem uma enorme capacidade de trabalho. Em quase dois meses visitou os mais de 50 equipamentos sociais que a nossa Secretaria tem. Cabe ao vice-prefeito cumprir com o seu papel institucional conforme a Lei Orgânica.
Tribuna Ribeirão – Mas ele não participa? Por exemplo, ele frequenta o Executivo, o Gabinete, o Palácio?
Duarte Nogueira – Ele é sempre bem-vindo. Se não frequenta é porque não quer.
Tribuna Ribeirão – Vocês se falam por telefone ou pessoalmente? Existe uma relação próxima entre vocês ou existe algum ruído de comunicação em relação a algumas declarações que ele fez no passado?
Duarte Nogueira – Da minha parte eu separo sempre as questões da pessoa física com as da jurídica. Eu sou prefeito. Prefeito tem que cumprir o seu papel de pessoa jurídica e esse papel sempre foi cumprido.
Tribuna Ribeirão – Se o vice-prefeito quisesse um gabinete no Palácio ou no novo prédio ele teria?
Duarte Nogueira – O vice-prefeito vai ter um gabinete aqui na Prefeitura e vai ter um gabinete para onde a Prefeitura se deslocar para o prédio da rua Américo Brasiliense, no ano que vem.
Tribuna Ribeirão – Nesse ano – 2018 – estava prevista, por força legal, a revisão do contrato de concessão do transporte coletivo urbano. O senhor pretende fazer essa revisão?
Duarte Nogueira – A equipe da Transerp está trabalhando nessa direção, reunindo todos os elementos para que haja um entendimento entre o concessionário e o concedente, dentro das regras do contrato, que está em vigor desde 2012.
Tribuna Ribeirão – E em relação à zeladoria da cidade. O senhor falou muito isso durante a campanha. E hoje a cidade tem muitos buracos.
Duarte Nogueira – Onde pavimentamos que foram 200 km, não tem um buraco. Os buracos aparecem nos pavimentos que recebi, com 25 anos sem recapeamento. Em 2019 espero fazer 250 km de recape, para atingir 450 km, durante os três primeiros anos e tentar para 2020 ir o mais longe possível. Mas é preciso de dinheiro. O dinheiro que iria para investimento foi para custeio da máquina, para pagar salários de servidores e aposentadoria dos servidores.
Tribuna Ribeirão – A máquina administrativa de Ribeirão Preto é grande?
Duarte Nogueira – Ela não é grande, ela é cara. Nosso servidor é o terceiro de maior custo cidadão per capita do estado de São Paulo. No estado o primeiro de maior custo é o de Santos, o segundo é o de Jundiaí e o terceiro é o de Ribeirão.
Tribuna Ribeirão – Mas, tem como rever isso? E a que o senhor atribui esse custo?
Duarte Nogueira – O custo foi devido a aumentos acima da capacidade da cidade poder conceder. Dezenas de benefícios que foram dados ao longo de décadas, sem o devido planejamento do impacto em longo prazo. Mas essa é uma situação instalada. Ninguém vai tirar direito adquirido de ninguém, mas daqui pra frente será diferente para que os prefeitos que venham assumir, a partir de mim, não sofram as dificuldades que a cidade de Ribeirão Preto está sofrendo e que poderiam ser evitadas se tivéssemos governos mais austeros no passado.
Tribuna Ribeirão – O senhor tem uma relação muito próxima com Geraldo Alckmin. O senhor ficou decepcionado com a não eleição dele?
Duarte Nogueira – Decepcionado eu não diria. Mas, gostaria muito que o Geraldo Alckmin tivesse vencido. Ele sem sombra de dúvida era e é o melhor dos candidatos para assumir a presidência do Brasil. Eu já disputei onze eleições, perdi quatro e venci sete. Temos que respeitar a vontade do eleitor e aprender com o eleitor. O eleitor mandou um recado ensurdecedor para toda a classe política do Brasil, que quer idoneidade, austeridade e quer discurso que seja cumprido. Houve uma percepção que todos os candidatos que ai estavam eram um pedaço do mesmo organismo. O que conseguiu mostrar menos organicidade com o que havia de repulsa da sociedade foi o Bolsonaro. No estado de São Paulo foi o João Dória, do meu partido, o PSDB, que vai governar o Estado, pelo sétimo mandato consecutivo, porque ele conseguiu mandar essa mensagem. Democracia não é rotatividade. Democracia é o povo escolher aquilo que ele acha que é melhor para ele.
Tribuna Ribeirão – O senhor listou as qualidades do Alckmin, mas onde então a campanha dele errou?
Duarte Nogueira – Eu acho que errou por vários aspectos, principalmente pelos ônus e os pecados que teve que responder sem sequer ter cometido. O partido deveria ter uma postura mais dura com senador Aécio Neves, o ex-governador Eduardo Azeredo e todo mundo que foi ligado à corrupção. Como não fez isso o PSDB ficou com a mesma marca e a pecha de outros partidos que convivem com a corrupção e passa a mão na cabeça dos corruptos do seu partido. Isso o PSDB não soube enfrentar. Outra coisa foi a percepção que fazer aquela aliança ampla para dar ao Geraldo Alckmin mais tempo de televisão, também colocou ao lado dele partidos que responderam recentemente por graves acusações e isso trouxe um grande desgaste. O Geraldo que era o candidato que ia fazer diferente, fazer as mudanças, não ficou com a cara de um candidato da mudança, mas com a cara da manutenção. Então, infelizmente, privamos um bom candidato, uma boa figura, um bom homem público honestíssimo de ser presidente.
Tribuna Ribeirão – O PSDB vai ter que se reinventar?
Duarte Nogueira – O PSDB vai ter que fazer muita coisa, não sei se é se reinventar.
Tribuna Ribeirão – O PSDB terá eleições do diretório nacional em maio. O provável candidato indicado pelo governador eleito João Dória tende a ser o mais forte?
Duarte Nogueira – Sim. O candidato a ser apoiado por João Dória tende a ser o favorito dentro do peso que vai ter o governo de estado em relação aos outros estados que são governados pelo PSDB: o Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, sem nenhum demérito a esses estados. Além da própria bancada federal do PSDB que diminuiu para trinta parlamentares e doze senadores.
Tribuna Ribeirão – O João Dória defende uma guinada do partido mais para a direita?
Duarte Nogueira – O João Dória não defende uma guinada pra direita. O João Dória tem que defender entre aquilo que é conversa fiada e aquilo que é compromisso sério. Aquilo que é teoria e o que é prática na vida de um governo. Então teorizar é muito fácil, agora fazer as coisas acontecerem são outros quinhentos. Eu acho que esse é o estilo que estou imprimindo aqui em Ribeirão Preto. Eu não tenho medo de impopularidade, não tenho medo de tomar decisões que precisam ser tomadas e governo para fazer o melhor para a cidade nesses quatro anos de governo.
Tribuna Ribeirão – Caso nas eleições haja uma divisão entre o grupo de João Dória e o grupo ligado ao ex-governador Alckmin, qual será sua posição?
Duarte Nogueira – Primeiro, as candidaturas não estão colocadas. Você tem o nome do Bruno Araújo como um possível nome a ser apresentado pelo Dória. É um excelente nome. Eu convivi com o Bruno durante dez anos na Câmara Federal. Ele é um jovem com capacidade de trabalho e está motivado. É até agora o único nome. Mas até agora o Bruno tem meu apoio.
Tribuna Ribeirão – Como é sua relação com o governador eleito João Dória?
Duarte Nogueira – É muito boa. Fiz parte do conselho da campanha e fui convidado e faço parte do conselho do governo dele. Fazem parte do Conselho apenas três prefeitos: o Bruno Covas, de São Paulo; o Orlando Morando, da Região Metropolitana, e eu, prefeito de Ribeirão Preto, do interior. Vou ter um canal aberto e permanente. Qualquer informação que eu tenha que falar com ele não passa 24 horas e tenho retorno.
Tribuna Ribeirão – Nesse período que o senhor administra a cidade, se o senhor fosse elencar duas marcas do seu governo ou obras, quais seriam?
Duarte Nogueira – Elas não são quantitativas, elas são de comportamento. Faz dois anos que não há um único ataque de conduta moral e honestidade do prefeito, ou de quem quer que seja da minha administração. Nenhuma. Essa é uma. A outra é governar não com foco nas próximas eleições, mas governar com foco no dia a dia da administração.
Tribuna Ribeirão – Eleitoralmente como o senhor planeja o seu futuro político?
Duarte Nogueira – O meu futuro político vai depender de como eu o conduzir. Quanto melhor for minha administração, melhor será minha avaliação futura para outros voos que eu possa vir a tomar. Como elas estão diretamente relacionadas, estou me dedicando ao máximo à minha cidade sem olhar a questão eleitoral. Questão eleitoral é uma consequência da capacidade do povo de te enxergar como alguém capaz de resolver os problemas de maneira correta.
Tribuna Ribeirão – O senhor ficou decepcionado com a não eleição da sua esposa Samantha Nogueira?
Duarte Nogueira – Não, muito pelo contrário. Eu gostei que ela não ganhou a eleição porque ela ia sofrer muito. Eu acho que ela cumpriu um papel importante. Ela fez uma campanha de ideias, de propostas e não se elegeu pelo pouco tempo de exposição que ela teve e pela dificuldade que todos os candidatos do PSDB enfrentaram nessas eleições, como de outros partidos também, com a visão de mudança. Se ela tivesse sido candidata pelo partido do Bolsonaro, teria sido eleita com o dobro dos votos necessários. Mas ela fez um papel belíssimo e não só ficou no papel de falar mal. Se apresentou e fez um bom trabalho e nós estamos felizes.
Tribuna Ribeirão – O que o esposo Antônio Duarte Nogueira falou para Samantha? Segue o caminho na vida política ou para?
Duarte Nogueira – Eu disse pra ela o que o meu pai falou pra mim há trinta anos – “se um dia você for disputar uma eleição, seja cinquenta por cento mais um da sua capacidade de vencer. Não deposite em ninguém, nem o êxito pela sua vitória e nem as razões pela sua derrota”. E ela cumpriu exemplarmente isso.