As tragédias anunciadas já estão ocorrendo e com frequência que deveria apavorar qualquer ser racional. Tivemos aqui no Brasil deslizamentos em Petrópolis, inundações no Nordeste e em Minas, fenômenos saarianos no interior de São Paulo. Mas ainda sofreremos mais, se não acordarmos imediatamente.
“O que aconteceu no Paquistão não vai ficar no Paquistão”, estava escrito no estande do país na COP-27, realizada no Egito. Ali, as enchentes inundaram mais de um terço do país, mataram 1.700 pessoas e afetaram milhões de outras. Isso vai ocorrer em outras partes do mundo. Nunca se viu derretimento tão rápido de toda a neve que cobre os Alpes, os Andes, as Dolomitas e o desaparecimento das calotas polares.
António Guterres, o Secretário-Geral da ONU, foi contundente em seu discurso: o mundo está “numa estrada para o inferno climático e com o pé ainda no acelerador”. Se alguém ainda tiver alguma dúvida sobre as perdas e danos do aquecimento global, é só visitar o Paquistão. Ali há pesadas perdas e vultosos danos. Exemplo para o mundo insensível, que não quer se converter.
Não é profecia catastrofista. É constatação do que tem acontecido, acontece e acontecerá, cada vez com frequência maior: “A humanidade tem uma escolha: cooperar ou morrer”. O mundo está perigosamente próximo ao ponto de não retorno. “Ou é um pacto de solidariedade climática ou um pacto de suicídio coletivo”.
Não é por falta de aviso que governos e sociedade civil poderão alegar desconhecimento da gravidade da situação. Já passou a fase de se considerar ecologia algo sofisticado, objeto de atenção de elitistas, ou fanáticos. O fanatismo está hoje na estúpida negação do aquecimento global e no desconhecimento de que desmatar, incendiar, destruir, exterminar, não acaba com a Terra, mas acaba com o ser humano.
As pessoas sensíveis têm o compromisso de não perder a capacidade de indignação e de exigir dos seus governos – em todas as três esferas: municipal, estadual e federal – seriedade e compostura no trato da questão ecológica. Nem adiantará mais tarde dizer: “Não digam que não avisei!”. Já não haverá ninguém para escutar.