Muita gente apaixonada invadiu o calçadão de Ribeirão Preto e os shopping centers da cidade no final de semana e também nesta segunda-feira, 12 de junho, para comprar o presente do Dia dos Namorados, celebrado ontem. O varejo do município projeta aumento médio entre 7% e 10%, na comparação com o mesmo período do ano passado. O tíquete médio do presente deve variar entre R$ 180 e R$ 230.
Em 2022, as vendas do comércio ribeirão-pretano avançaram 1,14% em junho, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Apesar das celebrações do Dia dos Namorados, houve queda de 5,23%, em média, em relação a maio, segundo a pesquisa.
O levantamento é feito pelo Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), mantido pelo Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão e Região (Sincovarp) – atende 43 cidades – e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL RP). A cidade costuma registrar média de vendas acima da nacional por já ser um consolidado polo de consumo regional.
Impostos
De um modo geral, o consumidor não sabe quais são as taxas de tributos que incidem nos principais produtos que compõem a lista dos presentes mais procurados nesta época do ano. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra quais impactam no preço final para o consumidor.
O perfume importado, por exemplo, é taxado com 78,99%, e o nacional, com 69,13%. No caso do importado, o diretor do IBPT, Carlos Pinto, explica que pesam também o imposto de importação, o frete, a dolarização, o desembaraço aduaneiro e a taxa de comércio exterior, que elevam o preço do produto internamente.
Os chocolates, sempre lembrados como presente, são tributados em 39,61% e as flores naturais, em 17,71%. Objetos pessoais, como relógios, têm taxação de 56,14% e joias, de 50,44%. Se a opção for por bijuterias, os impostos serão de 43,36%.
No caso de livros, que não têm taxação na saída, os impostos alcançam 15,52%, porque consideram fatores como produção na indústria editorial, energia elétrica, equipamentos, funcionários, frete e gasolina. Outros produtos, como bolsas,têm taxa de tributo que pode atingir 39,95% de cobrança.
O preço dos presentes fica mais alto para o consumidor porque os produtos são taxados dentro do país. Uma característica do sistema tributário brasileiro é esse acúmulo sobre o consumo, diz o diretor do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação.
“A gente tem aí um tributo que entra na base de outro tributo, e isso faz com que haja uma parcela extremamente grosseira dentro de um produto que é relativo à tributação”. Ele considera o sistema de tributação brasileiro antagônico ao sistema mundial.
Na regra geral, existem três fontes de receita do governo: renda (Imposto de Renda); patrimônio (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, Imposto Predial e Territorial Urbano, Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis-ITBI); e consumo.
Quando se tem uma carga tributária elevada sobre o consumo, “não há escapatória para o contribuinte. Porque [no caso de] um carro, por exemplo, que é patrimônio, ele pode dizer que não vai comprar porque o imposto está muito caro”, emenda.
“Mas, no consumo geral, não tem jeito. É armadilha, e todo mundo cai”. No Brasil, esse imposto é por dentro. Ou seja, o consumidor não sabe quanto está pagando. De acordo com Carlos Pinto, o sistema tributário no Brasil é regressivo porque ricos e pobres pagam carga tributária igual sobre um mesmo produto.
Em uma geladeira que custa, por exemplo, R$ 3 mil, a carga tributária é de 60%, o que significa que R$ 1,8 mil são tributos. Para um trabalhador que ganha salário mínimo, R$ 1,8 mil representam cerca de 140% do salário dele; quem ganha R$ 10 mil paga 18% do salário. “O sistema regressivo do Brasil é extremamente prejudicial”, afirma.