Conceição Lima *
É… esses anos todos da Internet são mesmo anos de cão!… Não!… Nenhum sentido pejorativo nessa frase, nenhum xingamento! É que cada “ano canino” corresponderia a sete “anos humanos”, ou seja, o tempo para o cão passa sete vezes mais rápido do que para o homem. Assim também parece ser o “tempo da Internet” em relação ao tempo que conhecíamos. E essa velocidade não vai parar por aqui!
Você, por acaso, se lembra do jornal impresso diário ou dos noticiosos de horário fixo da TV? Pois é!… Agora tudo isso nos parece tão tosco, tão lento! É que a Internet nos trouxe a comunicação instantânea, global, em tempo real, independentemente da distância geográfica.
E as cartas, os telegramas? Meu Deus, como é que conseguíamos viver sem as redes sociais, compartilhando informações a cada segundo, interagindo de forma totalmente dinâmica com textos, imagens, música, vídeos… E, é claro, a criatividade bem-humorada dos emoticons, gifts, memes! Por outro lado, quanto golpe digital, fake news, desinformação! É… neste mundo não há mesmo bônus sem ônus. Temos pagado bem caro por essa incrível democratização e velocidade do acesso à informação online.
A economia, então, essa virou mesmo de ponta cabeça! Novos modelos de negócio surgiram aos borbotões, o e-commerce, as startups, asplataformas de serviços digitais criaram oportunidades para empreendedores ao redor do mundo, fazendo acontecer, de fato, a badalada globalização. Os aplicativos e softwares tomaram conta da nossa vida: a produção econômica foi robotizada, o comércio migrou para a Internet, as transações financeiras são praticamente online, o trabalho é home-office, as reuniões são virtuais. E a EAD (Educação a Distância), via Internet, está crescendo assustadoramente.
Mas, a automação e a digitalização têm derrubado empregos tradicionais, exigindo que trabalhadores adquiram novas habilidades para se manterem competitivos no mercado de trabalho. Tais desafios exigem adaptação rápida e inovação contínua, o que nem sempre é possível nos países analfabytesdo Terceiro Mundo, onde as oportunidades de inclusão digital são muito desiguais. Isso, para não falar das gerações mais idosas, que têm verdadeiro pavor da parafernália digital.
A estrutura social vem se transformando a olhos vistos nesta era pós-Internet. Nenhum segmento consegue mais ficar de fora, inclusive o emocional e o espiritual. As religiões tornaram-se adeptas fiéis da vida online, os relacionamentos amigáveis são quase que exclusivamente pela Internet e os amorosos… nem se fala! As formas coletivas de conexão, como os movimentos sociais e políticos aprenderam a se servir da Internet para organizarem protestos, campanhas e arrecadação de fundos. A conectividade global permite que causas locais ganhem visibilidade e apoio internacional. A cultura e a identidade de cada nação, obviamente, serão afetadas de uma forma que ainda nem se pode calcular. As tradições locais correm mesmo sério risco.
A Internet, sem dúvida, trouxe um nível sem precedentes de conveniência para nossas vidas diárias, tornando nossas tarefas cotidianas infinitamente mais simples e rápidas.Em contrapartida, nossa privacidade vai cada vez mais e depressa para o brejo. Dados pessoais circulando livremente, reconhecimento facial, rastreamento… o fato é que estamos mais expostos do que na Casa do Big Brother. Usufruir dos benefícios da conveniência digital e proteger a privacidade pessoal tem sido um desafio constante.
Não!… Penso que não haverá mais volta. O jeito é tocar a vida em frente. E… acredite! Há formas de prosperar em um mundo cada vez mais digital. Vejamos… O primeiro item é a flexibilidadede se adaptar rapidamente às mudanças.Depois vem o cultivo da inovação: não se trata de uma opção, mas de uma necessidade do mundo atual. Portanto… nada de preguiça! A educação continuada será a única saída para sobreviver no mercado de trabalho e na vida digital. Para isso, será mesmo necessária uma grande resiliência mental, para lidar com a incerteza e o estresse associado ao caos existencial. Finalmente… bingo! Será indispensável praticar efetivamente a tecnologia, a fim de conseguir realizar tudo o que foi dito acima.
Para finalizar, não nos iludamos: a Escola tem, sim, de comparecer. E de acordo com o novo figurino!
* Professora de ensino superior aposentada, escritora e palestrante, é membro eleito da Academia Ribeirãopretana de Letras e fundadora da Academia Feminina Sul-Mineira de Letras