A esperança de que o futuro traga dias melhores sempre perseguiu o ser humano, e com os brasileiros não é diferente. Na história política recente do nosso País, discursos inflamados de políticos populistas deixaram a população cheia de esperanças em um futuro maravilhoso, principalmente os pobres, que também contam com a chancela dos seus lideres espirituais, que afirmam que todo o poder emana de Deus – então é só esperar que este futuro maravilhoso um dia vá chegar.
No entanto, há uma epidemia sistêmica que nos acompanha ao longo da história – que é a corrupção, que muitas vezes nasce no famoso jeitinho brasileiro. Já tivemos governantes que se orgulhavam de serem conhecidos por suas marcas registradas “Do rouba, mais faz” e do “rouba e deixa roubar” que agradava aos empresários que orbitavam nestes ambientes. Diz o ditado: “Não existe governo desonesto em um país com população honesta”, e no Brasil o lado corrupto compõe a maioria da população – haja vista a falta de qualidade da quase totalidade dos nossos governantes.
Mas este sistema carcomido, composto por uma elite de lambe-botas, precisa ser mantido a qualquer custo, pois acabar ou diminuir a distância entre ricos e pobres não faz parte do horizonte desta gente. E neste sistema segregador, a força policial é usada para manter e controlar as populações pobres dentro dos seus ambientes. Neste diapasão, controlar greves e protestos da classe trabalhadora faz parte do controle social, que prima pela exclusão.
Mesmo o caput do artigo 5º da Constituição garantindo que todos são iguais perante a lei, na prática há uma seleção de acordo com a origem, onde negros e pobres têm os seus direitos aviltados a todo o momento. A greve é uma das ferramentas mais importante que o trabalhador possui, e para enfraquecer a força do trabalhador, os donos dos meios de produção usam a lei, e o aparato policial, que é treinado para defender o capital a qualquer custo, pois paira acima de tudo como um deus, e para proteger esse deus sempre valeu tudo – e a morte dos oponentes é o troféu exibido como exemplo, mostrando que esse deus está sempre do lado da prosperidade.
As manifestações de rua, realizadas aos domingos pela elite branca e escravocrata, contra a corrupção, “dos outros”, que levavam seus filhos pequenos para aprenderem desde cedo que não pode haver igualdade entre as pessoas, e para mostrar aos seus rebentos a realidade do mundo que querem manter do jeito que sempre foi não admitindo qualquer mudança. E para materializar as atitudes de superioridade levaram as babás devidamente uniformizadas, para mostrar que a cisão social sempre existiu, e se depender deles nunca vai deixar de existir.
Essa construção social está arraigada no ceio da maioria da população, que aceita passivamente tudo que os ungidos, que chegam ao poder determinam para as suas vidas, e a figura do pobre de direita é o alicerce ideal que sustenta a visão retrógada desta elite. Em 1973, o grande Gonzaguinha, no auge da ditadura militar, já retratava em versos esse comportamento subserviente, que foi ampliado nos dias de hoje. “Você deve estampar sempre um ar de alegria, e dizer: tudo tem melhorado – você deve rezar pelo bem do patrão e esquecer que está desempregado – você merece, você merece”. Portanto: nada de novo!