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Na guerra de retóricas sobre o Meio Ambiente, todos são perdedores

Sempre me pergunto, como um país com tantas coisas positivas para divulgar sobre o Meio Ambiente consegue ser tão criticado nacional e internacionalmente? Vivemos em uma demo­cracia, a imprensa livre e as redes sociais também. Saber lidar com elas não significa se render a elas, mas sim ocupar o espaço concedido para desmontar teses errôneas e factóides. Nós temos argumentos, não precisamos acirrar o confronto. No artigo abaixo, Aldo Rebelo, por quem tenho um grande respeito, faz exatamente isso. Usa argumentos muito bem embasados para destruir a imagem equivocada que tentam passar do Agro, principalmente em relação ao Código Florestal.

Agricultura e Meio Ambiente caminham juntos no Brasil e o maior interessado na preservação é o produtor rural, pois ele depende do clima para sobreviver e vive da terra. Isso fica claro nesse texto, embora ainda haja por aí muita gente querendo colocar um contra o outro. O nosso Código Florestal é uma das mais rigorosas e completas legislações ambientais do mundo e mais de 60% das matas nativas são preservadas no Brasil. E um detalhe importante é que a preservação é feita pelos pro­prietários das terras. Tudo isso são ativos que ficam para segundo plano nessa guerra de retóricas.

O Brasil tem condições perfeitas para harmonizar produção e preservação e já vem fazendo isso.
Portanto não é o Pantanal, não são as queimadas, não é a Amazônia, não são os ambientalis­tas, não são os produtores rurais. É a maneira como esses assuntos são tratados é que precisa ser mudada. Por isso recomendo a leitura na íntegra do artigo de Aldo Rebelo. Espero que gostem!

O Código da Concórdia

A pretexto de criticar o trabalho da unidade Embrapa Territorial, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e de seu pesquisador Evaristo de Miranda e equipe, um grupo de acadêmicos brasileiros publicou em uma revista holandesa o artigo “O Risco de Falsas Contro­vérsias para as Políticas Ambientais brasileiras”.

O Brasil descrito pelos autores do artigo é um predador das florestas e da biodiversidade nacionais, embora os acadêmicos não se deem ao trabalho de explicar as razões pelas quais o Brasil acolhe 30% da biodiversidade do mundo apenas na Amazônia e conserva a maior floresta tropical úmida do planeta.

Sem apontar objetivamente um erro sequer nos trabalhos da Embrapa ou um único estudo contraditório produzido em suas academias, a certa altura da exposição a fúria do artigo se volta contra o Novo Código Florestal Brasileiro do qual fui relator na Comissão Especial constituída na Câmara dos Deputados para debater, analisar e proferir parecer sobre a matéria. Segundo o arrazoado dos articulistas, o Novo Código Florestal teria fragilizado o arcabouço institucional encarregado de proteger o meio ambiente de nosso país.

A questão é que, contrariando os argumentos desses detratores acadêmicos do Código, o Observatório do Código Florestal, uma espécie de ONG das ONGs e que reúne desde WWF, SOS Mata Atlântica, ISA, The Nature Conservancy, IPAM, Imaflora, entre outras, proferiu opinião em sentido oposto durante a Conferência do Clima de Paris, em 2015, em análise na qual apontou o Código Florestal como fiador das metas propostas pelo Brasil na reunião.

Na ocasião, a diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Andreia Azevedo, integrante do Observatório declarou que “o Código Florestal é o principal instrumento legal que permitirá ao País atingir sua meta de redução dos gases de efeito estufa”.

Em 2018, em encontro realizado em Belém, a diretora da ONG com sede na Holanda Soli­darid, Maria de Lourdes Espinoza, classificou o Código Florestal Brasileiro como a legislação ambiental mais rígida entre todos os países produtores de soja.

As acusações, anacronismos e falsas controvérsias dos articulistas espalham desinformação e refletem seu profundo desconhecimento da agropecuária e do mundo rural brasileiro. Provavelmente não houve na história do Brasil uma lei mais discutida, submetida a escrutínio mais rigoroso, com a realização de mais de 200 audiências públicas e reservadas, com agricultores, ambientalistas, cientistas, pesquisadores, gestores ambientais, magistrados, membros do Ministério Público e interessados em geral. A votação da primeira versão do Código Florestal na Câmara dos Deputados colheu 410 votos favoráveis de parlamentares de todo o espectro partidário e ideológico e apenas 63 votos contrários.

É de se perguntar se os que subscrevem o texto com reparos ao Código leram as fundamenta­ções que apresentei ou se deram ao trabalho de consultar as atas das audiências públicas, já que não se disporiam a percorrer o roteiro de visitas que alcançaram todo o território nacional, todos os biomas de fronteira a fronteira da Pátria.

Os detratores do Código na revista holandesa estão desafiados a apresentar outra legislação, de qualquer outro país do mundo, que seja mais restritiva ao uso da propriedade do que a legislação brasileira. É evidente que se não o fizeram na catilinária publicada é porque não encontraram nenhum caso no mundo que pudessem apontar.

Ao apresentar o Brasil como vilão do meio ambiente os roteiristas do faroeste do clima estavam obrigados a indicar os mocinhos protetores da natureza e da floresta nos países ricos. Poderão fazê-lo em audiência que, ao que parece, o Senado promete realizar sobre o assunto, à qual terei a imensa curiosidade de ouvir os autores do texto e com eles debater.

O Brasil cometeu e comete uma lista interminável de pecados na sua relação com a natureza. Da mesma maneira que é também verdade que não somos os pecadores cercados de querubins protetores do clima, carregados de virtudes e munidos da autoridade internacional para castigar o pecado alheio. Que todos os pecadores se apresentem diante do mesmo confessionário e recebam o castigo proporcional aos seus erros.

O Novo Código Florestal Brasileiro pacificou o país, deu ao meio ambiente garantias sem compara­ção com nenhuma outra norma no mundo, ofereceu aos produtores rurais a segurança jurídica mesmo ao preço de sacrifícios e renúncias sem comparação com nenhum outro produtor do planeta. Ao manifesto da discórdia publicado na revista holandesa o Brasil oferece o Código da Concórdia.

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