De relevância internacional, o Festival Música Nova “Gilberto Mendes” retoma a sua programação em modelo inovador a partir deste sábado, 10 de abril, e prossegue até dia 22 aliando o real e o virtual. Maior e mais duradouro evento de música contemporânea da América Latina, criado pelo saudoso maestro homônimo (1922-2016), chega à 55ª edição com participação de artistas de Ribeirão Preto, Cubatão, Santos, São Paulo e São Vicente.
A programação é totalmente gratuita e contará com mais de 20 atividades, em um circuito de nove concertos, além de oficinas e palestras que contemplam a música experimental de todos os tempos. A programação será aberta por um concerto sequencial de violões, violas e instrumento de sopros, com obras dos compositores ribeirão-pretanos Lucas Galon (*1980), Rafael Fortaleza (*1989) e José Gustavo Julião de Camargo (*1961), além de composições de Béla Bartók (1881-1945) e David Liebman (*1946).
Será às 20 horas, com transmissão online pelo canal da USP Filarmônica no YouTube (http://www.youtube.com/uspfilarmonica). Os intérpretes são Gustavo Silveira Costa, violonista e violeiro, Samuel Pompeo, multi-intrumentista de sopros e José Gustavo Julião de Camargo, que, além de violeiro e compositor, interpreta obra autoral em estreia mundial.
No domingo (11), também às 20 horas, o programa é voltado para piano, flautas e canto, com obras de Lucas Galon (*1980), Thomas Hennig, Silas Palermo (*1970), César Guerra-Peixe (1914-1993), Edmundo Villani-Côrtes (*1930), Edgard Varèse (1883-1965) e Lucas Pigari (*1991). As obras de domingo serão interpretadas pelos artistas Allan Duarte Manhas (piano), Thaina Souza (soprano), Sérgio Cerri (flauta) e Flávia Botelho (piano).
A noite será marcada por três peças em estreia mundial. Já na segunda-feira (12), às 20 horas, o concerto do Música Nova conta com sequência de obras para clarinete, violoncelo, flauta e guitarra elétrica. São destaques as obras de Svante Henryson (*1963), Guillaume Connesson (*1970), Silvia Maria Pires Cabrera Berg (*1958) e Vitor Zafer (*1989), em estreia mundial. O concerto terá interpretações de Igor Picchi Toledo (clarinete), Ladson Bruno Mendes (violoncelo), Sara Lima (flauta) e Vitor Zafer (guitarra elétrica).
A programação completa está disponível no site do Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (DM-FFCLRP-USP) no endereço: www.ffclrp.usp.br/musica. O 55º Festival Música Nova “Gilberto Mendes” é uma realização do Imaginário Coletivo de Arte com apoio do governo de São Paulo.
Conta com incentivos da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC) Expresso LAB e do governo federal pela Lei Aldir Blanc. O festival acontece em parceria com o Departamento de Música da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (DM-FFCLRP-USP), Academia Livre de Música e Artes (Alma) e a ETMD Ivanildo Rebouças da Silva.
“Nosso objetivo é contribuir para a formação de músicos e plateia, dando visibilidade aos compositores, proporcionando intercâmbio entre artistas, além de democratizar o acesso à arte, à medida que registramos e divulgamos a programação em formato online”, destaca o diretor artístico Márcio Barreto.
Segundo Lucas Galon, também diretor artístico do festival, o Música Nova tem uma tradição que vem da música de vanguarda, principalmente dos anos 60. “Desde que o FMN passou a ter sede em Ribeirão e, agora, aberta a possibilidade de novos públicos em ambiente digital, foram estabelecidas essas linhas para as mais diversas possibilidades, desde a nova consonância até as músicas experimentais de todos os tempos”, explica.
Gilberto Mendes
Gilberto Ambrósio Garcia Mendes foi compositor, professor universitário e autor de livros e artigos sobre música, um dos principais nomes da música contemporânea brasileira de vanguarda. Pioneiro em música aleatória e música concreta no Brasil, foi signatário do Manifesto Música Nova de 1963.
Sua obra mais famosa é certamente o “Moteto em Ré Menor” (1967), mais conhecido como “Beba Coca Cola”, para vozes corais e poema de Décio Pignatari (1927-2012), em que fica explícita a sua diversidade do material sonoro e pelo emprego do humor e da crítica social.