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Cultura

Música e cinema, outras paixões de Pelé

Crédito: Reprodução/Youtube

A consagração no futebol nunca pareceu ser o suficiente para Pelé. A carreira artística sempre o fascinou, especial­mente a música e o cinema. Em diversos momentos, ele trocou a bola por violão e microfones, e, em vez de ensaiar jogadas, preferiu decorar textos para fil­mes e especiais de TV.

A música sempre foi uma das paixões de Pelé, conhecido por dedilhar violões nas con­centrações do Santos e da sele­ção. Verdadeiros ensaios para gravações solo ou acompanha­do de estrelas como Elis Regina e Gilberto Gil. Em seu Dicioná­rio da Música Popular Brasilei­ra, o pesquisador Ricardo Cra­vo Albin observa que o jogador também serviu de inspiração para vários cantores e composi­tores que fizeram músicas para homenageá-lo em vida.

“Em 1960, a Orquestra e Coro RGE gravou a marcha ‘Pelé, Pelé’, de Alceu Menezes. Em 1961, o cantor Luiz Vander­ley gravou pela RCA Victor o chá-chá-chá ‘Rei Pelé’, de Wilson Batista, Jorge de Castro e Luiz Vanderlei. Essa composição foi regravada dois anos depois pelo Coro do Clube do Guri. Em 1962, a dupla sertaneja Cra­veiro e Cravinho oficializou a cana-verde ‘Pelé dos Pobres’, de Sulino, Moacir dos Santos e Fer­nandes. No mesmo período, o cantor Paulo Tito gravou o baião ‘Pelé’, de Gordurinha. Em 1963, o choro ‘Pelé’, de Oiram Santos, foi gravado por Eli do Banjo na gravadora Copacabana”, infor­ma o pesquisador.

Cantor
Cravo Albin revela também as atividades de Pelé como can­tor. Em 1969, ele gravou com Elis Regina o compacto simples Tabelinha – Elis x Pelé (Phillips), que contém as músicas “Perdão Não Tem” e “Vexamão”, de sua autoria. Em 1978, foi lançado o LP Pelé (WEA), com a trilha sonora original do filme lança­do naquele ano sobre sua des­pedida do futebol. O disco tem produção e arranjos de Sérgio Mendes e traz Pelé cantando em duas faixas em dueto com a cantora Gracinha Leporace, “Meu Mundo É uma Bola” e “Cidade Grande”.

O disco traz ainda outras duas composições de sua auto­ria, “Nascimento” e “Voltando a Bauru”, além de canções de Sérgio Mendes. Pelé voltou a gravar um compacto em 1979, com as músicas Criança e Mo­leque Danado, de sua autoria e fruto de seu engajamento em favor dos menores de idade.

Nas telonas
O cinema foi outro cami­nho de exposição utilizado por Pelé. A primeira vez em que ele apareceu na tela grande foi na comédia “O Barão Otelo no Barato dos Bilhões”, dirigido por Miguel Borges em 1971. Estrelado por Grande Otelo e Dina Sfat, o filme tem a parti­cipação de Pelé como Doutor Arantes – nos créditos, ele é nominado como Edson Aran­tes do Nascimento.

Em 1979, Anselmo Duarte convidou o jogador para figu­rar como ele mesmo em “Os Trombadinhas”, longa policial em que Pelé ajuda na recupe­ração social de menores de rua. Ele voltou a ser protagonista em “Pedro Mico”, drama que Ipoju­ca Pontes dirigiu em 1985 base­ado na peça de Antonio Calado. Conta a história de um malan­dro carioca que rouba joias e foge, enganando sua quadrilha, que passa a persegui-lo nos morros, como a polícia.

Mas foi em 1981 que Pelé deu o maior salto cinematográ­fico ao participar de “Fuga Para a Vitória”, longa dirigido por John Huston. O filme é reche­ado de estrelas como o sueco Max von Sydow, que interpreta um major do exército alemão. Durante a 2ª Guerra Mundial, ele decide organizar um amis­toso entre a Alemanha e prisio­neiros aliados comandados por um capitão inglês vivido por Michael Caine. Pelé deu as dicas das jogadas que foram filmadas (como uma belíssima bicicleta sua), mas estranhamente vive um prisioneiro vindo de Trini­dad e Tobago.

Pelé ainda viveu um repór­ter esportivo em “Os Trapa­lhões e o Rei do Futebol”, em 1986, além de inspirar outros dois documentários: “Isto é Pelé” (1974), de Eduardo Esco­rel e Luis Carlos Barreto, e “Pelé Eterno” (2004), de Anibal Mas­saíni Neto.

Pelezinho fez sucesso
Em abril de 1977, um dos mais bem-sucedidos quadrinis­tas do Brasil e do mundo, Mau­ricio de Sousa, resolveu home­nagear o maior ídolo do esporte nacional. O gibi Pelezinho, que contava as histórias do garoto Pelé quando tinha 7 anos, foi lançado pela Editora Abril em 1977 e durou até 1986 (foi re­lançado pela Editora Panini em 2012, modernizado e adequado à era da internet).

Pelezinho fez tanto sucesso que Mauricio até tentou empla­car novos personagens, como Dieguito (baseado em Diego Armando Maradona), Ronaldi­nho (Fenômeno) e o Senninha (Ayrton Senna). Mas a recepção do público não foi a mesma. Em 2013, o gibi de Pelé foi lançado na Alemanha, durante a Feira do Livro de Frankfurt. Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, a história em quadrinhos virou uma série de vinhetas de anima­ção no Discovery Kids.

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