Adriana Dorazi especial para o Tribuna
Desde 2016, quando parte do teto dos Museus Histórico e do Café de Ribeirão Preto, localizados no campus da Universidade de São Paulo – USP, desabou danificando o primeiro órgão da Catedral em março, a população da cidade ainda não sabe quando terá de volta o direito de resgatar a própria história.
Isso porque a falta de recursos atrasa o início das obras e coloca em risco a conservação adequada do acervo que, por enquanto, segundo a administração municipal “está acondicionado na casa principal do Museu Histórico, onde não há problemas de infiltração e também é o local mais seguro em relação à questão de vandalismo”.
A segurança estaria sendo feita por revezamento em tempo integral da Guarda Civil Municipal, com vigia noturno e sistema de câmeras, mas apesar do questionamento da reportagem, não ficou esclarecido o estado de conservação do acervo que requer cuidados especiais devido a ação do tempo, clima e temperatura.
Em dezembro do ano passado a prefeitura chegou a apresentar um projeto executivo para a reforma e restauro do Complexo dos Museus. Esse estudo foi concluído no início deste ano, mas para começar, “a pasta aguarda captação de recursos para dar início à licitação das obras”, o que ainda não tem prazo definido.
A obra está orçada em R$ 15 milhões e prevê a construção de um novo prédio e de uma praça para eventos. Caso consiga ser finalizado conforme foi planejado, o complexo dos museus do Café e Histórico contará com 4,5 mil metros quadrados de área construída. Além dos prédios dos museus e da reserva técnica, o espaço vai contar com a Casa do Colono, o coreto, um belvedere, jardins e um estacionamento para visitantes.
Até quando?
Nesta semana foi publicado no Diário Oficial o extrato do sexto termo de rerratificação do contrato da prefeitura com a Corsi Arquitetura e Construções Ltda., responsável pela elaboração de projeto executivo completo de arquitetura e engenharia para reforma e restauração do complexo dos Museus Histórico e de Ordem Geral e do Café. Com isso, o imbróglio ganha pelo menos mais seis meses de prazo.
Segundo a prefeitura, esse projeto executivo foi aprovado pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado. As obras terão acompanhamento do Conselho também. A prefeitura da USP não participa desse processo.
Antes mesmo do forro desabar os prédios já apresentavam muitos problemas estruturais. De acordo com a administração municipal a busca de recursos para a obra deve ser externa, com a captação de financiamentos.
Os museus possuem peças que retratam parte importante da história de Ribeirão Preto, principalmente da época cafeeira. Uma Comissão Especial de Estudos (CEE) na Câmara Municipal constatou a deterioração do acervo dos museus causada pela umidade excessiva, o que demandou mais recursos para a recuperação. Foi a CEE que embasou a ação civil movida pelo Ministério Público (MP).
Em 2017, a Justiça determinou que a prefeitura iniciasse em até 90 dias a restauração dos museus, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. A administração recorreu da sentença, que acabou sendo mantida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em março de 2018. A multa chegou a ser executada, mas nada de fato mudou.
A reportagem do Tribuna Ribeirão solicitou informações atualizadas do MP e ao TJ-SP sobre essa ação, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno. A prefeitura não comentou o andamento da questão judicial.