No lugar do estádio, um teatro. Só que pode parecer o contrário. “Aqui é trabalho e muita resenha” é o mais novo desafio de Muricy Ramalho e Denílson “Show”, que prometem agitar os torcedores nos palcos. O público de Ribeirão Preto e região poderá acompanhar esse bate-papo em 10 de março, sábado, às 21 horas, no Theatro Pedro II. Os ingressos já estão à venda no site www. ingressorapido.com.br e na bilheteria do teatro.
Custam R$ 140 (plateia A), R$ 120 (plateia B e frisa), R$ 100 (balcão nobre) e R$ 80 (balcão simples e galeria. A meia-entrada para estudantes e professores de escolas públicas e particulares (mediante apresentação de documento comprobatório como carteirinha da instituição, boleto de mensalidade ou holerite), aposentados (com documento específico) e idosos acima de 60 anos (com cédula de identidade, o RG) custa R$ 70, R$ 60, R$ 50 e R$ 40, respectivamente. Portadores de necessidades especiais devem comprar o bilhete somente no guichê.
O espetáculo não é recomendado para menores de 12 anos devido ao horário. O espaço tem capacidade para receber 1.588 pessoas, mas parte foi interditada em 2016 pelo Corpo de Bombeiros por causa da altura do parapeito – hoje aceita até 1.300 espectadores. O telefone para mais informações é (16) 3977-8111. O nome do projeto faz uma referência ao bordão do ex-técnico Muricy Ramalho (“aqui é trabalho”) e deixa claro o motivo deste reencontro – “muita resenha”. Guilherme Alf vai mediar o bate-papo.
“Tem sido engraçado, um momento de muito aprendizado. Já tinha um bom tempo que eu não encontrava ele com frequência, assim de bater papo. Com o início desse projeto eu passei a descobrir muitas coisas da carreira de treinador que eu não tinha nem ideia”, afirma Denílson. “Não somos atores, vamos contar nossa realidade. Eu como ex-treinador e o Denílson como ex-jogador. Vou contar coisas que as pessoas não sabem, o que acontece no vestiário de futebol, o que o treinador passa, como o jogador consegue sucesso”, explica Muricy.
Prestes a completar 62 anos, Muricy Ramalho segue surpreendendo no futebol. Depois de ter sido jogador e treinador em diversos times brasileiros, o ídolo agora é comentarista do SporTV, “consultor” informal do São Paulo FC e também palestrante – já treinou o Botafogo de Ribeirão Preto no final dos anos 90, quando o Pantera estava na elite do Brasileirão (atual Série A). Ao lado do ex-craque Denílson “Show”, campeão da Copa do Mundo de 2002 e comentarista da Bandeirantes, tem reforçado a equipe de palestrantes de uma empresa de educação corporativa, a Insperiência, que idealizou o projeto. Na década de 1990, os dois pertenciam ao São Paulo e passaram juntos por muitos momentos nos bastidores da bola.
Treinador x jogador – “Aqui é trabalho e muita resenha” tem como objetivo trazer ao público histórias inéditas e emocionantes da trajetória destes dois grandes nomes do futebol brasileiro. Para isso, o roteiro segue o mesmo formato de uma partida: com primeiro tempo (focando na carreira de Muricy Ramalho), show de intervalo (momento de interação com o público), segundo tempo (a vez de Denílson ser o foco das atenções) e acréscimos (simulação de uma coletiva de imprensa).
O gancho da apresentação está justamente no relacionamento entre treinador e jogador que marcou a dupla para sempre. Muricy foi o primeiro técnico de Denílson quando também começava sua carreira no banco do São Paulo. “Há 23 anos ele foi o cara que olhou e disse: ‘esse garoto tem talento’, quando eu estava com 16 anos apenas, prestes a fazer 17. Ele me profissionalizou e orientou de uma forma muito bacana”, relembra Denílson.
Enquanto Telê Santana era responsável pelo time principal, Muricy comandava o time de meninos que ficou conhecido como “Expressinho” na conquista da Copa Conmebol de 1994. Além de Denílson estavam também no elenco Rogério Ceni, que se tornou um dos maiores ídolos do clube, e Caio Ribeiro, atualmente comentarista de futebol da Rede Globo.
Muricy que já havia sido jogador do São Paulo, passou por todas as categorias de base até chegar ao time profissional, nunca escondeu seu carinho pelo clube onde literalmente cresceu. Tanto é que com a crise do time nesta temporada torcedores se movimentaram pedindo sua ajuda, fazendo com que a diretoria o procurasse.
“Na época que a situação do São Paulo estava muito ruim me pediram ajuda como coordenador. Eu disse que não podia, mas fui lá almoçar com o Dorival. Não fiz palestra com os jogadores como dizem, só converso com o Dorival e mando mensagens positivas”, afirma. “Não sou consultor e sim muito amigo do Dorival Júnior. A melhora do time é uma coisa que ia acontecer mesmo, ele é um bom treinador. Só que uma palavra de um amigo sempre ajuda, é o que tenho feito até hoje”, completa.
Alerta de spoilers! – Alguns assuntos delicados e polêmicos são tratados durante a apresentação. Muricy conta em detalhes sobre como recebeu o convite para comandar a Seleção Brasileira e não poupa críticas ao ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. Já Denílson relembra o fato de ter sido barrado de usar as instalações do São Paulo em 2007 por João Paulo de Jesus Lopes, diretor de futebol na época. Histórias de concentrações, Copa do Mundo, Messi, Neymar, estão também no roteiro.
“Agora sim é espetáculo, meu filho!” – Muricy não precisa mais impor uma postura séria para obter respeito do elenco ou de rivais como na época de treinador. Longe das preocupações, ele pode revelar então seu lado descontraído não tão conhecido pelos torcedores e muito menos pela imprensa. “A torcida paga ingresso para ver o time vencer. Quem quiser ver espetáculo que vá ao teatro”, esbravejava Muricy em 2008.
Na ocasião, ele rebatia uma crítica por ter vencido o Náutico pelo placar simples de 1 a 0. O resultado foi satisfatório para o objetivo da equipe no torneio, com Muricy se tornando naquela temporada o primeiro técnico a conquistar três vezes seguidas o Campeonato Brasileiro. Só que estas respostas atravessadas a jornalistas ou críticos devem ficar no passado. Questionado sobre aquela frase, ele demonstrou bom humor, concordando que agora sim terá que dar espetáculo.
“Acho que sim (risos). Agora que estamos no teatro, realmente. Aqui é uma experiência diferente. Temos um roteiro, mas não é nada decorado. Vamos sair muito do texto. Também vamos ter a participação das pessoas, então deve ser bem legal. Nós dois estamos muito felizes com esse reencontro”, afirma.
Ao ser questionado se a antiga fama de Muricy já não assusta mais, Denílson prefere manter a cautela: “Mesmo sem ser treinador, ele é sério. O Muricy tem uma preocupação muito grande de passar realmente uma mensagem positiva. Eu falo para ele: ‘sua história por si só já é uma mensagem positiva’.”
“Eu vejo a minha desta forma também. Eu não quero que olhem para mim com pena, como o garotinho pobre que saiu de Diadema. Quero que pensem, se ele conseguiu eu também posso. Eu não tinha condição financeira, eu ia treinar andando. Temos que buscar superação”, recorda.
Treino e estudo nos bastidores – Se engana quem pensa que irá ao teatro assistir a um simples bate-papo informal. “Aqui é trabalho e muita resenha” vai muito além disso. Por trás do entrosamento entre Muricy e Denílson há estudo e treinamento, como nos tempos de jogo. Para isso, a dupla contou com o apoio de especialistas comprometidos com o projeto. Responsável pelo roteiro, o mediador e relações públicas Guilherme Alf acompanhou de perto o desenvolvimento do projeto. Na semana antes da pré-estreia eles realizaram o “reconhecimento do gramado”, repassando o script para acertar os últimos detalhes.