Por Julia Queiroz
Rita Lee ganhou um mural em sua homenagem na Vila Mariana, bairro onde cresceu em São Paulo. O painel de 8 metros de altura e 15 de comprimento está localizado na Avenida Domingos de Moraes, 320, em frente à estação Vila Mariana do metrô.
A obra começou a ser preparada nesta semana pelos irmãos Paulo e Pedro Terra, com a ajuda de Eraldo Moura, e foi concluída ontem. Os artistas decidiram criar a arte após serem incentivados por seguidores nas redes sociais.
“Como já fiz diversas homenagens, pediram para fazer uma para ela”, explica Paulo aoEstadão. A “rainha do rock” morreu no dia 8 de maio, aos 75 anos. Com os pedidos, ele começou a busca de um local para o painel e, com dicas de seus seguidores, Paulo recebeu a ajuda do proprietário de um restaurante, que ofereceu o espaço para a homenagem.
Os artistas reproduziram duas fotos clássicas da cantora, uma dos anos 1960 e outra da década de 1990. “Escolhemos imagens de impacto que remetem ao semblante dela”, diz o muralista.
Rita morou na Vila Mariana até os 19 anos, em um casarão na Rua Joaquim Távora. “Era uma escola antes, cheio de salas e quartos, de sobes e desces e, depois que nasci, se transformou no meu castelo encantado. Minhas irmãs e eu ensaiávamos danças e teatrinhos no amplo porão da casa. Era uma farra. Colecionávamos pôsteres de filmes, fotos de ídolos, paisagens bonitas e, com o tempo, todas as paredes do porão viraram o Planeta Lee”, contou ela no livro Uma Autobiografia (2016).
No livro, a cantora também narrou como rascunhou suas primeiras canções. “Havia uma molecada aqui e ali que montava banda, mas nada além de um hobby passageiro. Eu tive uma banda só de meninas no Pasteur que fez um sucesso razoável nos festivais de escolas, chamava-se The Teenage Singers.”
RANGO
Quando se casou com Arnaldo Batista e, junto dele e de Sérgio Dias, lançou Os Mutantes, Rita se mudou do bairro, mas logo voltou, quando já estava separada. “Morei em vários lugares em São Paulo, mas um belo dia bateu uma baita saudade da Vila Mariana. Encontrei um sobradinho simpático na Rua Pelotas longe o suficiente da casa dos meus pais, mas perto o bastante para ir a pé fazer uma visitinha e filar um rango gostoso.”
Foi lá também onde ela foi presa, em 1976, grávida do filho Beto Lee. “Em agosto, sete meganhas invadiram minha casa sem qualquer mandado e plantaram um monte de cannabis. Eu estava grávida de dois meses e nem queria ver drogas pela frente, mas fui presa para servir de ‘mau exemplo’ para a juventude.
Quando o Deic foi bombardeado, escutei o estrondo de casa. Dia seguinte tentei passar por lá para comemorar, mas a região estava interditada e naquela época a gente morria de medo de tudo”, contou ela na biografia Rita Lee Mora ao Lado, do jornalista Henrique Bartsch.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.