Tribuna Ribeirão
Política

Muniz depõe sobre demolição polêmica

Na mais longa sessão extra­ordinária do ano, na tarde desta quinta-feira, 31 de agosto, o dire­tor do Departamento de Fiscali­zação Geral da Secretaria Mu­nicipal da Fazenda, Antônio Carlos Muniz, depôs por mais de duas horas. Ele foi convo­cado para esclarecer um inci­dente ocorrido em 27 de julho, durante a reintegração de posse de parte da área da Favela das Mangueiras, na Vila Virgínia, Zona Oeste de Ribeirão Preto, quando um barraco foi demoli­do apesar de a moradora ter ob­tido uma liminar.

Muniz disse aos vereadores que não foi arbitrário ou trucu­lento e, apesar do depoimento se destinar exclusivamente ao inci­dente da Favela das Mangueiras, não se furtou a responder inda­gações sobre outros assuntos. No caso da Vila Virginia, vazou a gravação de um diálogo do chefe da Fiscalização Geral, que cumpria ordem de reintegração de posse, com uma moradora. No áudio, apresentado na Câmara por Lin­coln Fernandes (PDT), ele diz fra­ses como “pode chegar advogado, juiz, promotor, vamos derrubar tudo hoje” e “eu não vou aguar­dar advogado nenhum, vou der­rubar (o imóvel da mulher)”.

Quando apresentou a de­núncia na Câmara, no início de agosto, Lincoln Fernandes disse que Muniz havia desrespeitado a liminar judicial obtida pela mo­radora que proibia a demolição. O Tribuna apurou que a Pre­feitura de Ribeirão Preto só foi notificada às 7h40 da manhã do dia 28, ou seja, após a demolição. Ontem, Muniz reclamou que o áudio mostra apenas parte das conversas que teve com a mora­dora de uma casa na rua Barão de Mauá, dentro da área que se­ria reintegrada.

“A gravação mostra apenas trechos do diálogo. Fiquei cerca de uma hora e meia em contato com essa moradora. Cheguei a chamar as assistentes sociais da Cohab-RP (Companhia Habita­cional Regional) e da Secretaria Municipal de Assistência Social (Sema) e fui informado que a moradora em questão já havia ganhado um apartamento no bairro Branca Salles. Mas, insa­tisfeita, vendeu o apartamento e retornou para a comunidade das Mangueiras”, conta.

A informação de que a mora­dora autora da “denúncia” contra Muniz já havia sido beneficiada pela Cohab-RP com um aparta­mento, vendido o imóvel irregu­larmente, embolsado o dinheiro e voltado para sua casa na favela caiu foi uma ducha de água fria e inibiu os parlamentares. Fernan­des, em seu discurso na tribuna, chegou a avisar Muniz de que a moradora estava assistindo a ses­são pela internet, ao vivo, e que o diretor da Fiscalização Geral poderia pedir desculpas.

O chefe do setor respondeu que não pediria desculpas por­que não tinha feito nada errado. “Não fui truculento, apenas agi com firmeza. O áudio não mos­tra o tom com que a moradora se dirigiu a mim. Essa reintegração de posse está sendo preparada desde 2009, ninguém foi pego de surpresa”, frisou Muniz. Ao final, vários vereadores foram à tribu­na para elogiar o desempenho dele uniz à frente da Fiscaliza­ção Geral.

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