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Município Verde

Feres Sabino *
advogadoferessabino.wordpress.com

Se a tragédia fosse, por si mesma, um fator de consciência assumida para fazer preventivamente o que for necessário para preveni-la ou evitá-la, não teríamos mais guerras, o fenômeno mais expressivo da estupidez humano, depois da continuada desigualdade social, que arrasta o sofrimento de milhões de famintos no mundo, diariamente.

Mas, precisamos sempre retirar dela, tragédia, ao menos, as melhores lições, como da desgraça atual que arrasa o estado do Rio Grande do Sul, que antes fora atacado por seca arrasadora, agora por um aguaceiro, que definitivamente coloca o Brasil no mapa dos ciclones e furações.

Lá, a água que antes subia dois centímetros, nas ruas centrais das cidades, chegou a quatro metros, mesmo no centro delas. Seguramente, é a revolta da natureza desgastada pela atuação generalizada do ser humano, que não escolhe espaço para alimentar sua ambição predatória.  E essa revolta exibe as mudanças climáticas.

É a água, é o vento, é a terra, é o mar. Tudo com a intoxicação do agir da humana, para poluir a água, que contamina o vento, que envenena a terra e o mar. Não só pelo consumo crescente, como pelo cultivo cultivado com agrotóxicos, liberados a granel, como o vento que sabe lá quantos vírus traz dos desmatamentos das florestas, ou quando aquela grande floresta foi simplesmente encoberta pelas águas da Usina construída.

Essa onda de desgraça que deve abalar cada um de nós, até pela força da solidariedade, que nem sempre é forte para superas os interesses econômicos e políticos de potenciais guerreiras, e, por isso, nesse caso, conduz um alento de esperança. Tanto que nos faz sugerir para o nosso pequeno espaço municipal alguma política pública motivada por tais mudanças climáticas, que nos atingem indistintamente, onde quer que estejamos.

Seguramente, nossos políticos e nossas autoridades locais já pensaram em converter o nosso espaço territorial, urbano e o que resta do rural, em Munícipio Verde, para copiar o que o município de Paragominas, no Pará, um dia, por volta de 2007, adotou, em diálogo com a sociedade civil, acabar com o desmatamento desenfreado da floresta amazônica, convertendo-o em prática de sustentabilidade, que se foi importante como foi, não o foi bastante para ser generalizada e absoluta, permanentemente.

Mas. O nosso Município Verde, que no caso seria de Ribeirão Preto, e no caso pode ser da Região Metropolitana, tem chão para todo tipo de inteligência criadora dominada por vontade política férrea.

A água, por exemplo, entregue, naturalmente, ao benefício de tê-la como lençol freático o Aquífero Guarani, que atravessa o país até outros países, merece não só do Poder Público a determinação de protegê-la, como a conscientização da sociedade sobre o porquê de sua importância, que desperta tanta ambição imperialista desejosa de ter sua titularidade mandona, já que a água já está sendo disputada como butim de guerras, que promete mais desavenças no futuro.Por que aproveitar as águas do rio Pardo, o que causara de efeito perverso, se tanto, aos municípios a jusante? qual efeito terá, se terá, no regime dos peixes?

E as arvores, quantas e quais precisariam para recobrir o espaço da cidade. Só no centro da cidade, há anos, seriam necessárias oitocentas arvores, disseram-me.

O Horto Florestal de Ribeirão Preto, há vinte anos, era registrado na reportagem de Júlio Chiavenato como fornecedor diário de dez mil (10.000) mudas. Hoje, não se sabe quantas são produzidas, e ele foi transferido de lugar, sem a devida divulgação, já que a população tem direito de sabe–lo.

Mas, não percamos a esperança, porque a realidade está cada vez mais gravosa, e talvez tenhamos um dia, a Câmara de Vereadores discutindo profundamente cada aspecto de nosso meio ambiente, vivenciando os poderes que a investidura do cargo lhe dá, sem parecer que para problema sério o melhor é servir de estafeta do Ministério Público.

E para a mobilização permanente da sociedade civil, especialmente através das Associações de Classe, poder-se-á ter campanha eleitoral com os candidatos a prefeito e vereadores como agentes da realidade ambiental, a matéria do dia e da noite de todos os cidadãos.

Município Verde é a proposta para um governo. É uma proposta para uma campanha eleitoral, que se avizinha. Mas, não se precisa aguarda tal ato-fato.

* Procurador-geral do Estado no governo de André Franco Montoro e membro da Academia Ribeirãopretana de Letras 

 

 

 

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