Edwaldo Arantes *
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Em uma noite lenta, em silêncio sepulcral, tentando apenas imaginar o coaxar dos sapos e a voz dos riachos, me deparei com uma manchete na Internet: “As cinco mulheres e deusas mais lindas da Mitologia Grega”.
Cliquei abrindo nas imagens e os nomes das cinco: Afrodite, Ártemis, Deméter, Hera e Atena.
Pus-me a pensar em dois olhos verdes que sob o acanhamento se escondem como as lagartas em seus casulos, ficando pequenos, quase imperceptíveis.
Quando a segurança retorna, dissipando a timidez, os olhos de turmalinas se abrem e desabrocham como as borboletas deixando suas moradas.
O verde que emana deles supera todas as nossas matas, florestas e flora, inclusive um “ Ipê Verde” que plantamos em frente a nossa casa, na distante infância.
Descendo pelo rosto, desenha-se uma boca de fazer inveja aos traços e aos pincéis de Michelangelo di Lodovico Buonarroti e Leonardo di Ser Piero da Vinci em curvas e contornos de linhas geométricas perfeitas, que se abrem em um sorriso, mistura de charme, fascínio, formosura e também com seus mistérios e enigmas, tal qual a Esfinge “Decifra-me ou devoro-te”.
Passando pelo queixo esculpido em pedra sabão, descortina-se um pescoço apenas reservado pela natureza aos Cines Imperiais dançando e se acariciando em deslumbre sobre as águas em lagos plácidos ao entardecer, seus pescoços entrelaçados, lembrando os noivos e taças, em seus brindes com as mãos e braços trançados.
Ao término do pescoço a imagem dos ombros, fortes, elegantes, que mais parecem duas muralhas, guardando e protegendo, duas obras de arte esculpidas como peras amadurecendo no pé a espera de serem colhidas, com suas duas e rígidas flechas apontando para o azul do céu.
Setas que nos fazem sonhar que um dia, apenas uma vez, sejam dirigidas aos nossos olhares e deslumbramentos ou ao coração como o Cupido.
Descendo o corpo escultural, tal qual um explorador perdido na mata escura, surgem dos mais íntimos e guardados segredos, um par de obras, gravadas, talhadas, insculpidas e moldadas por uma torno operado e manuseado pelas mãos do Divino Criador.
Terminando em dois pequenos pedestais, sustentáculos, suportes e alicerces a equilibrar tudo. A ciência os define como os “espelhos da alma”.
E eu, pobre e obscuro mortal em sonhos os vejo caminhando harmoniosos, em feitiços e tudo o que sustentam, em minha direção.
Descobri então, em um lampejo de luz, uma catarse que não são cinco as Deusas mais lindas da mitologia grega, mas sim, seis e, principalmente, a sexta nomeada; Turmalina, a Deusa dos Olhos Verdes, sob a proteção de Zeus e todos os Deuses do Olimpo.
Existem ainda, as cinco mulheres, que são seis mais lindas da mitologia grega: Penélope, Rainha de Ítaca, Helena de Tróia, Andrômeda, a Princesa da Etiópia, Eurídice, a inspiração de Orfeu e Psiquê, que encantou o amor e, eternamente, a sexta, Turmalina, a musa dos olhos verdes.
* Agente Cultural