Estudo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), com base nas informações dos Cartórios de Registro Civil no Estado de São Paulo, mostra que o número médio de filhos, entre 2000 e 2020, passou de 2.08 filhos por mulher para 1.56, redução de 25%.
A diminuição da fecundidade no interior do estado foi da ordem de 24,4%, passando de 2.01 para 1.52 filho por mulher, nos últimos 20 anos. Na Região Administrativa de Ribeirão Preto, composta por 26 cidades, caiu de 1.94 em 2000 para 1.56 em 2010 e em 2020 estava em 1.42. Em 20 anos a queda é de 26,8%
Na RA de Barretos, recuou de 1.79 em 2000 para 1.45 na década seguinte e dez no passado e subiu para 1.52 (baixa de 15,1%). O cenário na região de Franca é semelhante ao de Ribeirão Preto: era 2.04 no final do milênio, recuou para 1.64 em 2010 e agora é de 1.54 (retração de 24,5% em duas décadas).
A RA de Ribeirão Preto é formada também pelas cidades de Altinópolis, Barrinha, Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guariba, Guatapará, Jaboticabal, Jardinópolis, Luís Antônio, Monte Alto, Pitangueiras, Pontal, Pradópolis, Santa Cruz da Esperança, Santa Rosa do Viterbo, Santo Antonio da Alegria, São Simão, Serra Azul, Serrana, Sertãozinho e Taquaral.
A estimativa ano a ano mostra que esse decréscimo não foi contínuo ao longo do período, pois, após alcançar o patamar de 1.70 filho em 2007, manteve-se relativamente estável por uma década. A partir de 2019, iniciou-se nova queda, quando o número de filhos por mulher chegou a 1.65. Na Região Metropolitana de São Paulo, as reduções já foram observadas desde 2018, passando de 1.80 para 1.60, com importante queda da fecundidade na capital.
Em 2010, os indicadores de fecundidade diminuíram em todas as regiões paulistas, passando a variar de 1.50 a 1.90 filho por mulher, com maior redução naquelas onde as taxas eram mais elevadas, como a RMSP e Registro.
Já em 2020, as taxas de fecundidade variavam entre 1.40 e 1.70 filho por mulher, sendo que as regiões de Itapeva, Registro e RMSP, com exceção da capital, possuíam os maiores níveis.
As taxas inferiores a 1.50 filho por mulher foram observadas na faixa central do Estado, ficando as demais áreas com níveis intermediários. Vale destacar que o número médio de filhos por mulher já é baixo em todo o território paulista, como resultado de importante queda ocorrida naquelas regiões onde as taxas eram mais elevadas no passado.
Em 2000, a fecundidade concentrava-se entre as mais jovens, mulheres de até 30 anos, que respondia por 71,3% da fecundidade total. Nos anos seguintes, a redução da fecundidade ocorreu principalmente neste grupo e a curva passou a ter um formato mais dilatado.
A participação da fecundidade específica das mulheres com menos de 30 anos, na fecundidade total, ficou em 65,3%, mas aumenta para 85,7% ao se incluir a fecundidade daquelas entre 30 e 34 anos, indicando que a fecundidade está se tornando mais tardia. A evolução teve impacto relevante no volume de nascimentos no Estado. Entre 2000 e 2020, o total de nascidos vivos diminuiu de 699 mil para 550 mil.
Entretanto, essa redução não ocorreu de forma regular no período. Em 2001 foi registrado importante decréscimo, quando o total de nascimentos correspondeu a 646 mil e permaneceu neste patamar até 2017, apesar de ter ocorrido uma queda pontual em 2016 atribuída à epidemia de zika vírus.
A partir de 2018, retoma-se a tendência de redução, sendo que o número de nascimentos registrados, em 2020, é quase 150 mil inferior ao do início dos anos 2000, com retração de 21,4%. O decréscimo entre 2019 e 2020 foi de 30 mil, ou seja, 5,1%.
Na Região Metropolitana de São Paulo, a diminuição de nascimentos entre 2000 e 2020 foi de 26,3%, sendo de 29,7% na capital e 21,9% nos demais municípios. Destaque-se que estas duas áreas responderam por 2/3 da redução registrada no Estado.
Segundo os pesquisadores da Seade, o impacto da queda da fecundidade resultou na diminuição do volume de nascimentos, sendo que entre 2019 e 2020 a redução foi de 30 mil. “Ainda não se pode afirmar se essa queda está totalmente associada à pandemia, ou se também incorpora elementos de processos anteriores”, diz a fundação.
“Entretanto, é possível levantar a hipótese de que as mulheres/famílias resolveram evitar ou adiar a gravidez a partir de março de 2020, podendo resultar em decréscimo ainda maior no número de nascimentos em 2021. As informações mensais preliminares mostram continuidade na queda do número de nascimentos nos primeiros meses de 2021”, conclui.
A tabela da fecundidade
Estado de São Paulo
Média de filhos por mulher em 2000: 2.08
Média de filhos por mulher em 2020: 1.56
Queda: 25%
Interior do Estado
Média de filhos por mulher em 2000: 2.01
Média de filhos por mulher em 2020: 1.52
Queda: 24,4%
RA de Ribeirão Preto
Média de filhos por mulher em 2000: 1.94
Média de filhos por mulher em 2020: 1.42
Queda: 26,8%
RA de Barretos
Média de filhos por mulher em 2000: 1.79
Média de filhos por mulher em 2020: 1.52
Queda: 15,1%
RA de Franca
Média de filhos por mulher em 2000: 2.04
Média de filhos por mulher em 2020: 1.54
Queda: 24,5%