A maternidade tardia tem se tornado cada vez mais comum em Ribeirão Preto e região. Dados da Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade) mostram que a taxa de fecundidade entre mulheres de 35 a 39 anos aumentou 25,5% nos últimos 13 anos, passando de 32,59 em 2010 para 40,9 em 2023.
O crescimento entre mulheres de 40 a 44 anos foi ainda mais expressivo, chegando a 52,5% no mesmo período, com a taxa subindo de 7,67 para 11,70. Enquanto isso, o número médio de filhos por mulher na região caiu de 1,56 para 1,37 no mesmo intervalo de tempo.
No Estado de São Paulo, segundo dados da Fundação Seade, a idade média das mulheres ao terem filhos passou de 26,5 anos, em 2000, para 28,6 anos, em 2023. A mudança é ainda mais significativa entre as mulheres com 35 anos ou mais, cuja taxa de fecundidade aumentou consideravelmente, enquanto a gravidez na adolescência, entre 15 e 19 anos, sofreu uma queda expressiva.
O fenômeno reflete transformações sociais e econômicas, que incluem o maior acesso à educação, à estabilidade financeira e o aumento da participação feminina no mercado de trabalho. E como consequência, cresceu o interesse por técnicas de preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos, e por tratamentos de reprodução assistida, que permitem a gravidez em idades mais avançadas.
A decisão de adiar a gestação, no entanto, traz desafios biológicos. A partir dos 35 anos, a reserva ovariana feminina diminui de forma mais acentuada, afetando a quantidade e a qualidade dos óvulos. Isso reduz as chances de uma concepção natural e aumenta os riscos de alterações genéticas e complicações gestacionais.

Segundo Anderson Melo, ginecologista especialista em reprodução humana do Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto (Ceferp), muitas mulheres que planejam engravidar após os 35 anos têm buscado informações sobre sua fertilidade.
“O congelamento de óvulos é uma estratégia cada vez mais procurada por quem quer manter a possibilidade de engravidar no futuro, pois permite preservar óvulos em uma fase mais favorável da vida reprodutiva”, explica o médico.
Foi o que aconteceu com Michele Virgínia Buck, de 46 anos que teve sua primeira filha, Betina, há um ano. Ela sempre quis ser mãe, mas priorizou o trabalho e a estabilidade emocional antes de tomar essa decisão. Quando tentou engravidar naturalmente e não conseguiu, buscou orientação médica e descobriu que a idade estava impactando sua fertilidade.
“No começo foi um choque, porque nunca imaginamos que teremos dificuldades. Mas, com orientação médica, entendi que existiam alternativas”, conta Michele. Diante do desejo de ser mãe, optou pela fertilização in vitro (FIV) e hoje comemora a realização desse sonho. “Foi um processo emocionalmente intenso, cheio de expectativas, mas tudo valeu a pena”, relata.
Para quem enfrenta dificuldades para engravidar, a reprodução assistida pode ser uma alternativa. Técnicas como a fertilização in vitro (FIV) auxiliam mulheres com baixa reserva ovariana ou outras condições que dificultam a gestação espontânea. “O avanço da medicina reprodutiva possibilita que muitas mulheres consigam realizar o sonho da maternidade, mas o ideal é que o planejamento reprodutivo seja feito com antecedência”, destaca Dr. Anderson.
Reprodução assistida em Ribeirão Preto
Com o aumento da maternidade tardia, cresce a procura por clínicas especializadas no interior paulista. Ribeirão Preto, referência em medicina e saúde, tem se consolidado como um polo para tratamentos de reprodução assistida e preservação da fertilidade.
“Notamos um aumento expressivo na demanda por avaliação da reserva ovariana e congelamento de óvulos. Muitas pacientes querem entender melhor seu potencial reprodutivo para tomar decisões mais informadas sobre o futuro”, afirma o ginecologista especialista na área Anderson Melo.
A conscientização sobre o impacto da idade na fertilidade e o acesso a essas tecnologias são fatores que podem influenciar as tendências demográficas do estado nos próximos anos. “O planejamento reprodutivo se torna cada vez mais essencial, e a ciência tem oferecido ferramentas para que as mulheres possam decidir o melhor momento para engravidar”, conclui o especialista.