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Mulheres: mercado de trabalho, lutas e preconceito

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Diferente de outras datas comemorativas, a origem do dia 8 de março – Dia Inter­nacional da Mulher – não se deu pelo comércio e, sim, por conta da morte de centenas de operárias de uma fábrica nos Estados Unidos, em 1857.

Essas mulheres reivindi­cavam salários e condições de trabalho melhores. No entanto, a penalidade delas foi a morte com a queima da fábrica onde trabalhavam por parte de policiais.
Apesar da tragédia, esse momento significou um sím­bolo de resistência, que im­pulsionou outras mulheres a continuar a busca pela igual­dade de gênero.

Carolina Bruno Motta: Para Carolina Bruno Motta, esta data existe para que um fato histórico seja lembrado e não pode ser diminuída a distribuição de flores

De acordo com a fun­dadora do grupo Ribeirão Feminista, Carolina Bruno Motta, a data existe para que um fato histórico seja lem­brado e não pode ser dimi­nuída a distribuição de flores.

“A data serve para lembrar do sexismo existente na nos­sa sociedade e como é muito mais pesado para mulheres existir no patriarcado. É im­portante ressaltar que outras datas colocam essa questão em voga como o dia 25 de ju­lho (Dia da Mulher Negra La­tino-Americana e Caribenha) e o dia 25 de novembro (Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulhe­res). Essas são datas impor­tantes por trazer a questão da mulher no centro do debate público e pautar temas como feminicídio”, comentou.

Ao contrário do que mui­tos pensam, o desejo por igualdade vem de longa data. Segundo o sociólogo Wlaumir Souza, as mulheres do passado se submeteram ao homem não porque queriam, mas porque não tinham escolha.

Liliane Cury Sobreira: “Para enraizar a igualdade, é preciso ter um país com leis e oportunidades mais justas”, disse a especialista em História, Cultura e Sociedade

Ele explica ainda que, as­sim como aconteceu na fá­brica, desde a antiguidade, a mulher é punida ao reivin­dicar algum direito. “A ques­tão é que a mulher sempre foi punida com a morte, até hoje com o feminicídio. Você percebe a desvalorização da mulher de tal forma que, ao reivindicar algum direito, os homens pensavam que po­diam sacrificá-las impuni­mente”, afirmou.

Percurso árduo
No último século, com as lutas pela igualdade e pro­pagação do feminismo na sociedade, as mulheres con­quistaram direitos importan­tes como o de ir e vir sem a obrigatoriedade da compa­nhia de um homem, de voto e de estudo.

No entanto, para a espe­cialista em História, Cultura e Sociedade, Liliane Cury Sobreira, apesar de todas es­sas conquistas, a desigualda­de entre mulheres e homens é forte na sociedade. Muitas ainda encontram dificulda­des em ingressar no mercado de trabalho ou, até mesmo, em cargos de chefia.

“Ainda há divisão sexual do conhecimento e nos salá­rios. O pensamento machista é cultural e foi normalizado por muito tempo. Há algu­mas décadas que esse com­portamento passou a ser pro­blematizado”, disse.

Assim como ela, Caroli­na também segue nesta linha de pensamento. “Acredito que falta muito, sim [para as mulheres conquistarem igualdade nos direitos]. A Lei Maria da Penha, um dos principais avanços em ter­mos legais para mulheres, vem inclusive nos dizer isso, já que o número de femini­cídios e violências contra a mulher só aumentam. Além disso, questões essenciais de saúde pública como a legali­zação do aborto, para que as mulheres possam decidir so­bre a própria gravidez, como existe em vários países, se mantém completamente tra­vadas por conservadorismo e fundamentalismo religioso”, ressaltou a líder do Ribeirão Feminista.

Para que esse processo de igualdade de gênero evolua cada vez mais, Liliane acre­dita ser importante envol­ver educação e mudança na mentalidade da população. “Para enraizar a igualdade, é preciso ter um país com leis e oportunidades mais justas”, exemplificou.

Ribeirão Feminista
O Ribeirão Feminista é um projeto criado por Caro­lina Bruno Motta em janeiro de 2017. Com três anos de história, o intuito do grupo é formar uma rede de comuni­cação entre outros grupos fe­ministas da cidade e também de divulgação dos eventos organizados por estes para pessoas interessadas.

“A ideia central era conhe­cermos mais o trabalho umas das outras e nos fortalecer­mos nesse sentido. Isso se deu principalmente por meio das redes sociais”, disse.

Hoje em dia, o Ribeirão Feminista conta com quatro colaboradoras (Sheila Ozs­vath, Nayara Kobori, Patrícia Cardoso e Bruna Magalhães) que fazem postagens sema­nais nas redes sociais sobre temas importantes para as mulheres e seguindo a linha do feminismo interseccional.

Wlaumir Souza: Segundo o sociólogo Wlaumir Souza, as mulheres do passado se submeteram ao homem não porque queriam, mas porque não tinham escolha

“Nossa luta é para que todas as mulheres – negras, indígenas, LBTs, gordas, de­ficientes, etc – tenham voz. Nós participamos sempre que possível das manifestações e damos total apoio à causa. Va­mos participar de um evento chamado ‘100 Dias de Nós, Mulheres’, que acontecerá do dia 7 ao dia 14 de março, para discutir temas relacionados à questão de gênero nós bares da cidade”, informou Carolina.

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