Tribuna Ribeirão
Polícia

Mulher que pulou de prédio sofria ameaças

A.P., a mulher de 39 anos que se jogou do quarto andar do pré­dio onde mora para fugir do ex -marido, diz que a ameaça e o as­sédio eram demais para suportar. Ela temia pela vida, mas quando ouviu do ex-companheiro, com quem conviveu por 16 anos, “que estava com saudades”, soube o que queria dizer. E soube o que ela teria de fazer. A separação, inevi­tável, aconteceu porque foi traída.

O relato, feio nesta quinta-fei­ra, 20 de dezembro, na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas, onde aguarda por cirur­gias nos tornozelos fraturados na queda, foi para explicar porque decidiu arriscar a própria vida ao tentar fugir do apartamento no Parque Ribeirão Preto, Zona Su­doeste da cidade, pela janela do quarto. Uma medida judicial pro­tetiva contra o agressor foi deter­minada em abril deste ano, logo após a separação.

Na quarta-feira (19) ele pas­sou pela portaria do condomínio dirigindo um carro e estacionou na vaga de vizinhos. Esperou que A.P. abrisse a porta do apartamen­to para ir trabalhar e a ameaçou com uma faca e um revólver. “Ele já estava esperando no corredor. Quando abri a porta para ir traba­lhar, ele entrou de uma vez com a arma falando para eu calar a boca, senão atirava. Ameaçou me matar se eu dissesse o nome dele porque, se algum vizinho batesse na porta, iria me dar um tiro”, relatou.

“Ele planejou e quando fala­va, dizia o que iria fazer comigo e com ele”, mencionou. Ela ouviu do ex-marido que ele a mataria e cometeria suicídio em seguida. Gravações no celular confirma­riam seu objetivo, segundo ela. No apartamento, a vítima viu que o ex “estava com essa arma com cinco balas e mais uma cartela, uma faca e uma fita isolante, com a qual tentou isolar minha boca”, disse. Preocupado com o carro no esta­cionamento do vizinho, o homem decidiu que desceria para mudar de vaga e retornaria.

Trancou a vítima no quarto. A.P. comentou: “Pedi pelo amor de Deus, disse que não ia gritar e que não chamaria ninguém. Ele falou: ‘Então está bom, mas eu vou te trancar’. Ele já foi decidido, disse que era o último dia tanto para ele quanto para mim e que ele não tinha nada a perder”, desabafou. Ela pensou em im­provisar uma “teresa”, lençóis entrelaçados para formar uma corda. Mas não ficou trancada no quarto do casal. Decidiu que pularia pela janela. Caiu sobre o telhado de uma edícula. Na que­da, fraturou os dois tornozelos e agora aguarda por cirurgia.

Ela lembra o que ocorreu quando “o telhado não agüentou. No impacto, fiquei tonta e come­cei a sangrar pelo nariz e também não sentia os pés. Fui me arrastan­do, subi em uma banqueta até o muro onde me sentei e pedi ajuda para o pessoal do outro condomí­nio”, rememorou. Quando o ex voltou ao apartamento e viu que ela havia pulado da janela, “gritou que eu estava doida e que agora a polícia iria atrás dele. Então, ele fugiu para a casa da mãe dele, no Jardim Piratininga”, concluiu.

O casamento, segundo o depoimento da vítima, foi sem brigas até quando houve a se­paração. Ele não aceitou. Fi­cou agressivo e a perseguia. A delegada Luciana Renesto, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), investiga o caso e adian­tou que está “juntando provas sobre a ocorrência”. Procurado pela polícia, o ex não foi localiza­do. Familiares disseram que ele reconheceu “que fez uma grande besteira e iria procurar por ajuda”, segundo suas próprias palavras. Através da manifestação de um advogado à Polícia Civil, V.M.S, de 45 anos, diz que vai se apre­sentar nesta sexta-feira (21) na Central de Flagrantes.

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