A partir desta sexta-feira, 1º de abril, a artista visual, figurinista, arte-educadora e curadora independente Natália Marques Emaye dará início a dois projetos: “A rota do podão de ouro – residência e pesquisa artística” e “Melaço”, instalação que vai circular por oito cidades. Os trabalhos da artista pretendem discutir questões relacionadas à realidade das cidadãs e dos cidadãos nas plantações canavieiras do país.
Sobre “A rota do podão de ouro”, diz que o nome foi escolhido “porque o projeto irá começar na cidade de Pontal, uma das principais regiões que se destacaram no plantio de cana-de-açúcar, sendo ‘podão’ apelido de facão, e ‘podão de ouro’ a expressão usada para descrever a pessoa que mais cortava cana”, explica.
Uma das discussões terá como ponto de partida as vestimentas e trajes usados pelas mulheres trabalhadoras do canavial, combinadas a características de tradição de matriz africana que é uma fonte de estudo da artista. “A proposta da pesquisa se estrutura a partir de três pilares: o corpo, o melaço e a lâmina”, diz.
“Utiliza tanto aspectos da cultura da cana e do universo de luta e resistência dos povos africanos, exaltando o protagonismo das verdadeiras rainhas do açúcar, mulheres que foram e são referências no interior de São Paulo”, detalha a artista. A residência artística acontecerá no Museu da Cana – Instituto Engenho Central, localizado na Fazenda Engenho Central, zona rural de Pontal, até 30 de abril.
A circulação da exposição/ instalação “Melaço” acontecerá de 1º de maio a 2 de outubro e passará por oito cidades: Pontal, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Jaboticabal, São Joaquim da Barra, Ituverava, Pradópolis e Guariba. “Nesta etapa do projeto ficaremos por um mês em cada uma das cidades, onde em cada uma delas realizaremos uma performance cênica, um bate papo e uma oficina com crianças dos locais”, diz Natália Marques Emaye.
A artista é natural de São Joaquim da Barra e tem pesquisa centrada na relação entre a população negra do interior paulista e a indústria da cana-de-açúcar (importante atividade econômica na região desde o final do século XI), as ferramentas utilizadas e as vestimentas ligadas a essa produção econômica, especialmente na intersecção destes elementos com a experiência da mulher negra.
Natália é membro-fundadora e curadora do coletivo Artístico Literário Encontrão poético, é slammaster no campeonato de poesia falada Slam da Cana RP, e também integrante do Centro Cultural Orunmilá em Ribeirão Preto. Mais informações pelas redes sociais da artista (instagram: @emayenatalia e facebook: https://www.facebook.com/ emayenataliamarques).