A acusada de “matar” a própria filha de quatro meses, Heloísa Clarinda da Silva, de 32 anos, foi condenada por um júri popular, no início da noite de terça-feira, 26 de fevereiro, a 45 anos, quatro meses e nove dias de prisão por homicídio qualificado. A sessão começou por volta das dez horas da manhã e terminou às seis da tarde, no Salão do Júri do Fórum Estadual de Justiça de Ribeirão Preto. Em seguida, foi lida a sentença.
A defesa de Heloísa Clarinda da Silva não quis se manifestar, mas pode recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP). Ana Laura Rodrigues da Silva Dias, de quatro meses, morreu em decorrência de traumatismo craniano. A família morava na travessa Rochedo, no bairro Ipiranga, Zona Norte de Ribeirão Preto.
A mulher foi presa logo em seguida, em 9 de abril de 2017, e acabou liberada, mas voltou a ser detida um dia depois quando tentava viajar para a casa da mãe, em Uberaba (MG), onde moram dois outros filhos dela, já que não podia voltar para a residência sob o risco de ser hostilizada pela vizinhança – ela teria passado mais de 24 horas em vários pontos da cidade.
A menina foi encontrada morta por uma vizinha da família. Ela entrou na residência onde Heloísa Clarinda mora com o marido, Felipe Rodrigues de Souza Dias, de 24 anos, depois de suspeitar de algo errado, já que uma irmã de dois anos e um irmão de três da menina estavam pelados na calçada, sozinhos. A bebê já estava sem vida sobre um colchão.
Quando o Corpo de Bombeiros chegou, a menina já estava morta. Heloisa Clarinda Silva relatou que, na noite anterior, havia brigado com o marido e foi agredida. Com medo, fugiu de casa. Diz ter passado a noite em motel com duas pessoas e que os filhos ficaram com o pai. Ela recebeu voz de prisão sob custódia por abandono de incapaz, mas foi liberada.
Segundo a delegada Luciana Camargo Renesto Ruivo, responsável pelo caso, Ana Laura morreu porque a mãe abandonou os três filhos pequenos. O Ministério Público Estadual (MPE) considerou que o ferimento em Ana Laura foi causado por socos desferidos pelo pai da bebê contra a mãe, mas que atingiram a criança, que estava no colo da companheira.
Ana Laura ficou sozinha com outros dois irmãos, de 2 e 3 anos, ferida na cabeça. Heloísa foi presa em flagrante delito por abandono de incapaz. Declarou, em depoimento, que deixou a casa após ser agredida pelo companheiro.
Está presa, preventivamente, na penitenciária de Tremembé desde a morte da filha. Felipe Rodrigues de Souza Dias, acusado de matar a própria filha, também está preso, mas o processo foi desmembrado. Ele será julgado em data a ser definida no Fórum Estadual de Ribeirão Preto.
O Ministério Público sustenta a tese de que a dona de casa foi omissa ao não denunciar a agressão contra a filha. O advogado de Heloísa, Marcos Donizete Ivo, nega que ela tenha abandonado os filhos em casa. De acordo com o defensor, as crianças foram deixadas sob os cuidados do pai, após ela ser agredida.