Por: Adalberto Luque
Moradora de Ribeirão Preto foi um dos alvos de uma grande operação desencadeada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul em cinco estados brasileiros. A segunda fase da Operação Pegasus foi realizada logo no início da manhã desta quarta-feira (05). O objetivo foi reprimir pessoas e empresas que seriam responsáveis por lavagem de dinheiro de uma organização criminosa gaúcha.
Considerada pelos policiais civis como a cúpula do narcotráfico gaúcho, seus integrantes confiavam seu dinheiro aos associados, operadores financeiros ligados à sintonia final de uma facção de abrangência nacional.
A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DRLD) e Divisão de Inteligência (DIPAC), do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e, no Estado, contou com a participação da Polícia Civil de São Paulo, por meio do Denarc/SP e Unidades de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
No decorrer da investigação e nesta quarta-feira (05), foram solicitadas e cumpridas 304 medidas cautelares entre quebras de sigilos bancários, fiscais, financeiros, telemáticos, mandados de busca, prisões, indisponibilidade de bens móveis, imóveis e ativos financeiros/mobiliários na bolsa de valores e em criptomoedas.
A ação ocorreu, além de Rio Grande do Sul e São Paulo, nos estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Somando-se à fase 1, onde foram cumpridas 502 medidas, são 806 medidas cautelares investigativas e operacionais até o momento, em dez Estados da Federação. A fração operacional de hoje teve solicitadas 23 prisões entre preventivas e temporárias (três prisões preventivas dos líderes paulistas foram as decretadas, 67 mandados de busca e 45 alvos para indisponibilidade de ativos dentre bens móveis, imóveis, contas bancárias, ações e criptomoedas).
Um alvo da fase 2, a moradora de Ribeirão Preto/SP movimentou sozinha R$ 101.262.829,00. Ela foi interrogada na manhã desta quarta-feira (05) em delegacia não informada. Depois do depoimento ela teria sido liberada. Seu nome não foi revelado pela investigação.
O grupo tinha um sofisticado esquema para lavar dinheiro, sem muitos imóveis em nome próprio ou de laranjas. Também não comprava muitos veículos. Priorizava utilizar o sistema financeiro com transações bancárias diárias, pulverização, fracionamentos, smurfing, uso de cheques ao portador e depósitos em espécie em vários estados.
Para burlar a fiscalização, usavam ainda bancos digitais com um único CPF ou CNPJ e até saques e depósitos em lotéricas. Nas células gaúchas, operadores e gerentes faziam circular entre si e entre o grupo paulista dinheiro em espécie, moeda corrente nacional e dólar, contando com diversos doleiros participantes. Também operavam com créditos a uma grande Exchange de criptomoedas, formando um ciclo vicioso de dissimulações e ocultações no sistema financeiro nacional.
A operação resultou na prisão de três pessoas, todas no estado de São Paulo, responsáveis por concentrar a maior parte dos valores movimentados. O grupo investigado teria lavado mais de R$ 700 milhões, segundo a PC RS. As investigações prosseguem e novas fases da Operação Pégasus podem ocorrer em mais estados brasileiros, tamanha a sofisticação do esquema da organização criminosa.