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Mulher cai de ônibus em RP

REDES SOCIAIS/REPRODUÇÃO

As imagens de uma senhora caindo de um ônibus do sistema Leva-e-Traz – linhas comple­mentares do transporte coletivo urbano de Ribeirão Preto – vi­ralizaram nas redes sociais. O acidente ocorreu por volta das 15 horas do dia 9 de março, no bairro Guaporé, Zona Sul da ci­dade. A região tem vários con­domínios residenciais, onde trabalham muitas diaristas.

No dia do acidente, várias delas filmaram a situação precá­ria do micro-ônibus do Leva-e­-Traz. A porta por onde a mu­lher foi arremessada estava presa por um arame e havia ferrugem em vários pontos. Outra queixa das passageiras é a superlotação. Apesar das imagens, o Consór­cio PróUrbano diz em nota que a culpa foi do motorista.

O grupo concessionário do setor – formado por Rápido D’Oeste (50%) e Transcorp (50%) – afirma que a queda da passageira foi uma falha humana. Em nota enviada ao Tribuna, o grupo lamenta o acidente e diz que providências estão sendo adotadas.

“O motorista responsável pelo evento passará por reciclagem e novo treinamento. O PróUrbano está acompanhando de perto a situação da passageira, assu­mindo a responsabilidade por acidentes como este, ainda que absolutamente eventuais, não tornem a acontecer”, diz o texto.

As imagens mostram a que­da de passageira quando o mo­torista fazia uma curva na ave­nida Heráclito Fontoura Sobral Pinto, no Guaporé. O acidente foi registrado por uma câmera de segurança de um dos condo­mínios fechados do bairro.

O vídeo mostra que a porta dianteira se abre parcialmente na curva, próximo a um ponto de embarque e desembarque. Segundo o funcionário de um condomínio perto do local onde ocorreu a queda, a mulher teria sofrido ferimentos leves e foi so­corrida por uma equipe do Ser­viço de Atendimento Médico de Urgência (Samu).

A testemunha também afir­ma que o motorista do micro-ô­nibus estaria em velocidade ade­quada, mas que o veículo estava superlotado. Segundo dados da Ouvidoria da Empresa de trân­sito e Transporte Urbano de Ri­beirão Preto (Transerp), no ano passado o Consórcio PróUrba­no – tem uma frota de 354 ôni­bus e opera 117 linhas com cerca de 700 motoristas – foi alvo de 2.704 queixas de usuários, mé­dia de sete reclamações por dia.

No primeiro bimestre deste ano, entre janeiro e fevereiro, já são 665, média diária de onze e 24,6% do total de 2021. So­mente em janeiro, o 0800 da Transerp recebeu mais de 300 reclamações de usuários. Entre janeiro e setembro de 2021, o próUrbano foi autuado 450 vezes pela empresa municipal, mais de uma multa por dia.

Assim como as reclamações dos usuários, as multas foram aplicadas por vários motivos, como superlotação de veículos, descumprimento de horários, atrasos, desvio de itinerários das linhas de ônibus e falta de higie­nização. O valor total das autua­ções chega a R$ 113 mil somente em nove meses do ano passado.

Na última sexta-feira (11), o vereador Marcos Papa (Cidada­nia) fez uma vistoria por conta própria no Terminal Doutora Evangelina de Carvalho Passig, ao lado da Estação Rodoviária, região Central da cidade, para verificar as condições dos ôni­bus do transporte público. Se­gundo o parlamentar, parte da frota está sucateada, oferecendo riscos à população.

Para-brisas trincados, pneus carecas, portas tortas, platafor­mas de cadeirantes quebradas, falta de refletores, ausência de identificação da idade do veícu­lo e ônibus cheirando a enxofre foram alguns dos problemas apontados por Papa.

“A frota está vencida, o prefeito se cala, não admite, não toma pro­vidência, não manda o PróUrba­no cumprir cláusula contratual de substituir a frota precária”, diz.

“Uma crueldade inaceitável. Um bom sistema público de transporte beneficia a cidade inteira começando pelos usu­ários que estão pagando uma tarifa cara, mas recebem um serviço ruim. Ribeirão Preto precisa e merece um transporte público de qualidade”, afirma Papa. Os problemas serão elen­cados em um requerimento que será enviado ao prefeito Duarte Nogueira (PSDB), ao superin­tendente da Transerp, Marcelo Galli, e para o Ministério Públi­co de São Paulo (MPSP).

Na semana passada, o verea­dor tentou aprovar uma Comis­são Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar se o Executi­vo pode ter cometido crime de responsabilidade por recusa de cumprimento de leis ou impro­bidade administrativa por ato atentatório aos princípios da administração pública. Um dos itens que a CPI investigaria seria o não cumprimento do decreto legislativo aprovado na Câma­ra que suspendeu o reajuste de 19% no valor da tarifa do trans­porte coletivo urbano. Saltou de R$ 4,20 para R$ 5 em 16 de feve­reiro, acréscimo de R$ 0,80.

A CPI seria instalada na ses­são de quinta-feira, 10 de março, mas os vereadores Jean Corauci e Sérgio Zerbinato, ambos do PSB, desistiram de referendar a proposta e retiraram suas assi­naturas. Papa tem sete rubricas, mas precisa de oito para empla­car a comissão.

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