Fabiano Ribeiro
Em seus oito anos de estrada, a banda ribeirão-pretana Mr. Dam vem produzindo som autoral e participando de grandes eventos. Ela já fez abertura de shows de outras bandas maiores como Matanza, Camisa de Vênus, J. Quest, e passagem para Richie Ramone, ex-baterista dos Ramone pelo Brasil.
Formada por Gabriel Silvestre (vocal, guitarra e violão), Tuco Fonseca (guitarra e back vocal), Jorge Oliveira (baixo e back vocal) e Marco Populin (bateria, percussão e back vocal) a banda pretende neste ano terminar um EP, que está em andamento. “Até o final do ano, queremos lançar nosso álbum com uma quantidade maior de músicas. Em curto prazo gravamos bastante colabs (vídeos colaborativos) que estão em fase de edição. Temos muito outros tipos de ações em execução, pra mostrar mais do que a banda está se tornando”, ressalta o baterista Marco Populin, que bateu um papo online com o Tribuna.
wPopulin contou um pouco sobre a história da banda e diz que o ela nasceu porque os integrantes estavam descontentes com projetos pessoais que tocavam em 2012. “Resolvemos sair desses projetos e montar esta banda, que no começo, quase chegou a se chamar Lottus, Sunset, GTA. Sim, isso foi cogitado”, ri.
“Nosso primeiro show foi em um evento chamado Pandegos da Filosofia, na USP. O primeiro show já em um anfiteatro com mais de 400 pessoas, onde tocamos duas músicas autorais e uma cover, a partir daí, de fato, nasceu o Mr. Dam”.
Porque Mr. Dam
O baterista explica que eles demoraram algumas semanas para encontrar o nome da banda. “Tentamos vários nomes, como te disse, mas até que numa conversa entre nossos amigos, comentaram sobre viagens pela Holanda, em Amsterdam, de como a cidade é avançada tanto intelectualmente quanto culturalmente. Aí, nesse momento eu falei: – Pronto! Achamos o nome: Amsterdam! Mas o guitarrista na época, deu a ideia de colocar Mr. Dam, pois soava fácil, era sonoro e de fácil assimilação, além de se arremeter à ideia inicial, pois a cidade se mostra independente de tudo, sem se preocupar com a opinião conservadora de fora e etc, assim como o Mr. Dam”.
Ecléticos
Populin ressalta que os integrantes têm gostos pessoais ecléticos. “E tentamos colocar isso na banda, mas sempre com a nossa pegada, podemos tocar um Guns, um Queen, ou um Raimundos, ou fazer versão de alguma música que não é rock e fazer ficar ao nosso estilo. Temos nossa pegada, gostamos disso, não ficamos presos a um estilo, mas somos responsáveis por colocar nossa identidade, isso é o que importa pra nós e pra quem nos segue”, avalia.
Segundo ele, as músicas autorais que produzem contém a alma da banda. “Elas têm peso, têm groove, têm nossa mensagem, gostamos de tocar músicas, que tanto no show, quanto ouvidas em casa, trarão o mesmo sentimento”.
Sobre o processo de composição, Populin considera livre, mas focado. “É livre, pois, todos trazem ideias e de vários tipos, somamos e batemos em um liquidificador. Porém, a organização vem do contexto em que a banda se encontra. Às vezes uma ideia muito boa de música, não se encaixa agora, mas se encaixa no próximo trabalho e por aí vai! Nosso single lançado em janeiro em todas as plataformas de streaming, chamado Ligado a Você, é uma composição do nosso vocalista, o Gabriel. Foi interessante lançar está canção, pois tem total relação com o contexto da banda no momento, estamos questionando nossos axiomas, nosso modo de pensar, e esta música fala sobre o motivo de sermos tão ligados a alguém, ou a algo e, até onde isso pode ir. O nosso trabalho deste ano gira em torno disso”, explica o baterista.
Dificuldades no trabalho autoral
O baterista reconhece as dificuldades em se trabalhar com produção autoral. “Precisa saber trabalhar como uma empresa. Nosso trabalho autoral tomou mais dimensão quando entendemos isso, não é só tocar e nunca foi. Eu particularmente sou viciado em biografias de artistas e bandas e, em 90% dos casos de sucesso, o próprio artista sabia muito bem como funcionava todo esse lance de mercado musical ou aprendeu ao longo do tempo”.
Segundo ele, uma das dificuldades está na quantidade de opções dentro da internet. “Existe uma enxurrada de opções e existem os algoritmos e etc. Eles podem acabar alavancando ou restringindo o alcance de sua música. Por isso, é muito importante saber trabalhar todos esses recursos pra dar continuidade ao projeto”.
As poucas quantidades de shows e oportunidades se tornaram uma das principais dificuldades comum em bandas autorais. “Mas é bacana ressaltar que está barreira nos conseguimos ultrapassar nos últimos dois anos. Depois de realmente aprendermos como trabalhar isso, tanto com o público como com empresários e produtores, tivemos uma melhora muito grande no tipo e tamanho de shows autorais. Claro que isso adquirimos em conversas com muitos amigos de outras bandas mais experientes, empresários, produtores parceiros que, de fato fazem a cena andar, mas veja bem, melhorou, não quis dizer que é fácil, o que aliás, quanto mais cresce, mais difícil fica, mas isso que é o legal”, finaliza.