Tribuna Ribeirão
Política

MPF pede bloqueio de R$ 24 mi de Lula e filho

O Ministério Público Federal de Brasília pediu à Justiça o blo­queio de R$ 24 milhões do ex­-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva. São R$ 21,4 milhões de Lula e R$ 2,5 milhões de Luís Cláudio. O pedido foi feito em agosto deste ano, mas só protoco­lado nos últimos dias.

Lula e o filho são réus em ação da Operação Zelotes, que investi­ga a edição de medida provisória (MP 627/2013) para favorecer montadoras do setor automoti­vo em troca de propina. Parte da propina teria sido paga em con­tratos fictícios de prestação de serviços da empresa de Luís Cláu­dio. A MP foi editada, no entanto, já no governo de Dilma Rousseff.
O caso tramita na 10ª Vara Federal de Brasília, sob res­ponsabilidade do juiz Vallisney de Souza Oliveira. No mesmo processo, Lula é investigado por favorecer um grupo sueco na compra de 36 caças Gripen pelo governo do Brasil.

Na ação, em curso desde de­zembro do ano passado, Lula é acusado de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Luís Cláudio responde por estes dois últimos crimes. Os procuradores da Operação Zelo­tes sustentam que o ex-presidente ofereceu a lobistas do setor priva­do a possibilidade de influenciar o governo Dilma a fechar o negócio dos caças e viabilizar a MP. Em tro­ca, alegam os denunciantes, uma empresa de Luís Cláudio recebeu pagamentos de R$ 2,5 milhões do lobista Mauro Marcondes Ma­chado, lobista das empresas Caoa (Hyundai) e a MMC Automotores (Mitsubishi do Brasil), interessadas nas decisões. Este é exatamente o valor do pedido de bloqueio do filho de Lula.

Caças – A compra de caças suecos modelo Gripen da empre­sa Saab, maior aquisição militar da América Latina, também é investigada segundo a denúncia. O edital foi aberto em 2006, mas a compra se deu apenas em 2014. Um modelo francês (Rafaele) chegou a ser anunciado como o vencedor por Lula e Dilma prefe­ria um modelo norte-americano (Super Hornet).

Mas a Saab continuou in­vestindo e repassou à M&M (de Mauro Marcondes) € 1,84 milhão, sendo € 744 mil apenas entre 2011 e 2015, por meio de contratos indiretos.
A explicação para esse reforço nos pagamentos está, segundo os investigadores, no fato de lobistas terem convencido os suecos que possuíam proximidade com o ex­-presidente e que poderia contar com a sua influência junto ao go­verno para assegurar uma vitória na disputa concorrencial. “Assim, argumentos técnicos e indicado­res de eficiência tornaram-se me­ros detalhes diante das jactadas proximidade e amizade a agentes públicos federais”, pontuam os autores da ação.

Entre as provas, há cartas en­dereçadas a Lula em, pelo me­nos, duas ocasiões. Uma delas foi elaborada em setembro de 2012 e recebeu o aval dos direto­res da SAAB, na Suécia, antes de ser entregue ao destinatário. No texto, uma espécie de defesa dos caças produzidos pela empresa sueca. A ação penal também faz referência a uma intensa troca de e-mails entre funcionários da M&M e do Instituto Lula, com o objetivo de viabilizar um encon­tro entre Lula e o líder do Parti­do Sindical Democrata e futuro primeiro-ministro da Suécia Sueco, Stefan Lofven.

Encontros – O contrato en­tre o governo brasileiro e a em­presa SAAB , no valor de U$5,4 bilhões, foi assinado em outubro de 2014. Já a Medida Provisória 627 foi convertida na Lei 12.973, sancionada em maio do mesmo ano. Documentos reunidos pela Força Tarefa revelaram que, nes­se período, houve uma intensa movimentação entre os envolvi­dos. O período marca também o início dos repasses financeiros da M&M às empresas de Luiz Cláu­dio (junho de 2014). Há registros, por exemplo, de que o filho do ex-presidente esteve em quatro ocasiões na sede da M&M e de que Lula, o filho e Mauro Mar­condes se encontraram, também, quatro vezes no Instituto Lula.

Advogados de Lula – Os advogados de Lula negam irre­gularidades e têm sustentado que as decisões sobre os caças e a MP foram técnicas, tomadas com base em estudos e políticas públi­cas que atravessaram governos.

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