O Ministério Público Eleitoral decidiu acatar parcialmente, nesta quinta-feira, 4 de outubro, a representação impetrada pela advogada Taís Roxo da Fonseca, que pede a cassação da candidatura de Samanta Maria Pineda Duarte Nogueira – ela disputa uma das 70 cadeiras do estado de São Paulo na Câmara dos Deputados, em Brasília. A eleição será neste domingo, 7 de outubro.
O promotor Ronaldo Batista Pinto, da 293ª Zona Eleitoral, descartou entrar com pedido de liminar para suspender o registro da tucana, mas instaurou procedimento para investigar as denúncias feitas pelo vice-prefeito e secretário municipal da Assistência Social, Carlos Cezar Barbosa, filiado ao PPS de Arnaldo Jardim, que tenta se reeleger deputado federal.
A advogada decidiu acionar o MP Eleitoral porque Barbosa teria dito, em mensagem distribuída a funcionários comissionados da Assistência Social via aplicativo de celular (WhatsApp), que o gabinete do prefeito Duarte Nogueira Júnior (PSDB), marido de Samanta, estaria pedindo doações financeiras de R$ 300 a R$ 1 mil para campanha da primeira-dama, presidente licenciada do Fundo Social de Solidariedade.
Nas mensagens, o vice-prefeito denuncia o uso da máquina pública e o abuso de poder político a favor da esposa do prefeito Duarte Nogueira. Barbosa, no entanto, garante que foi mal interpretado e que em momento algum teria citado o nome do chefe do Executivo. Ele atribui a polêmica a “distorções” de suas declarações. Agora terá de responder ao Ministério Público – ele é promotor licenciado.
Em seu despacho, Ronaldo Batista Pinto, não aceitou a impugnação da candidatura e nem a possibilidade de pedido de liminar para impedir que Samanta Duarte Nogueira dispute as eleições de domingo. “Indefiro a tomada de qualquer providência, de cunho liminar, a ser pleiteada junto ao Poder Judiciário, tendente a impedir que a representada concorra ao cargo eletivo no pleito de domingo”, diz o promotor da Justiça Eleitoral.
Entretanto, ele decidiu abrir procedimento investigatório para apuração dos fatos e deu prazo de dez dias, a partir da notificação, para que Samanta Duarte Nogueira, o prefeito Duarte Nogueira, o vice-prefeito Carlos Cezar Barbosa e o vereador e radialista Lincoln Fernandes (PDT) respondam por ofício – por documento escrito ou por via digital – aos questionamentos que serão feitos no procedimento investigatório.
No caso específico de Lincoln Fernandes – comanda programas de rádio e TV e teria afirmado que servidores comissionados relataram os pedidos de doação – e de Carlos Cezar Barbosa, o promotor determina que eles indiquem, pontualmente, quem requisitou o dinheiro para a campanha e quais funcionários de confiança teriam sido cooptados. Esta relação é importante, segundo o MP Eleitoral, para que estas pessoas sejam ouvidas futuramente.
Por meio de nota enviada à redação do Tribuna, a candidata a deputada federal Samanta Duarte Nogueira informou que “a Constituição Federal permite que qualquer pessoa possa fazer representação perante ao Ministério Público. Caberá, a partir de agora, que as instituições apurem os fatos”.
Entenda o caso – divulgada na madrugada desta quarta-feira (3), a mensagem de whatsap atribuída a Carlos Cezar, dizia que ele teria sido informado de que um integrante do gabinete do prefeito Duarte Nogueira estaria solicitando doações financeiras a ocupantes de cargos em comissão para serem utilizadas na campanha da candidata a deputada federal Samanta Duarte Nogueira.
No texto ele teria comentado: “Eu não sou político, estou político e, por isso, não compactuo com esse tipo de situação, porque acho que vai na contramão daquilo que nós queremos dos políticos e da política brasileira”. Também por meio de comunicado, Ronaldo Batista Pinto explica porque decidiu abrir procedimento investigativo.
“Em vista de notícias veiculadas pela imprensa, dando conta da ocorrência de ilegalidades atribuídas, em tese, a determinada candidata ao pleito eleitoral do próximo domingo, esclareço que, na condição de promotor de Justiça da 293ª Zona Eleitoral de Ribeirão Preto, adotei as medidas que constam do arquivo em anexo (procedimento). Com tais esclarecimentos, dou por encerrada, pelo menos por ora, qualquer informação em acréscimo, que envolva outra manifestação deste órgão”, diz.
Procurado pelo Tribuna, o vice-prefeito afirmou que houve uma distorção do que ele escreveu no aplicativo e que, em nenhum momento, atribuiu o suposto pedido de doações ao prefeito Duarte Nogueira. “Ele é um homem preparado, inteligente e não acredito que tenha autorizado este tipo de solicitação”, afirmou.
Barbosa afirmou ainda que está inconformado com o que chamou de “distorção” e disse ter ficado em uma situação desconfortável no governo. Ao Tribuna, revelou que estuda colocar seu cargo de secretário da Assistência Social à disposição do prefeito – vai continuar como vice, de onde só sai se renunciar ou quando o mandato terminar, em 2020.
Já Duarte Nogueira afirmou que “o vice-prefeito já esclareceu os fatos” e que a notícia “é mais uma mentira política, criada às vésperas da eleição”. Em nota, a administração municipal ainda esclarece “que vai apurar se ocorreu o uso indevido de qualquer pedido, usando o nome do gabinete do prefeito como manobra política em época de eleições”.