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Mortes recuam mas acidentes no trânsito aumentam em RP

Imprudência e imperícia estão entre as principais causas de acidentes (Foto: Alfredo Risk)

Adalberto Luque 

 O trânsito em Ribeirão Preto registrou, de janeiro a julho deste ano, 42 mortes em acidentes ocorridos nas vias municipais ou rodovias que cortam o município. Este número foi 19,25% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 52 pessoas perderam suas vidas em acidentes de trânsito.  

A boa notícia foi constatada nos registros de acidentes do Infosiga SP, sistema do Governo do Estado gerenciado pelo programa Respeito à Vida e pelo Detran-SP. Na região de Ribeirão Preto a queda, segundo análise do Detran-SP, chegou a 48%. Em 2022, entre janeiro e julho, foram 25 óbitos decorrentes de acidentes de trânsito, contra 13 em 2023. 

Mas não há tanto o que comemorar. Afinal, se houve redução no número de mortes, por outro lado ocorreu um crescimento preocupante no número de acidentes sem óbitos. São os casos em que pode não ter registrado vítimas com ferimentos, mas também podem ter vítimas com ferimentos leves e graves, alguns dos quais podendo ter causado lesões permanentes nos envolvidos. 

Os acidentes implicam gastos elevados. Não somente entre os implicados, com sinistro dos veículos, como também na cadeia que gira em torno do socorro. Viaturas do Corpo de Bombeiros muitas vezes são acionadas para ajudar no resgate. Assim como unidades de resgate dos Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).  

Há ainda os gastos em hospitais, sejam públicos – para onde seguem a maioria dos feridos do trânsito – ou privados. Os casos em que são necessários fisioterapia e outros tratamentos para recuperar o ferido – além dos episódios em que ocorre amputação de algum membro e requer prótese ou outros procedimentos. 

Finalmente, há que se considerar o custo social. Muitas pessoas acidentadas acabam ficando sem condições de produzir, de executar suas atividades profissionais. Outras perdem emprego. E há os que acabam tendo que se aposentar por invalidez permanente, gerando também custos ao sistema previdenciário. 

Números alarmantes 

Segundo o Infosiga, em julho foram registrados 504 acidentes com vítimas, sem óbitos, em Ribeirão Preto. Em junho, o total foi de 473. Em 2023 já são 2.897 acidentes não fatais. Entre janeiro e julho de 2022, foram 2.262. Houve um aumento de 28% no total de acidentes na cidade. 

A média também é alta. A cidade registrou, em 2023, 14 acidentes por dia. No mesmo período de 2022, a média foi de 10.  

De acordo com estatísticas divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), de janeiro a julho deste ano os casos de lesão corporal em acidente de trânsito cresceram 24,5% em relação ao mesmo período do ano passado.  

Motociclistas 

Condutores e passageiros de motocicletas lideram os casos de morte no trânsito de Ribeirão Preto. Em 2023, foram 19 mortes em acidentes envolvendo motos. A maioria das mortes em vias urbanas da cidade.  

Dos 19 mortos, 16 acidentes aconteceram na área urbana e outros três casos foram registrados em rodovias que cortam o município. 

Pedestres 

Nove pessoas perderam a vida em atropelamentos, somente em 2023. Deste total, cinco casos ocorreram em rodovias.  

Outras nove vítimas em acidentes fatais estavam em automóveis, duas em caminhões, uma utilizava bicicleta e dois casos não foram especificados nos dados divulgados pelo Infosiga. 

Estatísticas 

De acordo com o órgão gerenciado pelo Detran-SP, 87,9% dos acidentes não fatais ocorreram nas vias municipais da cidade, enquanto 12,04% foram registrados nas rodovias. Estes índices referem-se ao período de janeiro a julho de 2023.  

Neste mesmo período, 53,38% dos óbitos decorrentes de acidentes de trânsito ocorreram nos hospitais, enquanto 42,86% das vítimas não resistiram, morrendo antes de serem socorridas e 4,76% das vítimas perderam suas vidas enquanto eram levadas a unidade de saúde e hospitais. 

Dos 42 mortos no trânsito em 2023, 27 morreram no mesmo dia, seis no dia seguinte ao acidente, sete perderam suas vidas uma semana depois e em dois casos o óbito ocorreu em até 30 dias. 

Outra constatação preocupante: os mais jovens estão entre os que mais morrem. A faixa etária entre 18 e 24 anos lidera o ranking, com 10 casos, seguida pela faixa de 35 a 39 anos, com sete casos.  

Os condutores são maioria entre as mortes, em 71,43% dos casos. Os pedestres são 21,43% das ocorrências e passageiros, seja de motos ou de veículos, são 4,76% das mortes.  

Em 57,14% dos casos, a morte ocorreu em uma via municipal. Já os acidentes em rodovias totalizaram 33,33% do total de óbitos. A maioria dos mortos no trânsito de Ribeirão Preto é de homens: 80,95%, enquanto as mulheres representam 19,05% dos óbitos. 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 90% dos acidentes ocorrem por falha humana. Outros 7% são resultado de falhas mecânicas. E só 3% por conta de erros de projeto, sinalização inadequada ou outros motivos.  

Apesar da redução significativa no número de mortes no trânsito, ainda é preciso contar com ações mais efetivas de conscientização, reciclagem de motoristas e campanhas mais abrangentes. Inclusive para também ver reduzidos os números de acidentes sem vítimas fatais. As vidas e a economia vão agradecer por isso. 

 Detran-SP atribui redução a campanhas educativas 

O órgão de trânsito divulgou análise sobre os números apurados pelo Infosiga: “O Governo de São Paulo, por meio da nova gestão do Detran-SP, vem promovendo desde fevereiro campanhas de comunicação com o intuito de conscientização para a diminuição de acidentes, seja no trânsito das cidades como nas estradas. No Carnaval, o mote adotado foi ‘Palavras mentem. Números, não’, para o slogan ‘Neste Carnaval, não dê desculpas. Se beber, nem pense em dirigir’. As peças demonstravam que não cabem desculpas esfarrapadas para justificar o injustificável, como a direção combinada ao álcool, pois ninguém está imune a tragédias.” 

Nas férias de julho, o Detran-SP adotou a campanha publicitária “No trânsito, dê férias para a morte”, na busca da conscientização de motoristas e passageiros que pegaram a estrada, para que respeitem as leis de trânsito e sejam mais gentis. A campanha foi veiculada em rádios, TV, por meio de peças em mobiliário urbano, como relógios e pontos de ônibus, além de placas em estradas com maior movimentação nas férias. Também foi feita distribuição de flyers com dicas de segurança em algumas das principais saídas para rodovias no Estado, com orientações sobre direção segura. 

No filme da campanha, a “morte” é apresentada em diversas situações de férias, enquanto diferentes condutores seguem para seus destinos de descanso respeitando as leis de trânsito. “Ou seja, só a observação da conduta segura à direção pode dar férias à morte no trânsito. As peças usam o humor para enfatizarem a importância de ações que podem parecer corriqueiras – como usar o cinto de segurança também no banco de trás, guardar o celular enquanto estiver dirigindo e evitar a soma de álcool e direção – mas que são condutas indispensáveis, especialmente nos períodos com maior movimento do ano, tanto nas estradas quanto nos municípios visitados por turistas”, conclui a análise. 

 

 

 

 

 

 

 

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